domingo, 14 de julho de 2024

Nietzsche e Wagner

 

Quando Nietzsche e Wagner se entendiam é porque ambos desejavam  uma estética nova,dir-se-ia  dionisíaca ,e no final Wagner optou por uma arte que servisse a  determinados interesses a serem exaltados.

A musica aparentemente não tem ideologia.Mas indiretamente tem relação com o mundo real:não se pode exaltar alguma coisa com clair de lune  de Debussy.

Embora não se possa retirar diretamente das “ fanfarras” de Wagner uma exaltação politica intencional a sua música ,em certos momentos,serve ao propósito.

Foi com este “ truque” que Wagner sempre se inocentou de qualquer responsabilidade politica,especialmente na unificação da Alemanha e seus objetivos autoritários e potencialmente anti-semitas e imperialistas.(exceto no caso do anti-semitismo).

O ouvinte interpreta as notas como quiser:relaciona com os fatos narrados nas óperas wagnerianas ou se entrega ao processo político.

A responsabilidade é do ouvinte.Isto é uma grande modificação no papel histórico,cultural e estético da música.

Mas no que tange à estética ,isto gerou uma dissensão definitiva entre Wagner e Nietzsche ,porque esta subserviência,ainda que indireta ao mundo da massa,que precisava ser manipulada em direção à Bismarck e  ao Kayser,suprimiria a inovação na sensibilidade humana,que é o escopo de toda estética.(Aestetiké em grego quer dizer sensibilidade).

A história da estética é a mudança da sensibilidade em seus vários sentidos polissêmicos:a sensibilidade para o conhecimento é uma coisa;mas na estética propriamente é comprometer o apreciador com uma nova realidade,cujo conteúdo muda a sua percepção do mundo.

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