sábado, 27 de julho de 2024

Enciclopédia IX O abundancismo

 

Um dos verbetes mais importantes da enciclopédia que me formou,a Delta Larousse ,é o abundancismo,cujo maior defensor em economia  foi John Keneth Galbraith.

Este conceito deriva da atividade econômica dos Estados Unidos na Europa Ocidental após a II Guerra.Quer dizer:integra-se no contexto do “Plano Marshall”,que visava ajudar o continente ,mas principalmente para competir com a URSS  e os novos países socialistas à sua volta.

Integra-se ao problema geral da guerra-fria.No entanto e até por isso ,faz parte das discussões econômicas  próprias do socialismo e do comunismo,os quais ofereciam,no âmbito da utopia,uma abundância de bens ,capazes de manter a sociedade provida de suas necessidades ,para garantir o tempo livre prometido nas visões de Marx.

Então, enviesadamente, o abundancismo,na visão capitalista  ocidental pretende ser um ataque ao abundancismo  da utopia.

Eu entendo,no entanto,que se inscreve no problema geral da utopia,vindo do capitalismo ou socialismo.A utopia é realmente produzir muito para prover à sociedade e deixa-la segura.

A previsão desta produtividade exponencial obteria condições para que a sociedade  previsse igualmente uma diminuição do tempo de  trabalho,que é um fenômeno,hoje,que só acontece de vez em quando e muito lentamente.

Ir acima da capacidade da sociedade consumir imediatamente propicia segurança e a condição de produzir num tempo menor,que abre o caminho para que os homens ,como um todo(não só a burguesia)possam trabalhar e descansar e aproveitar o tempo livre cada vez mais.

 

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Um novo trabalho

 

Começo agora um projeto há muito acalentado:trabalhar com o livro “Principia Mathematica” de Newton,que será a ponta de lança do escaninho referente à ciência e à epistemologia ,que já tem Karl Marx(ao qual voltarei em breve).

Na rabeira destes estudos os grandes cientistas serão objeto de minha investigação aqui.Darwin,Copernico ,Kepler etc.serão analisados através  de seus livros.

Este um desejo acalentado desde os 6 anos,quando ainda não conhecia nenhum deles,mas já gostava da ciência.

Como Newton é um ponto essencial na trajetória da ciência ,porque construiu uma visão universal da natureza,procurada por outros sábios séculos antes,é partir dele que pretendo analisar não só as suas contribuições de per si,mas o que veio antes e as consequencias futuras de sua “ proposta”(depois eu explico as aspas).

E não só no plano epistemológico ,mas histórico e ético e moral.Outros planos podiam ser chamados aqui,mas estes são os principais problemas envolvidos no saber cientifico.

O esquema do meu trabalho é este:

Analisar o papel histórico das contribuições científicas;analisar a natureza do saber cientifico;e estabelecer os liames com a politica.

Há outras derivações  mas as exporei no decorrer do trabalho.

O primeiro “ conceito” de Newton é este abaixo:

“DEFINIÇÃO I

A quantidade de matéria é a medida da rnesma, oriunda conjuntamente da sua densidade e grandeza.

O ar duplamente mais denso, num duplo espaço é quádruplo. O mesmo se diga da neve e do pó condensados por compressão ou liquefação. Igual razão vale para todos os corpos que por qualquer causa são condensados diversamente. Neste ponto não levo em consideração o meio, se é que aqui existe algum, que penetra livremente pelos interstícios entre as partes. É essa quantidade que muitas vezes tomo a seguir sob o nome de corpo ou massa. Conhecemo-la pelo peso de qualquer corpo, pois esta é proporcional ao peso, o que achei em experiências feitas cuidadosamente sobre os pêndulos, como se mostrará adiante.”

Próximo artigo.


quarta-feira, 24 de julho de 2024

palinha de meu novo livro sobre geopolitica

 

A Geopolitica reúne geografia,economia,politica,demografia,ecologia(clima),osição(geografia)História e outros saberes derivados.Derivados ou não,porque podem haver superveniências em todo o processo de análise e construção de um discurso.

Aliás a geopolítica já veio totalmente ligada com a  prática .Ela nasceu pari passu com as necessidades politicas e históricas e estas surgiram na História recente da humanidade.

Comentários À Monadologia de Leibnitz IV

 

“4. Delas também não há a temer qualquer dissolução: é inconcebível que uma substância simples possa perecer naturalmente.”

É evidente que neste item da Monadologia Leibnitz defende um principio que seria descoberto no século seguinte que é a lei da conservação da matéria ,formulada por Lomonossov e Lavoisier.

Se a substância não pode perecer naturalmente é porque ela é uma só inteiriça e ocupa todos os espaços(se é que existe um espaço vazio).

É reflexo da concepção de Leibnitz ,anti-newtoniana,de que o espaço e o tempo são relativos.
Mas mais do que isto o conecta ao pensamento panteísta de Espinoza,embora ele não fale em um Deus.Leibnitz despoja Espinoza deste Deus e já analisa a realidade por ela própria,talvez numa postura já um tanto quanto “ ateísta”.

Leibnitz era um teista ,acreditava no Deus do “ piparote”,mas subjaz à sua “ concepção” uma visão clara de uma natureza que se move por si própria ,o que ,novamente, o aproxima do panteísta.

Leibnitz é destes filósofos que não são separáveis de sua atividade cientifica.No meu modo de entender todos os filósofos,com exceções ,constróem o seu pensamento a partir do que se conhece na sua época.Mesmo os filósofos teológicos.

E Leibnitz é um dos exemplos clássicos e muito instrutivo deste encadeamento:não se atingirá a compreensão de sua filosofia se não s e trabalhar com  as suas descobertas cientificas,na física e na matemática.

Assim ele rompe com Aristóteles,acompanhando Galileu ,de que há uma ligação essencial entre a matemática e a física,negada pelo stagirita.

 

quarta-feira, 17 de julho de 2024

Enciclopédias VIII O movimento e conhecimento

 

Há uma transcendência na visão hegeliana da dialética e do movimento?Assim como acontece  com Marx ,em Hegel é preciso conectar Kant com ele e as posturas transcendentes em geral para evitar os quiproquós próprios da dialética do Ser,que não existe.

Então a questão do movimento se modifica efetivamente aí na intersecção entre Kant e Hegel.Quero dizer Kant colocou em definitivo o problema do movimento,para a  filosofia e  para a ciência,como pluralidade.

Durante muito tempo ,o tempo era unívoco,fechado,agora não:ele é multifacetado.

Não se pode reunir o tempo numa coisa só,num principio só.No momento em que se fixa um ponto no universo este ponto é imóvel ou já é movimento?É pelo movimento das coisas  que se pode construir o tempo.E quando não s e admitia o movimento?

No passado ,quando não havia ainda certeza do movimento físico,o movimento psicológico era a base das elucubrações  dos filósofos e neste sentido avulta em importância,Santo Agostinho.

Uma das questões atinentes ao problema do movimento e de sua recusa é porque os deuses,os mitos tinham que ser imóveis como referências do comportamento humano.

É um dos problemas abordados por Platão o fato de que os deuses antropomórficos faziam o que queriam,não oferecendo portanto um modelo para sociedade.

De todo modo a imobilidade era admitida por causa ainda da precariedade da ciência em seus inícios,mas também porque isto se coaduna com as crenças do homem do passado.

Mas o movimento se punha em termos psicológicos:a passagem do tempo do homem que nasce,cresce e depois morre.

As fases da vida ,tudo isto implicava numa “transformação”,que era um conceito provindo d e Aristóteles.

 

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Do Terror e do Terrorismo

 

Seguindo na minha série sobre dicionários o termo terror serve bem à propósito do que aconteceu no domingo,tido pelo FBI como “terrorismo doméstico”.O que é isto?

Antes de responder a esta pergunta há que saber o verdadeiro significado desta expressão e porque ela é objeto de tanta ambiguidade hoje.

Como dizia Hegel quando se analisa a história de um fato e de um conceito já se está  os definindo.

O termo terror nasce no contexto da radicalização republicana e jacobina em 1792,na Revolução Francesa.Para lutar contra os emigrados,a contra-revolução,Robespierre,no comitê de salvação publica ,instituiu o tribunal revolucionário encarregado d e condenar os espiões e aqueles que enviavam dinheiro à França para desestabilizá-la e recuperar o poder da aristocracia e da monarquia.

O termo surge,pois,no contexto de uma revolução politica,para assegurar a sua continuidade.Contudo e é esta a razão das discussões até hoje,o terror perde a sua finalidade,porque seu controle se perde e começa a atingir a quem não tem nada a ver com o problema,geralmente o povo.

Na Revolução Francesa todos os setores oportunistas ,futuramente termidorianos,usaram inicialmente o terror para atacar familias aristocráticas inocentes(Mmm Du Roland[ “ liberdade:quantos crimes se comete em seu nome”])e se apoderar de seus bens e dinheiro,bem como de direitos de família.

Uma vez que esta  conexão se construiu a repressão não parou mais,desordenada, e se voltou contra o autoritarismo de Robespierre,que já queria tê-lo terminado bem antes de sua expansão.

Estes interesses unidos acabaram por depor Robespierre e instaurar o regime corrupto do termidor.

No próximo artigo eu continuo.

domingo, 14 de julho de 2024

Nietzsche e Wagner

 

Quando Nietzsche e Wagner se entendiam é porque ambos desejavam  uma estética nova,dir-se-ia  dionisíaca ,e no final Wagner optou por uma arte que servisse a  determinados interesses a serem exaltados.

A musica aparentemente não tem ideologia.Mas indiretamente tem relação com o mundo real:não se pode exaltar alguma coisa com clair de lune  de Debussy.

Embora não se possa retirar diretamente das “ fanfarras” de Wagner uma exaltação politica intencional a sua música ,em certos momentos,serve ao propósito.

Foi com este “ truque” que Wagner sempre se inocentou de qualquer responsabilidade politica,especialmente na unificação da Alemanha e seus objetivos autoritários e potencialmente anti-semitas e imperialistas.(exceto no caso do anti-semitismo).

O ouvinte interpreta as notas como quiser:relaciona com os fatos narrados nas óperas wagnerianas ou se entrega ao processo político.

A responsabilidade é do ouvinte.Isto é uma grande modificação no papel histórico,cultural e estético da música.

Mas no que tange à estética ,isto gerou uma dissensão definitiva entre Wagner e Nietzsche ,porque esta subserviência,ainda que indireta ao mundo da massa,que precisava ser manipulada em direção à Bismarck e  ao Kayser,suprimiria a inovação na sensibilidade humana,que é o escopo de toda estética.(Aestetiké em grego quer dizer sensibilidade).

A história da estética é a mudança da sensibilidade em seus vários sentidos polissêmicos:a sensibilidade para o conhecimento é uma coisa;mas na estética propriamente é comprometer o apreciador com uma nova realidade,cujo conteúdo muda a sua percepção do mundo.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Enciclopédias VII

 

Aquilo que se denomina como enciclopédia,às vezes é classificação das ciências e dos saberes ,que aliás é uma outra questão própria da reunião profissional de “ todo” o conhecimento.

É o caso,por exemplo,da enciclopédias das ciências filosóficas de Hegel:este livro veio para reunir o saber essencial da humanidade,no entender evidentemente do filósofo.

Mas,como disse,é uma tentativa de relacionar dialeticamente todos estes saberes possíveis ,segundo um critério que se pretendia universal.

Trato deste problema porque isto passou para o marxismo,para Marx e tem consequencias até hoje para a  compreensão do enciclopedismo,que era parte  do pensamento de Hegel e de Marx e que se confunde com alguns dos problemas do materialismo histórico e o dialético.

Quantas vezes  já desmontei esta totalidade totalitária que se pretende verdadeira no pensamento dos dois,que não vou repetir aqui.

Contudo ,tirando isto e é aí que eu quero chegar,há uma sobrevivência nesta proposta?Também já respondi a esta questão há muitos anos mas cabe agora aprofundar o tema.

Em termos de uma dialética da natureza ou do Ser a proposta acabou ,ou melhor,nunca existiu.

Foi sempre uma ficção  que se constituiu dentro das limitações de época, a que todos estamos  submetidos,mas que Hegel e Marx pensaram poder transcender.

O primeiro pelo movimento do Ser e o segundo pela ciência,que não excluía o movimento dialético,material,não idealístico.

Tratei em outra ocasiões do que vem a ser esta transcendência do movimento dialético e nunca tinha aplicado ao materialismo histórico e dialético.

Mas nos últimos vinte anos tem se falando muito na intersecção entre Kant e  Hegel e eu vou abrir este escaninho na série sobre enciclopédias para analisar o problema da transcendência e do conhecimento,que se revela nas enciclopédias aparentemente ultrapassadas.

Quando era pequeno e lia a minha enciclopédia formadora todo mundo dizia que não valia a pena ler algo que estava em grande parte ultrapassado ,mas eu insistia em ler .Porquê?

Vou explicar.

domingo, 7 de julho de 2024

Robert Tucker Eu sou o macho alfa de matilha

 

Sempre que eu escrevo um artigo polêmico ou artigos polêmicos aparecem no  meu youtube aquelas pessoas que me seguem retornam ou para me apoiar ou para dizer que já outro tratou do assunto ou ainda para me atacar,dizendo que eu estou errado.

Democracia é assim mesmo e eu já estava preparado para isto aí.Até porque eu uso estas besteiras(menos o apoio...)para mostrar que estou certo ou,pelo menos,tenho base para o que digo.

Vamos por partes:o artigo sobre Galileu suscitou a presença no meu youtube de uma pessoa que apresentou a experiência na Lua, no vácuo,aqui na Terra.Eu não vi (e não vou ver)o vídeo,porque eu estou empenhado em muita coisa e eu ao menos sei que a referência ao vácuo é um questionamento do que falei no artigo,que existia uma resistência no espaço.No vácuo não tem,como eu fico?

Não muda nada.Não altera a hipótese  de Galileu.Não havendo resistência no vácuo acontece aquilo que ele disse.Ponto.Eu só me referi à natureza especifica do espaço,que é massa(Lorentz)e espaço/tempo(que não deixa de ter massa(Lorentz).Só isto.

Este é um problema a ser resolvido no futuro,quando se souber o que é gravidade.Eu já perguntei a físicos o que é a gravidade e eles disseram que ninguém sabe o que é.Sabe que existe,mas ninguém sabe o que é.EU PERGUNTEI A FISICOS PROFISSIONAIS;FIZ CONSULTORIA ,COMO FAÇO SEMPRE PARA ESCREVER ESTES ARTIGOS,OS QUAIS SERVEM PARA EU RELACIONAR COM A FILOSOFIA E O CONHECIMENTO EM GERAL,BEM COMO COM A VIDA DA HUMANIDADE.SÓ ISTO.

O segundo momento é sobre os artigos sobre pornografia,que eu sabia que iam causar espécie:aí aparecem pessoas aqui para apresentar filmes moralistas sobre a situação da prostituta ,a situação pessoal e social,como se eu não soubesse disto tudo.Como se eu não fosse cônscio disto aí.

Uma vez,quando eu ainda pensava moralisticamente sobre este problema assisti a uma entrevista de uma presidente da associação das prostitutas de São Paulo,que me abriu os olhos:ela disse que a prostituição deve acabar,mas como ainda não acabou o discurso moralista afasta a todos das meninas,causando-lhe não só miséria,mas também isolamento e preconceito.

Com exceção de Israel que acabou totalmente com a prostituição judaica na Europa(um dos motivos do ódio nazista aos judeus)a prostituição no mundo todo só vai desaparecer quando a sociedade não for mais sexualmente hipócrita.

Casamentos que representam repressão ao legitimo desejo sexual é que causam a necessidade da presença social da prostituta.E na base deste moralismo,a religião.

Eu pessoalmente parei de frequentar lupanares há mais de vinte anos,quando me tornei um quarentão.Não vou dar 50 reais para uma menina faminta deitar comigo.

A última vez que tive contato com prostitutas foi na orla de Copacabana,em que eu procurava um taxi e 5 meninas vieram me pedir para fazer sexo com elas (todas).Três eram menores e a que negociava comigo tinha no máximo 14 anos.Eu disse que não tinha dinheiro e ela respondeu: “o senhor não gostaria de dar 50 reais para cada uma?”.Eu neguei naturalmente.

Eu sou cônscio do problema ,mas frequentei por necessidade,pela repressão moral e hipócrita do mundo em que eu vivo.

E nunca na minha vida eu destratei uma prostituta.Aliás nunca chamei uma prostituta,de prostituta,muito menos de puta,galinha ou outras formas d e depreciação  e exclusão.Eu sempre chamo de “ garota de programa”,para contextualizar a atividade dela.

Nunca tratei de forma diferenciada a garota de programa e ia realizar,ainda que eventualmente,sonhos de romance e de amor,que não posso realizar porque a mediação do dinheiro predomina hoje em dia na relação homem/mulher(e nas outras relações também).

Em terceiro e último lugar,uma pessoa me enviou um autor e um livro que eu conhecia de nome,mas não lera :Robert Tucker,que,pesquisando,descobri ser um historiador cuja prioridade era o estudo da URSS,da revolução Russa,que são temas meus recorrentemente.

Não sei se esta pessoa quis me jogar na cara (como outros)que eu não sou o único que trata do tema(nem o melhor).Mas não me interessa,pelas razões supra-ditas.

No que diz respeito à Revolução Russa eu só me preocupo com a verdade.Em dizer a verdade e não ser o melhor e o pior analista.

Então vamos lá,prestem bem a atenção  no que eu vou explicar aqui:o que é uma revolução,por definição?(logica e filosoficamente).

Eu uma vez só não tomei um zero numa prova de sociologia na universidade porque coloquei que uma revolução(e nisto havia um revérbero marxista,próprio da minha formação)se caracterizava entre outras coisas pela substituição ,num lugar, de uma classe por outra.

Se fosse assim somente a formação dos estados nacionais seriam uma revolução e haveria muitas por aí.

Mas não é só isto e não é fundamentalmente isto:uma revolução é essencialmente politica,que expressa uma intenção politica de mudança(que pode vir acompanhada de mudanças culturais ou produzi-las).

Ela tem como base uma classe social que a deseja,conscientemente ou não(na Revolução Francesa houve um pouco de casualidade porque a convocação dos Estados Gerais foi por um motivo e acabou gerando uma revolução).

A partir destas premissas é que eu considero a ilegitimidade da revolução russa e questiono a sua validade.Ela foi feita por uma minoria ,contra o pensamento de Marx .

Certo ,o proletariado russo,que já era pequeno e diminuiu depois da guerra civil, procurou mudar a  relação de classes no país.

Esta mudança ,por si só,não caracteriza uma revolução de tipo marxista,que era para ser feita no ocidente.E nem é uma revolução burguesa.

A revolução de fevereiro,foi uma revolução?É discutível,embora tivesse proposto mudanças reais.

Com estas premissas nós não podemos dizer que a revolução russa ocorreu,senão como um fenômeno politico intencional de mudança em favor do proletariado.

Mas o critério subjetivo não é suficiente porque ela não s e realizou como tal.

Até a constituição de 1937 havia luta de classes na Russia e depois na URSS(como pontuou o trotskista Charles Bettelheim).Certo,chama-se de novo o exemplo da Revolução Francesa em que houve sempre luta de classes,mas o que predominava era já a plataforma da burguesia ascendente.

A plataforma operária não foi hegemônica,senão como imposição,entre 1917 e 1937 e depois deste ano é discutível.

E mais:a pura e simples mudança de hegemonia não significa Revolução,mas uma mudança da qual não se retorna.

Repito o que eu tenho dito sempre:o que Stalin fez foi o mesmo que a burguesia  na construção dos estados nacionais,só que com a hegemonia da classe operária e do partido,uma minoria.MAS O PROCESSO É O MESMO E QUE SE REPETE SE EXAMINARMOS BEM NO WELFARE STATE.GUARDADAS AS DEVIDAS PROPORÇÕES.ISTO NÃO É REVOLUÇÃO.

Os estados nacionais burgueses prepararam a Revolução burguesa,nas duas revoluções inglesas, e depois em 1789.Mas só foi revolução  neste ultimo ano(e nos anos das revoluções burguesas de 1640 e 1688),porque o propósito politico de mudança estava presente e sua realização objetiva ocorreu.

O fato de Robert Tucker dizer que é um regime dinâmico não quer dizer nada.Dinamis sem direção não quer dizer nada.

O mal destes sociólogos e cientistas políticos especializados é que não possuem interdisciplinaridade e por isto não tem conhecimento de filosofia ,de lógica, e partem do pressuposto de que só o conhecimento empírico é suficiente para entender uma realidade objetiva.

Hananh Arendt não gostava de relacionar a  ciência politica com a filosofia ,porque esta queria comandar a primeira (Platão),mas ela tinha noção  de filosofia e isto aparece na sua reflexão.Por esta razão e contra a sua vontade  é considerada uma filósofa.

Expliquei direitinho?

 

 


 

sábado, 6 de julho de 2024

Galileu,Newton e Einstein



 

Vejam este vídeo e voltem para ler o meu texto.Viram?este é um episódio do projeto apolo que levou várias vezes o homem à lua.

Numa destas viagens,se não me engano a penúltima,um dos astronautas fez esta experiência proposta por Galileu,no século XVII.

Para Galileu na ausência de atrito,no espaço,uma pena e um martelo teriam o mesmo peso e cairiam ao mesmo tempo.E foi o que aconteceu.

Quando Galileu fez as suas experiências ,construindo “ tobogãs” pequenos de madeira era para suprimir o mais que pudesse o atrito,principalmente do ar,que seguraria a pena ou os objetos mais leves.

Mas também nestes tobogãs não seria possível por uma pena para correr ,então pôs bolas de diversos tamanhos e pesos.

Mas aventou esta hipótese que se confirmou neste experimento  lunar.

O que eu quero tratar na continuidade do artigo anterior é que apesar desta suposição de ausência de atrito e portanto de “meio inercial” há algo discutível.

Porque pela teoria da relatividade geral não há propriamente vazio neste “ meio inercial”.As ondas gravitacionais descobertas recentemente o provam.

Assim sendo existe um mínimo atrito,que eventualmente pode ser matematicamente descoberto.

Nas experiências da Torre de Pisa ,que não foram feitas por Galileu,mas por seu discípulo Vincenzo Viviani,alguns matemáticos posteriores identificaram uma pequena variação na matemática da queda e na física da mesma.

É impossível uma exatidão absoluta.O que nos traz de volta para o fato de que há resistência em todo lugar e que a relatividade galileana só é parcial e aproximativa porque ele trabalha com o plano imediato e com o espaço vazio.

Mas não há tanta descontinuidade assim entre ele ,Newton e Einstein.

sexta-feira, 5 de julho de 2024

Newton e a unicidade da natureza

 

Newton acreditava no principio da “ unicidade da natureza”,pelo qual os fenômenos que acontecem aqui nas nossas proximidades acontecem também nos confins do universo.

Um exemplo que poderia ilustrar esta concepção que está um pouquinho ultrapassada ou ,pelo menos,questionada nos dias de hoje é o principio da ação e reação: “a cada ação corresponde uma reação igual e contrária”.

Na verdade o principio indica que a gravidade atua aqui e no universo todo.Porque se dois corpos se “ confrontam” com massas e tamanhos diferentes vai predominar o principio da gravidade: “matéria atrai matéria na razão direta das massas e no inverso do quadrado das distâncias”.

Se um corpo maior bate em outro menor ,o principio da ação e da reação se dará da seguinte maneira: o corpo maior empurra o menor para mais longe ,ressalvado o inverso do quadrado das distâncias.Enquanto que o maior fica mais estacionário (embora sofra reação também).Assim:


O esquema básico da lei de ação e reação nos mostra que o corpo de massa maior empurra para mais longe o de menor,numa base de 10 pontos de diferença,que é o que os separa.

Mas se a distância é de dois metros ,nós temos que identificar aquela que há entre os dois:vamos supor que entre os dois há 1 metro os separando.

Se o corpo maior  batesse no menor sem esta questão da distância,a tendencia é que o maior estacionasse em breve e o menor ,eventualmente,seguiria na inercia ,se movimentando,dependendo da velocidade imprimida aos dois,para o “ confronto”.

Quanto maior a disparidade entre a massa do corpo maior e a do menor esta possibilidade se faria presente.Mas se um corpo imenso se confrontasse com um grão de areia,infinitamente menor ,o máximo que se daria era ele passar por cima e até esmagar.

Se a distância é de um metro e a equação é o inverso do quadrado da distância:

Então nós temos 1 dividido pelo quadrado da distância,no caso quatro metros,resultaria em 0,25,um quarto da distância.

Nós temos que o corpo maior afasta o menor em 10 vezes ,mas eles são atraídos em 1 quarto da distância percorrida:1/4 para corpo maior ou seja ¼ de 10=2,5,enquanto que o menor 3,75.

Mas se nós entendermos o principio da unicidade,nós vemos que nas nossas proximidades existe a resistência e no caso dos corpos celestes não.Então como adequá-los e garantir a presença da unicidade?

Pode-se fazer estes cálculos a partir dos corpos mesmos:

Cada corpo tem um centro de gravidade,na relação com o mundo e com o outro corpo.A partir desta relação  é possível ,geometricamente tirar as mesmas conclusões anteriores.

O corpo de massa 25 pode ser dividido m 4 gomos de  ¼ =6,25 e o de 15 =3,75.

Levando em conta que há que se medir a reação igual e contrária ligada à gravidade segundo os corpos é mais que possível e necessário leva-los só em consideração.Então:

Se pegarmos um gomo de cada lado poderemos fazer os mesmos cálculos que fizemos antes,proporcionalmente:a massa de 25 dividida por quatro=6,25;e 15 por 4,3,75.

A atração é nesta proporção e a repulsão também.Muita gente vai objetar que a lei de Newton diz “ igual e contrária”,mas eu estou falando de massas diferentes,de corpos distintos,então não é igual e contrária.E tem a ver com a gravidade,naturalmente.

Nós podíamos dividir em quantos gomos quiséssemos estes corpos.Na atração e  repulsão pura e simples não é difícil entender,mas no caso da gravidade,do inverso do quadrado ,no espaço inercial, pode parecer mais complicado,mas é a mesma coisa.

Seguindo Galileu ,Newton não considera ,porque não tem condições históricas,as diferenças entre o imediato,com resistência e o mediato ,o espaço inercial,então faz uma comparação entre aquilo que acontece no plano e no espaço.

A resistência no plano é insignificante,é verdade,mas por pequena que seja marca uma mudança muito grande quando se passa a analisar o universo inteiro.

E como exemplifiquei acima,era imperscrutável para Newton trabalhar com o infinitamente pequeno,o grão de areia,o átomo,porque ninguém conhecia ainda esta “ mediação”.

O principio da unicidade geometricamente poderia ser resumido desta maneira:

Nós podíamos fazer,dependendo de como se olhe os corpos, um triângulo,mas colocando uma seta entre os dois corpos de cima,fazemos um retângulo.Na verdade são paralelas.

Se o universo é curvo este triângulo se impõe fazendo uma linha entre os dois corpos celestes.

Aqui nós podemos pensar que o microcosmo se une racionalmente ao macrocosmo.

Para concluir eu li algum lugar uma observação de um físico de que a relatividade de Galileu e Einstein são iguais porque existe resistência,tanto porque o espaço é massa e também,dir-se-ia,espaço/tempo,forma da massa e da energia se manifestarem.

Então a resistência se dá no imediato e no mediato e Galileu ,Newton e Einstein estão no mesmo plano?Vou discuti-lo em outro artigo.








segunda-feira, 1 de julho de 2024

Em torno a Marx V

 

Sem fazer citações ainda fica claro para mim,da leitura da biografia citada no ultimo artigo,que Marx não deixou totalmente Feuerbach de lado.

A famosa inversão é a proposta por este filósofo ,que aprofunda uma idéia que vem de um pré-socrático menos conhecido:Xenófanes de Colofão.Que disse que se os homens fossem como cavalos os deuses o seriam.

Já este filosofo antigo expressara a idéia de que os deuses ,ou a sagrada família,são projeções dos homens aqui na terra.

Até uma certa época foi absolutamente natural para os homens formar mitos.O mito derivava da linguagem do primitivo,que nomeava as coisas do mundo e “ acreditava” que elas estavam fora dele e que ,como forças independentes ,deveriam guiar a atividade humana.

Entre a nomeação e a “ crença” neste papel  vai uma discussão muito complexa,mas o ato de admitir que não é da objetividade para a subjetividade ,mas o contrário ,foi algo extremamente difícil e penoso,mas que s e viabiliza quando a razão pode atuar.

Feuerbach vai adiante daquilo que se conhece de Xenófanes e acaba por influenciar Marx,que sempre trabalhou com esta inversão ,do céu para a terra,que ele achou que estava em Hegel e que consagra o desconhecimento,por parte dele,das idéias autônomas da subjetividade,como Kant já entendera.

Este erro boçalizou o materialismo de Marx,deixando-o tão “passivo” como o do século XVIII.

Ainda que quando se diz isto ,todo radical invoque o próprio Marx,para lembrar da “prática”,do “ trabalho”,estes beócios não entendem que o homem não se reduz às suas carências e ao trabalho,possuindo autonomia subjetiva,que Marx não extraiu de sua famosa frase ,constante da “Crítica à filosofia do direito de Hegel”: “ A religião é ópio do povo;o respiro da criatura oprimida,o coração de um mundo sem coração”.

Ele podia ter analisado o significado autônomo deste “ respiro” e dado mais importância às razões do coração.