Existe uma pedagogia e um axiologia na psicanálise
Umas das razões pelas quais,depois de um prolongado amuo em
relação a Freud ,eu retornei a ele ,foi o fato de que ,apesar de como
médico,ele se ater no “ trato” patológico ,na mediação do pathos,nunca deixou
de ,ao menos ,no inicio,fazer as perguntas sócio-psicológicas e axiológicas necessárias ,no contexto das
quais surgiam as doenças.
Isto se vê claramente na “ Psicopatologia da vida Cotidiana”,em
que procura(junto com Breuer)as razões desencadeadoras,no dia-a-dia ,para os
problemas psicológicos dos pacientes .
E mais do que isto ,Freud demonstrou coragem e isto é prova
do que eu estou dizendo,quando dava a devida importância na questão axiológica
e pedagógica,na medida em que não extraiu um
modelo que fosse mais importante do que o paciente.O paciente é a célula-máter
do processo psicanalítico de “ cura”,no sentido psicanalítico que esta palavra
tem.
Muito se acusou(principalmente da parte dos junguianos)Freud de
comungar de práticas mais afeitas à tradicional psiquiatria:havendo
desvio,interne-se,mas Freud nunca colocou esta como solução inevitável ou
única.
Ele mesmo procurava superar as barreiras da atividade
terapêutica,pondo-se,como um leitor do paciente,na posição do paciente,de modo
a compreendê-lo melhor e assumindo inclusive,com este fim, o seu sofrimento
patológico.Dir-se-ia que poderíamos fazer uma relação entre Freud e Heidegger,quando
este último afirma que o homem é “ lisível ”,não legível,mas “ lisivel”,podendo
ser lido,como um livro,assunto para um outro artigo.
As mulheres o acusam de machismo,claramente por causa da “
inveja do pênis “,mas o desvelamento das causas sexuais da histeria e dos suicídios
histéricos ,abriu caminho para um discurso feminista libertador,na medida em
que as razões morais para a repressão da
mulher foram desmoralizadas.
Contudo nas clinicas só o trato patológico é visto,como
algo,inclusive,objetivo e isto favorece a norma ética do terapeuta de não se imiscuir
na vida do paciente,o quê por outro lado o enfraquece(pela covardia)ao se recusar a atacar um problema pedagógico ou
axiológico,que é de fato a causa de certas doenças.
No caso de não se imiscuir no problema da opção sexual já
Freud dera demonstração da falta de preocupação com o modelo,com a famosa carta
de 1922,que eu analisarei aqui proximamente ,que facilita o “ murilismo” dos
psicólogos em não tentar defini-la.
Mas em outros aspectos,o terapeuta precisava lutar para obter
apoio de várias instituições para
identificar estas causas pedagógicas e axiológicas na vida social e realizar a famosa
profilaxia,como,respectivamente,aconteceria,nos casos de castigos físicos em
crianças ou pedofilia.
Em vez disto o
discurso de poder passa por cima de tudo isto,inclusive com a ajuda da religião,que
torna a terapeuta infensa às práticas citadas por parte de uma mãe ,só porque
ela tem analogia com símbolos religiosos precisos e que devem ser tidos como
intocáveis.
Estou falando sim da religião católica,que manipula a figura da mãe,principalmente idosa.O
terapeuta ataca a patologia do menino ou
menina,mas procura de todo meio não tocar na responsabilidade(pedagógica e axiológica)da mãe.