temas: Série Filosofia
Se a experiência humana é
comum,se não há ruptura e em
algum momento todos temos algo igual em cada individuo,em cada sujeito,existe algo
que une
Hitler e São Francisco de Assis e
pior:o que define a humanidade,são
os
termos de igualdade e não o
que diferencia um ser do outro.Em
última instância o que difere não acaba com os elementos de igualação em toda a experiência.
Quando Nietszche
fala no “ trans valorador”,aquele que tem valores próprios
esquece que esta experiência (dos valores)é comum.
Mesmo as figuras que
estão além da “manada” têm um pezinho lá.Nem adianta chamar em socorro o
tempo,alegando que muitos vivem o seu
tempo de forma separada dos demais,porque o tempo é
também uma experiência,ainda que Heidegger
diga que
não há(lógico) a experiência da morte;esta
não-experiência não funda a
diferença ,já que ex-nihilo nihil.É uma pretensão de
certos filósofos isto
tudo...Uma idealização.
Mesmo aquele homem
providencial só o é considerado dentro
de certo sistema (experiência)de valores
e é a
ele que deve o seu
reconhecimento,porque embora este homem alegue não dar importância,o faz falsamente,pois é
presa da vaidade de
sê-lo,sempre(sempre=experiência=tempo),até porque
afirma esta(sua)condição.
Tudo se complica
quando se aborda o problema do bem
e do mal,reduzido então a boa e má
consciência (para si,sem o outro).Se
a referência a si mesmo é experiência,como não falar numa medida transcendente de bem e mal?É fácil
criticar os modelos moralistas rígidos,impostos à “manada” pelos
poderes religiosos e laicos da História,mas a existência/experiência humana não pode ser senão uma construção,mais ou menos
consciente, de convivência.
Então a maioria que elegeu
Hitler guarda em si uma legitimidade
em relação a ele e às
suas ações porque a convivência/experiência coletivos é esta medida e os
valores transcendentes de bondade do santinho de Assis
estão perdidos para sempre.
Ocorre que mesmo
na construção da convivência(maioria),na reunião das vontades(Rousseau)critérios prévios(transcendentes)existem e querem ser reconhecidos como algo que
os governe dali por
diante.
Não tem sentido construir
uma coletividade(manada?)para oprimir
a si mesma,ou para que se forme dentro dela outra,para
oprimir parte dela.
Na construção
permanente da experiência coletiva humana(manada?)os critérios
transcendentes,que a confirmam,estão presentes,expostos ou não.Confirmam porque
são a origem e o sentido
desta construção,mas como
referenciais específicos eles
padecem de uma suposta e aparente fragilidade,diante do bem e do mal,enquanto valores,pois o que é bom para um sistema pode não ser para
outro.
O critério possível,fundante para os valores
transcendentes,está fora deles e
se expressa na atitude diferente de Hitler e São Francisco:um joga uma criança no forno crematório e o outro se compadece,dá
água e ajuda.
No limite entre o imanente(a
dor) e o transcendente encontramos este
fundamento dos valores,não axiológico.