São de duas naturezas:uma pessoal e outra na relação com o
coletivo.No plano pessoal eu fico com mais clareza dos meus objetivos
profissionais e no plano público” tenho
condições de defender uma nova atitude diante do mundo,em todas as atividades e
escolhas que fiz.
O plano pessoal tem um significado de municiar a mim mesmo
de critérios para abordar o real,segundo o que eu acho verdadeiro,o verdadeiro
saber.
É a cristalização do meu rompimento com a dialética,mas que
todo mundo deveria fazer,principalmente os militantes embotados e o cidadão
comum.
Conforme eu disse mais acima,a filosofia não é obrigatória,o
próprio Kant o afirmou,mas pode ajudar em problemas complexos e incruados na
vida social e politica,principalmemte esta última.
Em diversos outros textos eu demonstrei o quanto é decisivo
fazer uma associação sempre criativa com os saberes intelectuais ,digamos
assim,que são sempre apartados do mundo real,como inuteis e até que atrapalham
o caminho de desenvolvimento.
A filosofia tem uma importância decisiva na História.Gerardo
Mello Mourão dizia que só a erudição constrói sentido e história e é verdade.
Mas muitas vezes a construção de um filósofo individualizado passa por
egoismo,oferece perigos à integração social.Não foi assim com Sócrates?Isto é
realmente uma culpa da filosofia,do pensamento erudito?Fazer isto significa
atentar contra o bem comum?
A história demonstra que não ,mas mesmo assim,me preocupa
dar um papel mais pratico à filosofia,para fazer dela,partícipe livre da luta pela emancipação da humanidade.
Povos filosóficos,eruditos ,têm um nível de desenvolvimento extremamente
maior.Eu sei que o nazismo vai ser colocado aqui como crítica,mas quem fez o
nazismo não foram os grandes pensadores,mas os invejosos,os ressentidos,os que
queriam sê-lo e não conseguiram.As pessoas não notam isto.
Por causa desta contradição na Alemanha o intelectual é mal
visto até hoje.
O nazismo é fruto do recalcado ,não do realizador
legitimado.Portanto a contradição com o intelectual não existe,a não ser pelo
fato deste povo alemão ter aceitado desde o inicio uma plataforma racista,que
alguns intelectuais incorporaram.
Questões politicas eu não vou tratar aqui,mas faço questão
de ressaltar isto para manter o fio da meada com a cultura alemã e fazer dela
não um modelo,mas uma referência para nossas reflexões .E a partir daí
demonstrar o que quero com este texto.
O primeiro interesse já venho falando sobejamente.Colletti ,num
livro sobre a Revolução Francesa, afirmou acertadamente que uma das razões da eclosão do nazismo é a
falta de uma revolução como a francesa,mas ele poderia ter dito também que a
desconexão do iluminismo alemão com a politica prática gerou tal possibilidade.
A plataforma dos direitos humanos é francesa mas a discussão dos valores humanos está na Alemanha.Só que uma mediação separou estes dois lados:o
nacionalismo alemão.
Sem uma resposta politica prática os alemães se voltaram
para seu problema essencial,que era a divisão do país.Diversos modelos
unificadores foram tentados,com mais ou menos sucesso:o espirito do
povo(volksgeist);a questão racial;o problema das utopias do passado,ou seja,as
bases naconais da cultura alemã.
O iluminismo alemão tem um papel em tudo isto:a
superioridade do pensamento na Alemanha.A cultura filosófica,mas os frutos do
esclarecimento ainda não se deram.
Não se trata de um kantianismo,mas de uma corrente de
pensamento que se prolongou durante todo o século XIX e XX,primeiramente a
partir da sua aplicação sobre o direito,depois na própria filosofia mesmo.
Como eu disse os modelos nacionais vieram a substituir a estratégia
de direitos humanos e por isso Kant ficou ou mal interpretado ou esquecido.
Mas a partir da psicologia moderna pode retornar,através das
escolas de Baden e Hesse.
O esforço que fiz neste livro é para apresentar não só os
referidos elementos de militância republicana, a maior autonomização do sujeito social,do cidadão.
Mas eu proponho uma transcendentalidade a posteriori por entender não ser possivel abarcar o mundo ,que
é uma das noções mais importantes e fundamentais,creio,da vida
humana,principalmente hodiernamente.
Pensar que não podemos abarcar o mundo acaba com o
cientificismo do século XIX e de todas as épocas:o otimismo deste cientificismo
para o qual a causa é tudo e já é a base fundamental da utopia inquina sempre a estas afirmações como sendo
reacionárias ,pois desmotivariam o ser humano para a compreensão do mundo e
melhoria da sua condição.Seria uma postura obscurantista,mas a ciência não está
livre deste pecado,porque ela é sutilmente autoritária e repressiva e
excludente,quando se quer única detentora da verdade.
Se admitirmos que o momento seguinte é uma nova
possibilidade nós veremos que uma concepção cientificista fecha o mundo e ilude
a todos quanto ao tempo e ao movimento.
No fundo,a dialética e a ciência são
meta-históricos,contendo algo de supersticioso e mágico.A ciência verdadeira
não vai além da sua particularidade,mas a falsa é aquele que pensa que abarca o
mundo.
Então o fato de alguém não saber o que acontece sempre e em todo o lugar é a condição do novo,do progresso,do tempo e da mudança.
As filosofias modernas como a de Heidegger trabalham com esta
possibilidade .Antigamente falar em possibilidade era cair no possibilismo em
que não havia nada de compreensível ou real mas o que é incompreensivel são
estas filosofias que pretendem compreender o real sem antes analisá-lo,coma a s
de Hegel,Marx e até certo ponto Spinoza.
Estas filosofias estabelecem regras prévias a um mundo que
não tem regras e a acusação frequente de que s e segue ao possibilismo é a de um irresponsabilismo,mas o não conhecer é algo
que faz parte da vida humana e todas filosofias que fundamentam uma certeza são
psicopáticas ,agressivas e não respeitam o ser.
A proposta de um transcendentalismo a posteriori é
reconhecer esta impossibilidade de conhecer tudo,pelo viés kantiano e fundar
uma atitude real diante do mundo:uma coisa é a ciência outra a vida cotidiana
humana.Não é preciso uma filosofia ,um modelo para construir, mas trabalhar com
o cotidiano,com a experiência dos povos.
Fiz este trabalho a partir d e uma crítica ao conceito de
Husserl,o “Eu transcendental”,que me passa uma impressão de falso.Na medida em
que os filósofos não entendem que o
pensamento filosófico também é tocado pela experiência, fazem a distinção entre
filosofia,como pensamental e a ciência como experiência.
Desde sempre,desde que trato de Kant, eu trabalho com a ideia (materialista?)de que a experiência
participa deste Eu.
Contrariamente ao que pensa Husserl No Eu está o ego e
vice-versa(dialeticamente falando?).No ego está a experiência,da qual o eu
não se separa.
Aí sim existe um idealismo porque ele pensa que o invariável lógico que forma
na mente uma imagem,não tem a ver com a experiência,com a memória.
Como se pode fazer
esta imagem sem levar em consideração aquilo que já se tem na mente?
A contribuição que eu quis dar aqui com este livro é
exatamente mostrar como há um apriorismo legitimo ,que nos conduz a novas
descobertas.