Quando
Nietzsche e Wagner se entendiam é porque ambos desejavam uma estética nova,dir-se-ia dionisíaca ,e no final Wagner optou por
uma arte que servisse a determinados
interesses a serem exaltados.
A
musica aparentemente não tem ideologia.Mas indiretamente tem relação com o
mundo real:não se pode exaltar alguma coisa com clair de lune de Debussy.
Embora
não se possa retirar diretamente das “ fanfarras” de Wagner uma exaltação
politica intencional a sua música ,em certos momentos,serve ao propósito.
Foi
com este “ truque” que Wagner sempre se inocentou de qualquer responsabilidade
politica,especialmente na unificação da Alemanha e seus objetivos autoritários
e potencialmente anti-semitas e imperialistas.(exceto no caso do
anti-semitismo).
O
ouvinte interpreta as notas como quiser:relaciona com os fatos narrados nas
óperas wagnerianas ou se entrega ao processo político.
A
responsabilidade é do ouvinte.Isto é uma grande modificação no papel
histórico,cultural e estético da música.
Mas
no que tange à estética ,isto gerou uma dissensão definitiva entre Wagner e Nietzsche
,porque esta subserviência,ainda que indireta ao mundo da massa,que precisava ser
manipulada em direção à Bismarck e ao
Kayser,suprimiria a inovação na sensibilidade humana,que é o escopo de toda
estética.(Aestetiké em grego quer dizer sensibilidade).
A
história da estética é a mudança da sensibilidade em seus vários sentidos
polissêmicos:a sensibilidade para o conhecimento é uma coisa;mas na estética
propriamente é comprometer o apreciador com uma nova realidade,cujo conteúdo muda
a sua percepção do mundo.
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