sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Dasein II

 

Eu voltei aqui para analisar a questão de Kant e Ariano Suassuna,para esclarecer certos problemas que aparecem frequentemente quando faço uma defesa deste filósofo.

Não estou afirmando de jeito nenhum que a percepção do mundo não seja válida.Que não se possa saber nada.Isto aparece sempre que Kant é defendido.

Então,nós não podemos ter certeza de nada?Não podemos confiar na policia ao investigar um crime,porque não se conhece a coisa em si?

O próprio Kant procurou,na Estética Transcendental,se afastar do Bispo Berkeley,garantindo que é possível conhecer sim ou fazer uma conexão real com o mundo,através da percepção.

Mas nós conhecemos este dasein,este “ isto” que está diante de nós.O que não podemos é um conceito universal,uma apreensão universal de tudo e saber tudo sobre este “ isto” que se coloca diante de nós.

Mesmo na investigação de um crime,se observarmos bem,muita coisa fica irreparavelmente escondida.Num acidente aéreo também.

Não há como restituir o real total em circunstância nenhuma,mas parte dele sim.

A totalidade hegeliano\marxista é só uma construção ,uma união de partes e parcialidades do real,segundo critérios previamente estabelecidos.

Kant acredita que algumas coisas são universais,mas a crítica deste pensamento é algo mais complexo e para um outro artigo.

Aqui eu pretendo dirimir estas desconfianças recorrentes sobre a impossibilidade de conhecer,que não provém de Kant.

Na análise investigativa de um crime,de um acidente aéreo,a percepção dos fatos é conhecimento sim e tem como produzir os efeitos desejados,bem como o ato de fazer ciência tem elementos de comprovação certos e claros.

Não é o fim da previsibilidade científica,mas uma sua relativização.Uma limitação essencial da certeza.

sábado, 13 de setembro de 2025

No dasein de novo problema da coisa em si

 

Ocorreu-me esta semana uma questão,quando vi um video de Ariano Suassuna criticando a “ding-an-Sich”,quer dizer repetindo as críticas tradicionais.

Kant,como já expliquei,nunca disse que não se pudesse conhecer algo,um copo na mão(como no video),uma mesa,ou uma pessoa.O dasein ,o isto que observamos no imediato é plenamente cognoscível.

Contudo,uma definição geral de uma coisa,não é possível de fazer,porque existem inúmeras manifestações delas próprias,não uma só.

O copo na mão de Ariano Suassuna não pode ser definido por uma essência geral de copo.Copo é definido como um recipiente que retém liquidos a serem bebidos ou manipulados.

Só nesta definição nós podemos incluir uma gama quase que infinita de recipientes que possuem usos diversos do copo.

Até mesmo se juntarmos as mãos e bebermos água poderíamos chamá-las de copo?

A filosofia e a razão não provam que a realidade existe.O ser humano só tem a percepção das coisas.O Dasein,o isto que observamos o apreendemos pelos sentidos:há uma adequação entre a expressão linguística do copo,este copo,que a une à percepção,mas,como acabamos de ver,a definição do que um copo é,para além da percepção de um copo singular,este copo,não é possível.

A expressão linguística do dasein é só pela descrição/narração do que ele é,mas mesmo assim é dificil restituir o real.Este copo é bojudo,como tantos outros;é transparente,como tantos outros ,serve para beber liquidos,como tantos outros;serve para beber vinho,porque tem uma abertura menor que permite sentir o bouquet e assim por diante.

No fundo só se pode dizer que o copo tem características e foi usado num contexto especifico,numa data e numa ocasião,cujos critérios de identificação são meramente convencionais:no dia x do ano x Ariano Suassuna pegou um copo na mão e o usou para desancar Kant.

Acaso então não se pode fazer um nexo cognitivo,no caso ,por exemplo,de crimes?