Eu iniciava as minhas aulas sobre abstração da seguinte maneira simples:é só o aluno pegar as características definidoras do Ser,do objeto e deixar de lado as acessórias.
Por exemplo uma cadeira:o que a define é a sua finalidade,uma forma apropriada para sentar. A sua cor ,o tipo de matéria,o design,tudo isto é acessório.
Mas eu às vezes tinha vontade de adiantar Kant mostrando que tais definições eram na verdade construções subjetivas porque na verdade não existe um tipo só de cadeira,um tipo só de material ou cor e que a finalidade da cadeira era algo abstrato.
E no final das contas o essencial e o acessório estão misturados na coisa,no Ser e que era apenas pelo pensamento que eram separadas.
O sentido moderno da fenomenologia ressalta exatamente este fato,de que o fenômeno se apresenta(presença)in totum.
Então a descoberta da essência ,pela abstração,não é fenômeno?O fenômeno cadeira só se dá pela sua essência ,que na verdade está interligada objetiva e necessariamente àquilo que é secundário ou acessório?
O fenômeno por definição é aquilo que se apresenta diante de um observador.A busca de sua essência definidora é a sua explicação,o desvelamento do Ser.
A essência e seus atributos não-essenciais(que ajudam a compô-la)velam o Ser e a abstração filosófica o desvela na sua essência e finalidade,bem como outras características.
A desconstrução do real proporcionada pela filosofia,não é a sua destruição,mas a sua compreensão e condição de sua reconstrução,pelo pensamento.
Quando eu era professor,de diversos modos eu buscava desconstruir o real de maneira a mostrar aos alunos como tudo era ilusório e como é o ser humano,kantianamente falando,quem atribui diversos significados e essências ao real.
Eu fazia também esta desconstrução com Descartes e Sócrates ,mas isto é assunto para um outro próximo artigo.
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