Porque na verdade entendo ser este um conceito muito mais complexo do que o marxismo imaginava(o termo é este mesmo).
O marxismo ,como monismo que é,achava que a destinação do homem estava contida em determinados principios e fatos desalienadores.
Mas além destes fatos,existe a consciência humana e suas escolhas.Marx acertadamente criticava os valores,que ,segundo ele,não eram mais importantes do que as necessidades e a consciência destas é a liberdade.
Outras questões,no entanto,aparecem,para além desta pura adequação e exigem escolhas,valores e principios.A liberdade é mais do que a adequação.Ela tem um limite material,mas vale por si mesma,até para conseguir a satisfação das necessidades.
Dito isto,não se há de afirmar que uma utopia esteja contida ab ovo nesta humanidade alienada,bastando a desalienação.
Ela é construída paulatinamente,a partir da consciência das necessidades,mas também da consciência de tudo o que existe e dela própria.
Isto fica claro se nós analisarmos com calma aquilo que se propõe ao longo da história,como utopia.Aqui neste artigo não dá para falar de todas as utopias e eu pretendo abordá-lo depois.
Falo fundamentalmente da utopia comunista,especialmente marxista,que é que causou mais mudanças e ainda aguça aqueles que pensam,como eu,na sua continuidade.
Uma utopia materialista ,em que todos dividem o que possuem,eu já provei ser impossível e anti-marxista.E já me referi ao fato que o tempo livre de que as classes altas,desde a antiguidade, possuem,é a condição da desalienação e da igualação de todos.
Contudo supõe-se que a supressão das classes se dá pela abundância e isto é parcialmente verdadeiro,porque as aptidões das pessoas,individuamente consideradas,vão estabelecer um novo tipo de desigualdade natural,reconhecida por Marx,que se ligava assim,sem o saber talvez(acho dificil)a Locke e por conseguinte aos liberais,como Hannah Arendt demonstrou.
Então,existem discussões ainda pendentes sobre a utopia,que ainda não tem uma conformação pré-dada,mas um processo de construção e reconhecimento (lembrando Hegel).
A iniciativa privada desaparecerá?A empresa capitalista?O direito desaparecerá?O estético substituirá o ético?Há mil perguntas a responder.Assunto para os próximos artigos.
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