Mas
um conceito é mais complexo:o de ciência.Isto porquê ele permite ,ao contrário
dos outros,uma discussão segundo os modos diversos pelo quais ele é
entendido.Não que os outros não o possam,mas de modo geral eles cristalizam
mais rapidamente a vontade dos povos,como a história provou.
A
ciência,no entanto,tem,de plano, legitimidade e é,por isso,freqüentemente
chamada a embasar todos os outros modelos universalistas.Mas quando isto
acontece ela se torna ideologia pura,como consciência falsa e distorcida da
realidade.Quero dizer, quando serve de modelo,por si mesma,já atingiu esta
condição,porque não é tarefa dela,segundo a sua natureza.
A
ciência sempre se repropõe,é provisória,mas a ideologia científica diz o
contrário.
Busca-se na ciência uma identidade nacional,um
conceito de povo,de nação,mas a história da ciência demonstra a sua
variabilidade,a realidade de suas leis tendenciais e não absolutas.
Infelizmente
o reconhecimento regenerador de sua essência levou muito tempo para se
estabelecer e até que o fizesse inúmeros erros e crimes foram cometidos em seu
nome.
Se
observarmos as figuras de Einstein e Marx,descabelados
dois
judeus famosos, nós veremos um caso clássico de aplicação da “ ideologia
científica”.Com o nascimento da microbiologia
o
mesmo fenômeno de ideologização da teoria da evolução,ocorrido depois da
publicação de “ Origem das Espécies”,se dá após as provas apresentadas por
Pasteur(acima).
Partindo
das premissa de que a sujeira esconde seres minúsculos infecciosos,a limpeza se torna uma questão
obrigatória moral e de estado,na maioria das nações européias(e no Brasil )e de
modo paroxístico no nazismo.
A
falta de higiene designa um ser humano não moralmente evoluído,despreocupado de
si e dos outros,como propagador de doenças e infecções.A medida da ética humana
individual e coletiva passa a ser a ciência,não restando nada de autenticidade
e legitimidade existencial naquele que não se estetiza,isto é,não se limpa,não
se higieniza.
Pior
ainda, a higiene acompanha a beleza,que é prova dos cuidados com a saúde
O
quadro de Van Gogh “ Os comedores de batatas”
Não
representaria a condição,imposta de fora para dentro,de pobreza,mas de
desleixo, e a existência destas pessoas teria que ser mudada,de cima para
baixo(pelo estado totalitário).
No
nefando filme “ O Judeu Eterno”,os nazistas expressam esta ideologia científica
expondo os hábitos pessoais do dois judeus acima.
Mas
depois da derrota do nazismo,estas distorções acabaram?”A Curva de Bell”,na
década de 90,o esfacelamento da Iugoslávia, o nacionalismo russo atual,Trump e
suas bravatas contra os mexicanos e o problema dos migrantes não são uma
continuidade?
Nenhum comentário:
Postar um comentário