terça-feira, 9 de agosto de 2016

Meu encontro com Marx e Freud VIII




Existe uma pedagogia e um axiologia na psicanálise



Umas das razões pelas quais,depois de um prolongado amuo em relação a Freud ,eu retornei a ele ,foi o fato de que ,apesar de como médico,ele se ater no “ trato” patológico ,na mediação do pathos,nunca deixou de ,ao menos ,no inicio,fazer as perguntas sócio-psicológicas  e axiológicas necessárias ,no contexto das quais surgiam as doenças.
Isto se vê claramente na “ Psicopatologia da vida Cotidiana”,em que procura(junto com Breuer)as razões desencadeadoras,no dia-a-dia ,para os problemas psicológicos dos pacientes .
E mais do que isto ,Freud demonstrou coragem e isto é prova do que eu estou dizendo,quando dava a devida importância na questão axiológica e pedagógica,na medida em que não extraiu um  modelo que fosse mais importante  do que o paciente.O paciente é a célula-máter do processo psicanalítico de “ cura”,no sentido psicanalítico que esta palavra tem.
Muito se acusou(principalmente da parte dos junguianos)Freud de comungar de práticas mais afeitas à tradicional psiquiatria:havendo desvio,interne-se,mas Freud nunca colocou esta como solução inevitável ou única.
Ele mesmo procurava superar as barreiras da atividade terapêutica,pondo-se,como um leitor do paciente,na posição do paciente,de modo a compreendê-lo melhor e assumindo inclusive,com este fim, o seu sofrimento patológico.Dir-se-ia que poderíamos fazer uma relação entre Freud e Heidegger,quando este último afirma que o homem é “ lisível ”,não legível,mas “ lisivel”,podendo ser lido,como um livro,assunto para um outro artigo.
As mulheres o acusam de machismo,claramente por causa da “ inveja do pênis “,mas o desvelamento das causas sexuais da histeria e dos suicídios histéricos ,abriu caminho para um discurso feminista libertador,na medida em que as razões morais para a  repressão da mulher foram desmoralizadas.
Contudo nas clinicas só o trato patológico é visto,como algo,inclusive,objetivo e isto favorece a norma ética do terapeuta de não se imiscuir na vida do paciente,o quê por outro lado o enfraquece(pela covardia)ao se  recusar a atacar um problema pedagógico ou axiológico,que é de fato a causa de certas doenças.
No caso de não se imiscuir no problema da opção sexual já Freud dera demonstração da falta de preocupação com o modelo,com a famosa carta de 1922,que eu analisarei aqui proximamente ,que facilita o “ murilismo” dos psicólogos em não tentar defini-la.
Mas em outros aspectos,o terapeuta precisava lutar para obter apoio de várias instituições  para identificar estas causas pedagógicas e axiológicas na vida social e realizar a  famosa profilaxia,como,respectivamente,aconteceria,nos casos de castigos físicos em crianças ou pedofilia.
Em vez  disto o discurso de poder passa por cima de tudo isto,inclusive com a ajuda da religião,que torna a terapeuta infensa às práticas citadas por parte de uma mãe ,só porque ela tem analogia com símbolos religiosos precisos e que devem ser tidos como intocáveis.
Estou falando sim da religião católica,que manipula  a figura da mãe,principalmente idosa.O terapeuta ataca  a patologia do menino ou menina,mas procura de todo meio não  tocar na responsabilidade(pedagógica e  axiológica)da mãe.