Faltou
algum aprofundamento,mais concreto,para o que eu disse acima.O que eu disse é
que passou o tempo de se reconhecer o papel específico do intelectual.A busca
do conhecimento perdeu sentido num tempo em que a competição pela sobrevivência
tomou de assalto a consciência humana cotidiana,como nunca.
Isto
sem falar nas “ exigências” do mainstream,na senda lucro puro e simples.Nelson
Rodrigues ,há muito tempo,já havia feito
observações semelhantes a esta,mas sem considerar propriamente o mercado.
Ele
dizia que a nossa época,” revolucionária”,se preocupava em agradar à massa,à “
todo mundo”,sem se preocupar com a qualidade,o fundamento e,sobretudo,com
a liberdade de escolha,que condicionam
as realizações.”Se fosse hoje” dizia Nelson ”Michelângelo teria que perguntar
ao povo qual seria a melhor maneira de esculpir o Davi...”,de modo(digo eu)a
ser reconhecido por todos.
Eu
aduzo a estes comentários de 50 anos,as mediações citadas do mercado e da mídia
que consagram o que estava no pensamento de Nelson:a era da demagogia chegou.A “
Revolução dos imbecis” chegara e ele acusava a todos,inclusive e primacialmente
a esquerda e os comunistas.
Mas
eu digo que é um traço trágico de nosso tempo.E que tem a sua manifestação
específica no plano intelectual no modo que expliquei no artigo passado.
Neste
plano se o intelectual não tiver uma importância para alguém ele não é visto,não
é reconhecido.O conteúdo que ele
apresenta não é examinado,de plano.
É
como,guardadas as devidas diferenças,aquele maluco que escreve nos muros da
cidade:”quem não aparece na televisão não é visto(como ele[maluco{digo eu}])”.Poderia
ele pensar que o mérito seria a
alternativa para este desconhecimento proposital daquele que não se “ encaixa”,mas
esta alternativa também já foi detonada e destruída,só restando pó.
Ninguém
procura conhecer ou ver o que uma pessoa oferece se ela não tem uma repercussão
,como se isto fosse prova da sua importância.
Ainda
existem pessoas que conseguem produzir algo que atende aos interesses legítimos
da sociedade,mas na maioria esmagadora, o pacto é simples:não importa o que
você faz ,eu lhe dou publicidade se você me oferecer alguma coisa em termos
políticos,de mainstream ou de mercado,coisas que têm a capacidade de reproduzir
os esquemas(corporativos)de poder,seja pela política ou pelo mercado.Se tem
importância real corta.Se o conteúdo é valido corta.
Muitos
vão me objetar que não há tempo para isto.Que o sistema político representativo
implica numa certa seleção e que sobreviver no mercado,legitimamente não pode
ser criticado.Tudo isto é certo,mas o referido sistema representativo não está
mais expressando os interesses populares.O voto,o tributo ,não estão fazendo
mais diferença,exatamente por causa das tendências discorridas acima.E na outra
ponta cada vez mais ficamos dependentes do dinheiro e não ele de nós.
No
passado já era assim,mas tudo amplificou,tudo proliferou.E o retorno à
democracia de mérito é uma das necessárias mudanças para transformar esta
mixórdia.
Neste
meu trabalho de pesquisador ,nas redes,eu reinvindico,como já falei,atenção aos
meus conteúdos,exatamente no caminho desta transformação,antes que o mundo
acabe em ruínas.Não havendo justiça nas corporações o cidadão individualizado,como
eu e tantos outros,tem que levantar a cabeça e exigir ser ouvido e lido.
Mas
as redes,como espelho da sociedade,reproduzem o seu reflexo.Num sentido muito
pior de consagrar a futilidade,a perda de tempo,a exposição da
intimidade,deixando de lado a contribuição real,pela primeira vez,acessível ao
povo,o qual,penso eu,deveria aproveitar esta oportunidade de liberdade,para
crescer.Em vez de xingamentos,o aprendizado,em vez da balada,o aprendizado da
política,em vez da intimidade,o aprendizado do público,da república.
Dizia
também um homem de direita como Gerardo Mello Mourão(ex-integralista):”só o
pensamento pelo pensamento,o pensamento puro constrói a História”(entrevista na
TV Senado).E eu aduzo,” só o pensamento livre produz sentido”.
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