sábado, 28 de dezembro de 2024

Planck Einstein e Boltzmann

 

Em seu documentário e  livro “A escalada do homem” ,Bronowsky afirmava ser primazia de Boltzmann a criação da teoria quântica.

Abraham pais ,em seu “sutil é o senhor”,afirmava que não foi assim,porque em 1900 Max Planck apresentou  esta equação abaixo:

p(densidade)(v,T[Temperatura])=8pihv(radiação)ao cubo/c3(velocidade da luz)x 1/exp(hv/kt)- 1`

 

Que é o inicio ,para ele, da teoria quântica .

No tumulo de Boltzmann existe esta equação,tida como o inicio da teoria quântica:

S=k(constante descoberta dele mesmo)logW

 

 

Mas a verdadeira  é a de planck.

A discussão sobre a trajetória de Einstein e a da teoria quântica se resume nestas duas equações,a de Einstein,conhecida e esta

E=hv-P

E=mc2

Onde h é a constante Planck v(6,626 070 15 x 1- -34 J.s) h=6,626 070 15×10−34 Js h=6,626 070 15×10−34 Jsc velocidade da luz e P é... densidade.(Arquimedes).

A energia de um fóton(identificado por Einstein)é E=h.v onde v não é só a velocidade da luz,mas  frequência da radiação .

A primeira  equação é a de um corpo escuro,dentro do espectro da luz.Porque ele é importante?porque antes de tudo se admitia que só aquilo que tinha uma cor ou uma luz podia irradiar,mas o corpo que não que não tem luz irradia também,sendo a radiação uma propriedade da matéria.

Einstein e  a teoria quântica estão sempre lado a lado:

Enquanto a energia é vista por Einstein na sua relação com a  matéria,os físicos quânticos vêem uma sua variabilidade que não está presente na sua equação famosa.

No lugar da massa na equação de Einstein está a equação de Planck,que demonstra que o “ conceito” de massa é mais complexo.

A equação inicial de Planck,que mostramos,expressa o equilíbrio térmico(da massa)T(levando em conta a constante de Planck ou de Boltzmann ,k,e velocidade v da luz)expressando a densidade p do corpo negro,escuro.

A radiação está pari passu  ao lado da velocidade da luz.Mas “ embarreirada” por estes elementos que estão aí,que tornam o conceito de massa algo mais complexo.

Boltzmann afirmou por esta equação já uma realidade quântica:

S=k(constante descoberta dele mesmo)logW

O próximo artigo começaremos daqui.

 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Nas partículas também há massa

 

Eu tinha me esquecido,perdido nestes meus estudos epistemológicos,que nas partículas “ sub-atômicas”(um termo discutível[inscritos nos átomos])também há massa e que todo o processo de transformação massa(quarta dimensão)/energia (e vice-versa) se dá dentro destas partículas.

Embora,a  partir de Feyerabend,não haja “lugar”,porque tudo o que existe se movimenta,se movimentou e se movimentará,as partes da massa do universo que se movimentam e constituem uma quarta dimensão podem ser quantificadas e qualificadas.Como?

Se tudo está interligado,como identificar qualitativamente estas partes?Pelo seu  modo de manifestação e por suas características físicas.

Os planetas são parte deste universo.Demócrito intuiu esta verdade quando se referiu a vários tipos de átomos,supostamente adaptados a determinadas funções.

Mas era fácil intuir diante da diversidade universal,que já se apresentava aos antigos.Por aí se vê que muitas vezes ,o pensamento,a filosofia , se encontram com os mais apurados e complexos cálculos físicos e matemáticos.

Assim como há uma intersecção entre movimento e a massa ou mais especificamente o movimento é potencial na massa,há outra entre o pensamento e a atividade cientifica propriamente dita;entre a filosofia e a ciência.

Não que a primeira substitua a segunda(e vice-versa),mas ambas se orientam.

Ou melhor a filosofia orienta a ciência.

domingo, 22 de dezembro de 2024

O fim da dialética III

 

Aristóteles

Outro argumento

Prévio esclarecimento sobre o artigo que tem a ver com o atual:se eu não estabeleço uma base final para designar o homem ,se eu  disser homem e não-homem eu terei que escolher um deles ,os dois não é possível juntar.

No argumento aristotélico anterior,constante da metafísica ,dito de “refutação”,ele apresenta uma situação semelhante a esta,mas não igual e prova que se uma discussão enveredasse pela dialética,pelo principio da contradição,não se constituiria ele mesmo ,isto é, o discurso .

Este argumentação é o da refutação.Com efeito se um adversário num debate dissesse que a palavra homem tem muitos significados nós poderíamos dizer que não tem nenhum.Porque toda esta pletora acabar por diluir o significado essencial do que é ser ,igualando todos os termos atribuídos e atribuíveis ao homem.

Aristóteles se preocupa com a verdade essencial do Ser,por isso não tem uma de natureza axiológica,mas deixou a base para esta associação e a  axiologia,que começa a nascer,aos poucos,em direção à modernidade:o homem pode ser definido por “o único que ri”; “ homem é o único que sabe que vai morrer um dia”; “o homem é o único que faz sexo de frente com o parceiro(a)”.

Todos estes atributos derivam da razão:uns são pura escolha,outros são psicológicos(abordados pela ciência).O “homem é o único animal que escreve”.

Nós poderíamos,no entanto,escolher uma destas definições aleatoriamente e ser verdade em relação ao homem.É uma interpretação?Não,mas é uma escolha eventual nomeá-lo a partir de uma destas características.

A dialética iguala os termos atribuídos ao homem,tornando-o incompreensível,indefinível.Se pegarmos estas frases elas definem e não ao homem,porque qualquer uma serve,mas não exclui as outras.

A busca da verdade ,embora não axiológica,impõe também uma hierarquia de conceitos ,que é entre a verdade essencial do ser e seus atributos próprios.

Quando a dialética iguala o ser e o não ser desbarata este principio da verdade.


sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

O fim da dialética II

 

Aristóteles

Primeiro argumento

Aristóteles é o grande defensor parmenídico do principio do terceiro excluído.Especialmente na sua Metafisica(que devia se chamar “ Ontologia”)ele dá os seus argumentos para criticar         a           contradição,a maior inimiga  da identidade,A=A.

Na dialética A se define pelo seu contrário -A.Mas na identidade A=A.

E quais os argumentos que Aristóteles usa para prová-lo?O argumento de que vou tratar aqui é bem interessante:se não houvesse,diz Aristóteles,uma base para definir o que é uma coisa ;se fossemos definindo  ad infinitum ,não haveria como construir  um discurso e explicar o real:não haveria um principio que é o fundamento de todo logos racional explicativo,que é o escopo de Aristóteles no capitulo que trata dos princípios.

O exemplo dado por ele é o da definição do homem como ser racional.Se usarmos  outras definições,no mesmo patamar desta,não será possível investigar o que o objeto é,o que é o Ser ,o “seu” Ser.

Se partirmos deste princípio básico,não pode haver outro,contraditório,porque senão cairíamos no mesmo problema.

Assim é uma das refutações da Dialética em Aristóteles.

Os intelectuais ,capazes de fazer reflexões infinitas às vezes se perdem neste emaranhado e buscam na dialética uma forma ilegítima de saber,mas que o desbarata no final.

Duns Scot ,o “ Doutor Sutil”é deste modo,mas o que o unifica é o transcendente divino,a teologia.

Walter Benjamim,que usa a dialética como marxista que era,só se mantém pela luta social,pelos oprimidos,pela utopia,porque pela dialética,se não encontrasse outro termo básico,seu pensamento se desvaneceria.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

O fim da dialética

 

Chegou o momento de expor as razões pelas quais a dialética hegeliano/marxista sempre foi uma ilusão.Venho falando sobre isto há anos,mas este artigo é fundamental porque eu trabalho com aquele filósofo e epistemólogo que cravou no peito do vampiro da razão,a estaca mortal:Popper.

Eu vou relembrar as duas primeiras razões contra a  dialética:a minha própria,levando em conta o papel do acaso;a de Aristóteles e a de...Popper.

Quando eu falo em acaso é porque na concepção de Hegel o acaso só s e define no processo dialético do causal.O oposto do casual é o causal.O acaso e aí é que reside a fraqueza da dialética hegeliana (e marxista):o casual só se define por ele mesmo,porque se assim não for já não o é,mas parte deste processo.

A dialética do finito e do infinito parece justificar a sua realidade,a sua veracidade.Mas a do causal e casual é visivelmente uma grande besteira.

Custa a crer que um filósofo de grande categoria como Hegel caísse nesta esparrela(e um pensador como Marx também),mas é sabido hoje que o primeiro tem coisas sublimes e geniais,mas em outros momentos é um verdadeiro charlatão(e Marx é profundamente datado no século XIX).

Mas é o furor de explicar,de não deixar lacuna nenhuma na compreensão do mundo que conduz a este quiproquó.

Se Kant tivesse sido estudado mais acuradamente ficaria claro,antes mesmo do principio da indeterminação de Heisenberg ,que não se conhece tudo,de plano,de pronto,para sempre e que,portanto,o casual ,em suas múltiplas manifestações pode ser algo a  não ser conhecido ou conhecido depois,numa escala de tempo,já que o homem está no tempo.

Existem certos saberes que ainda não temos e podemos ficar s em saber,como a linguagem dos maias.Se nós olharmos para o mundo abissal esta verdade ,quiçá definitiva ,se apresenta o tempo todo.

Então o casual é casual mesmo,não necessariamente relacionado com o causal.

sábado, 14 de dezembro de 2024

Os três tratados Do entendimento humano

 

                                       II

Os tratados do entendimento humano são analisados por mim fundamentalmente para mostrar as incongruências do empirismo.

Principalmente aquele que confunde  a experiência com a experimentação científica.

É um pouco bizantina a  discussão que pus no artigo anterior,exceto pelo fato de que há uma predisposição mental para perceber e se relacionar com o que é experimentado pela subjetividade.

MAS TUDO PASSA PELOS SENTIDOS.

Contudo a visão empírica de Locke tomou um rumo distorcido no senso-comum,que criou certas monstruosidades.

Se a prova do pudim está em comê-lo for uma regra universal a prova da morte é morrer?A prova de um choque mortal é tomá-lo?

O empirismo não é universal.Ele permeia toda a atividade humana ,mas é um principio imediatista ,localizado ,mediatizado por muitos e variados elementos particulares.

É impossível construir uma universalidade com o empirismo e  é por isto que muitos  afirmam que o pensamento é filosófico e a empiria, científica.Certa vez eu tive uma discussão porque tentei mostrar que o pensamento é mediata e imediatamente experiência também e o mesmo vale para o saber empírico e  prático:ele é uma forma  de pensar e fundamenta o pensamento mediata e imediatamente.

No entanto,depois de muitos anos,eu reconheço que o pensamento é uma coisa e a empiria outra.Admito que há algo mais.

Volto ao tema depois.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Os comunistas e o principio do não

 

Uma das coisas fundamentais na formação do homem,é quando criança ,recebe o primeiro(de muitos)não.

Nesta altura a sua formação começa ,bem como sua socialização e tal sobrevém porque não há nenhuma explicação exigível.

É lógico que quanto mais a criança se torna adulta ou vai nesta direção, a explicação surge como algo inescusável.

Porém ,num determinado tempo o ato de explicar não contribui para o crescimento,porque é a questão do limite,que tem que ser transmitida para o pequeno.

As formas de fazer esta transmissão podem ter consequencias traumáticas,mas se o limite for entendido como tal permanecerá sempre como componente  saudável de formação.

Nós sabemos que ao longo da história correntes de pensamento dogmáticas ordinariamente se negaram a ouvir um não e regularmente há uma explicação para esta falta de audição.De consideração do outro.

Se alguém é definido como explorado ,mas nega o comunismo,este o obriga a se “ libertar”,porque a sua condição objetiva nada tem a ver com o seu direito de escolha.

Em termos concretos isto,admito,é absurdo.O que eu quero dizer é que não há humanização se o não não for reputado como mais importante do que as melhores intenções de qualquer movimento.

Isto porque se um comunista tira as cadeias de alguém oprimido,tal não tem a ver com a ideologia,porém com a humanidade e quando os comunistas,como qualquer movimento, estabelecem um compromisso imposto ao libertado de reconhecimento,este não funda nenhuma obrigação.

É o que Kant diz:a vontade incondicionada,ou seja,movida pelo dever é que impede o relativismo,principalmente nas suas manifestações distorcidas.

 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Nelson Rodrigues E Chaplin

 

No passado nós vemos sempre as máscaras representativas da comédia e da tragédia separados por uma expressão de riso e de choro,respectivamente.

Como sabemos ,contra todas as expectativas, Chaplin uniu estas duas coisas no seu personagem ,às vezes alegre e às vezes triste.

É claro que estes momentos não estão igualados:Chaplin não existiria,bem como esta sua proposta,se não fosse o riso.Há uma hierarquia  e uma axiologia favorecendo o riso,mas... o papel do choro é para fazer do riso algo mais do que ele é.

Este modus operandi de Chaplin opõe duas atividades,considerando esta premissa.

Contudo formas de realizar esta intersecção riso/choro não se resumem a esta oposição(dir-se-ia dialética)chapliniana,mas apresentam variações.

A forma chapliniana é repetida por Quentin Tarantino no seu filme Django Livre,principalmente na sequencia da ku klux klan,mas em Nelson Rodrigues é um pouco diferente.

Porque em meio às “ tragédias”,o riso as perpassa.O tempo todo.

É lógico igualmente que o riso é a essência do trabalho de Nelson,havendo,no entanto,uma paridade maior entre tragédia e comédia.

Diante destas análises e constatações não há como negar que Nelson e Chaplin estão interligados e que  o riso ocupa função idêntica àquela do inglês:o riso pode ser tudo,até engraçado.

No caso de Nelson isto implica numa outra afirmação:Nelson não é um autor de tragédias,mas de comédias gramáticas e/ou farsa,como uma vez pontuou o professor de filosofia Gerd Bornheim.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

A análise da literatura épica

 

Uma vez eu comprei uma coleção de teatro nas bancas de jornais  e lá no final havia um posfácio de Flavio Rangel intitulado “Édipo:uma espelho de muitas imagens”,onde ele mostra as camadas de significados contidas na obra universal de Sófocles.

As obras universais o são por causa deste espelho.Poderiamos usar camadas ,como Freud gostava ou como fazem os arqueólogos,mas de verdade existe uma base e interpretações e significados possíveis.


É de bom alvitre analisar estas obras e a literatura e a arte em  geral desta maneira.E é o que eu pretendo fazer com esta área de minhas investigações.

Assim eu  retomo os meus trabalhos que começaram naquele longínquo dia dos anos setenta,em que encontrei este maravilhoso texto de Flavio Rangel.

Naturalmente eu usarei outros métodos de abordagem,mas na prática esta visão arqueológica facilitará a compreensão dessa teia complexa de relações e problemas.



Tomemos o exemplo de Rei Lear:o básico nele é que o Velho ensina o mal às filhas e é atingido por este mal na velhice.

Então um quadro geral de interpretação e  significado seria este:

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Uma tese Sobre Shakespeare

 

Certa feita eu quis fazer uma pergunta sobre Shakespeare,à crítica Barbara Heliodora:eu observara que todos os grandes criadores do renascimento eram republicanos e por isso a maioria deles viveu e trabalhou em Florença,a única República  em meio a uma esmagadora maioria de principados e monarquias.

O milagre de sobrevivência desta “republiqueta” italiana não foi só pelas atitudes politicas de Cosimo de Medici,mas porque a arte,os criadores eram intocáveis:tocar nestas realizações era um fardo infinito para quem o fizesse.

Mas o que atraia estes realizadores é que sendo eles figuras superiores,inteligências superiores, não se davam bem com a  tutela inevitável dos principados e monarquias.

Eu penso que ao longo das tragédias de Shakespeare,Macbeth,Rei Lear,Hamlet,Ricardo III e Julio Cesar,há uma discussão sobre a legitimidade do poder.

Embora o tema principal nem sempre o seja,perpassa nestas peças o problema:Macbeth instigado por uma esposa ambiciosa(ao nível da morbidez);o desejo ilegítimo de ditadura em Julio Cesar;o golpe dado por Ricardo III;falta de legitimidade de Rei Lear no exercício do poder ao longo da vida;Hamlet que sofre pela necessidade de vingar o pai ,atacando um rei...ilegitimo.

E toda esta ilegitimidade parece encontrar na república a forma ideal de exercício do poder:eu depreendo-o dos elogios que Shakespeare faz a Brutus,o único ,segundo ele,que matou César(seu pai)por convicção e não por inveja.

A inveja dos outros é a continuidade do império e da ditadura,mas a convicção de Brutus justifica,diante da justiça,da politica e da História,o seu parricídio.

 

sábado, 7 de dezembro de 2024

O meu projeto estrutura.

 

Aqueles que acompanham o meu trabalho têm notícia de meu projeto estrutura ,que extraí,como proposta,das minhas leituras do Capital de Marx.

As dificuldades enfrentadas por mim ,me levaram a pensar numa forma de compreender melhor este livro e outros que tais.

Ao invés de colocar as notas explicativas e chavinhas no rodapé,obrigando o leitor a ir e voltar,resolvi colocar nas entrelinhas.

Já dei um exemplo aqui. Mas este método é um laboratório d e muitas possibilidades que derivam de erros também.O exemplo que eu pus não serviu senão para trazer novas idéias a serem discutidas.O escopo,no entanto,de memorização não foi bem sucedido.

Então,a partir desta constatação ,só ficou da primeira experiência um laboratório para novas idéias.

Mas para garantir a questão da memória,da memória imediata,pretendo qualificar estas chavinhas ,de modo que o leitor guarde de plano,segundo a sua capacidade ,a memória essencial,que lhe permita ter compreensão permanente do que leu.

Vou aprofundar proximamente isto aí.Por agora o que devo dizer é o que significa este meu projeto e como pretendo criar novos caminhos para ele.

É um projeto de explicação de problemas complexos,postos diante do professor,o qual deve simplificar sem vulgarizar e muito menos perder elementos fundamentais daquilo que se explica.

E os seus caminhos se ligam a esta premissa:como memorizar de plano;como criar possibilidades novas de idéias novas;como dispor os elementos de notas de modo a fazerem sentido.

Mas o mais importante é superar pedagogicamente o problema do analfabetismo funcional,mostrando o que é decisivo neste objetivo:ler não só a linha ,mas e preeminentemente, a entrelinha.

Naturalmente que outras idéias vão aparecer.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

A Revolução dos imbecis

 

Nelson Rodrigues

Tem muita gente que não entende bem este conceito de Nelson Rodrigues.Nelson era um legatário da direita fundamental e histórica,que nasceu obviamente pari passu à revolução francesa.

Esta direita eu sempre respeitei.Quando ele fala que “ toda unanimidade é burra” está reinterpretando um conceito de Xavier de Maistre,para quem as revoluções não são capazes de representar o mundo todo.

Outro prócer da direita, De Bonald ,aprofundou esta assertiva,mas no sentido de que a pessoa que entra no processo revolucionário se sente por causa disto um herói perfeito,sendo dispensado do esforço e da busca do mérito.

O que Nelson acrescenta é  a partir desta discussão sobre o mérito e como este critério se tornou dominante em nosso mundo,não só atinente às revoluções de esquerda,mas ao mass media em que vivemos há mais ou menos 100 anos.

O fato politico desencadeador deste conceito de Nelson, “ Revolução dos Imbecis” foi a  revolução russa e as revoluções de esquerda em geral.Talvez a Revolução Cubana impressionara Nelson(negativamente).

Quando estas espoucam toda pessoa aderente a ela,se torna meritória e neste contexto,mesmo aquele que não possui qualidade nenhuma,vai na cauda do cometa.

Só que tal verdade não é própria só da esquerda,mas do mundo e do tempo em que vivemos,porque todo mundo quer estar bem com esta maioria pseudo-qualificada.

Se na esquerda o culto à personalidade consagra o imbecil,no ocidente a valorização da derriere feminina,em detrimento do “ paciente mérito”,cumpre o mesmo papel.

É como se Michelangelo ou Leonardo da Vinci tivessem que submeter as suas artes sublimes a estas exigências populares e populistas para serem reconhecidos.

Não tem nada a ver com quantidade como alguém em rádio disse.


Resumo do capital

 

Tinha a intenção de elaborar uma forma de explicação do Capital,em seu volume principal e único,que é o Volume I.Mas  lendo a biografia de Marx,de Gareth Jones, encontrei este diagrama ,que me descortinou uma imensa facilitação do trabalho a que eu me propunha.

 

Como  se vê são os capítulos de O Capital e a sua explicação inter-relacionada.

Os dois últimos capítulos tratam do problema da gênese do Capital,na História.Mas há que entender que esta  Gênese permanece no processo constante de desenvolvimento do capitalismo.

Marx aborda com uma estrutura explicativa o seu objeto.Aparentemente esta estrutura é extática,meta-temporal e meta-histórica,mas é só um modo de explicar as determinações dialéticas utilizadas por Marx,porque o movimento é permanente.

Os modos de organizar este movimento são referenciais para compreensão de todo o processo.

Assiste razão  a Althusser em dizer que “o marxismo não é um historicismo”,nem,digo eu,uma disciplina descritiva,mas um método complexo de observação do real,especialmente econômico.

Tem que se entender que tanto o método como a realidade mesma do capitalismo estão envolvidos numa dialética(negativa),sem rupturas,sendo este um dos seus aspectos mais polêmicos.

O que me chamou a atenção em Gareth Jones e sua perspicácia,foi colocar um centro claro no tabuleiro da explicação do Capital e do capitalismo.

Os  capítulos que constituem este centro são os que tratam da mais-valia relativa e absoluta,a sua produção.

Mas também avulta em importância e dentro do que falamos acima sobre o movimento ,a questão de saber como o capital ,na sua forma antiga,mercadológica,se transformou em capital no sentido capitalista moderno.os dois primeiros se referem a isto e este foi um dos problemas da feitura de o capital.

Mas o ponto nodal que facilita a explicação de Gareth Jones é a contraposição entre trabalho vivo e trabalho morto.

A definição de cada um destes itens é a seguinte:

trabalho morto é o trabalho vivo que se acumula na forma de produção de bens de capital. Brevemente, segundo Marx, trabalho vivo é o que o homem pratica quando se envolve na transformação da natureza em seu benefício. ... O trabalho morto é o trabalho vivo que se acumula na forma de produção de bens de capital.

O que é o trabalho vivo?

[O trabalho vivo é o] ato que se passa entre o homem e a natureza. Nele, o próprio homem desempenha, diante da natureza, o papel de uma força natural. As forças de que seu corpo é dotado, braços e pernas, cabeça e mãos, ele as põe em movimento, a fim de assimilar matérias, dando-lhes uma forma útil à sua vida.

trabalho vivo em ato nos ajuda a olhar para duas dimensões: uma, é a da atividade como construtora de produtos, de sua realização através da produção de bens, de diferentes tipos, e que está ligada à realização de uma finalidade para o produto (para que ele serve, que necessidade satisfaz, que ‘valor de uso’ ele possui.

Então o eixo central da compreensão de O Capital é esta dicotomia.Aliás toda a sua compreensão se dá por dicotomias:tempo/modo;estrutura explicativa/dinamis permanente do capital;trabalho/trabalho vivo/trabalho morto;departamento I(capital variável[mais-valia]{bens de salário ou de consumo})/departamento II(capital constante[máquinas,bens de capital]).

O trabalho vivo é o que produz mais-valia e que é responsável pelo consumo,através do salário;é o capital variável(v),enquanto que o morto é o constante(c),o que se constituiu como máquinas e instrumentos para a produção.

A discussão é o desenvolvimento histórico de todos estes itens e o modo de funcionamento do capitalismo.

Foi um problema para Marx mostrar como juntar estas duas mediações:a imediata,do capitalismo hoje e o seu desenvolvimento histórico,que permanece na dinamis atual,mas é passado(acumulado[acumulação]).

Assim,o processo de formação do capitalismo começa nos interstícios do feudalismo,quando pessoas que acumulam um certa renda dinamizam um comércio cada vez maior.

A primeira fase do capitalismo ,como aprendemos na escola,é o comercial,que é o ápice do processo de troca mercadológica ,que se iniciou no seio do senhorio e feudalidade,mas no interior deste novo modo de produção ,o capitalismo como nós conhecemos,a se chamar de industrial ,vai se reforçando ,como a serpente no ovo.

É aí que Marx apresenta os esquemas famosos e que juntam o passado e o presente do capitalismo(e o futuro?):

M=M troca simples.

M=D=M troca comercial.

D=M=D ampliação da troca comercial.

D=M=D’ troca capitalista.D’ é extraído para uma poupança do capitalista,para investimento e reinvestimento.Ele extrai esta mais-valia para satisfazer as suas necessidades(reprodução simples).

Neste passo existe a distinção também  importante que são a  reprodução simples do capital e a ampliada.

Entendemos, pois, como reprodução simples capitalista, a reprodução em que o capitalista emprega toda a mais-valia arrancada da exploração dos seus operários para satisfazer suas necessidades.

Mas num determinado momento o capitalista não usa esta mais -valia e a  separa para reintroduzi-la no processo capitalista.

1.   Há reprodução capitalista ampliada ou acumulação do capital quando o capitalista, não consumindo toda a mais-valia de que se apropria, consagra parte da mesma à produção e a transforma em capital complementar.

2.   O crescimento do capital e o aumento da produção da mais-valia são os resultados da acumulação do capital.

Este processo ampliado são o resultado da acumulação(histórica)do Capital.E é sua reprodução.

Diante desta estrutura básica nos podemos entender como funciona o capitalismo,tanto no seu movimento atual ou permanente,como na sua história pregressa,de formação e estabelecimento.

De qualquer modo e de acordo com os conhecimentos que temos hoje,a questão do capitalismo s e apresenta em Marx como as razões pelas quais as crises inevitáveis levarão ao fim deste modo-de-produção e aí nós temos muitas perguntas a responder:Marx estava certo?A mais-valia permanece como ele definiu?A questão econômica é suficiente  para levar à utopia?A revolução é a única forma de chegar lá?

Falava-se no tempo numa revolução econômica .Mas tudo isto são discussões que precisam ser baseadas na compreensão da dinamis do capitalismo.

O processo todo se resume no diagrama e nos seus interstícios nós podemos entender como funciona:

No momento em que se dá a acumulação primitiva  nós temos D=D´,a reprodução ampliada do capital que se mantém no processo de exploração da mais-valia e reproduz a acumulação através de seus métodos ,apontados por Marx.

No processo de desenvolvimento do capitalismo,no seu núcleo central nós temos a composição orgânica do capital que se faz pela conexão entre o capital variável(onde está a mais valia e os salários[departamento I]) e o capital constante(departamento dois)o maquinário e as condições extáticas para o capitalismo atuar.

O trabalho vivo está no departamento I e o morto no II,bem como os bens de salário(consumo) e os bens de capital.

Ao longo da história nós vemos como este processo se deu:os estados/nação foram feitos com o sacrifício do departamento I em favor do II,porque as burguesias aliadas aos reis municiaram o estado de mecanismos  de unificação da administração do território e “ obrigaram” população  a se adaptar a este novo conceito,chamado de nação.

E até aos dias de hoje este mecanismo predomina,mas eu não vou falar disto agora.

O que interessa é usar os diagramas supra-citados para resumir o capital de Marx e o capitalismo,apresentando o meu diagrama e a minha explicação.

 

 



domingo, 1 de dezembro de 2024

Porque falo tanto em Utopia

 

Porque me filio ao pensamento de Marcuse  que pontificou no final dos anos 50 que a propositura, ir do socialismo utópico ao científico(Engels)tinha fracassado na URSS e que agora era ir do acabado “ socialismo científico”(se existiu um)para formas várias de utopia.

Na verdade tanto o conceito de comunismo quanto o d e utopia(obviamente)são polissêmicos e não absolutamente previsíveis.

Um comunismo que crie um tempo livre ,como eu pontuei no artigo anterior ,pode ter um viés religioso,mas também incorporar  ou manter  algo do passado ,como empresas privadas e dinheiro.

Desde o surgimento do comunismo e do socialismo modernos a pluralidade de modelos está sempre presente.A Revolução Russa,se portando como única via da utopia ,escondeu este fato ,que está desde o nascedouro.

Existem diversos socialismos e comunismos,no âmbito da teoria e no da sociedade mesmo,porque várias religiões preconizam formas de comunismo,como eu tenho narrado aqui.

Em “Três fontes do comunismo” Lênin apontou:a politica francesa,a economia inglesa e a filosofia dialética alemã.Não obstante convergirem ,cada uma delas divisa um caminho possível de realização da utopia:pela politica,com mais ou menos liberdade,por uma nova forma de economia,favorável a todos e por uma filosofia,mais fechada ou mais livre.

E hoje,na China,a divisão entre um sistema socialista e outro capitalista reconhece as diversas legitimidades envoltas no problema da utopia:a liberdade individual,desigualitária  e o igualitarismo coletivista(de sempre).

Uma nova forma virá consagrando estes dois direitos?Ser individual e coletivo ,sem anátema?

O que é realmente comunismo V

 

Lembrando de nosso ultimo artigo  sobre este tema,cito novamente a peça de Nelson Rodrigues, “Vestido de Noiva” em que um dos personagens afirma: “meu pai montou uma indústria que funciona direitinho ,o que me permite me dedicar ,pela ordem, às mulheres,ao chope e à sinuca”.(existe uma direita anti-burguesa).

A idéia principal do comunismo de Marx é que todos os homens possam ter este tempo livre.

A coisa mais odiosa de todos os modos de produção,falando existencialmente ,é que uns se esfalfam de trabalhar,enquanto outros não fazem nada.

A intenção é que todos trabalhem de modo a produzir afluentemente ,para que a distribuição permanente seja para todos  e sempre e que diminuído este tempo de trabalho sobre tempo livre para que todos usufruam da vida.

A discussão 6x1(bem como as discussões em alguns países sobre a semana de trabalho) ,surgida da necessidade de a esquerda reagir ao perigo da direita voltar,está neste contexto.

O projeto de renda mínima também,mas ele é um auxilio,uma parte mais radical do estado previdenciário.

É assim que se entende o que Marx diz na Ideologia Alemã: “ a pessoa pode ser trabalhador de manhã,pescador à tarde e amante à noite”.

Aí ,de fato,o conceito liberal de escolha se faz sem problemas ou barreiras.É por esta razão que existe sim um traço de união entre Max e os liberais,que desmente novamente o estado socialista soviético.E desmente estes beócios desinformados que aparecem de vez em quando e continuam tendo força,na proporção direta da ignorância.

Est é o significado real do comunismo no entender de Marx. Esta visão se associa a uma religiosa ,em que todos dividem tudo  e onde não há dinheiro ou iniciativa ,mas é discutível se tais coisas não possam conviver com este novo modo-de-produção.