Dentro
da filosofia(metafísica)de Spinoza há um momento muito apreciado por Gilles
Delleuze(que se suicidou):aquele em que Spinoza notava a força da natureza vendo duas aranhas brigando.
As
crônicas dão conta que Spinoza ria ao vê-la(a natureza)em seu momento
afirmativo ,potencial ,o que confirmava a sua visão sobre ela(natura
naturans).
Contudo
ao assistir ao filme “Kundun” ,uma determinada sequencia põe em xeque esta
concepção.
Vejam:
A
sequência muito bem elaborada descortina a figura do kundun,do pretendente a
Dalai Lama,em meio à agitação.Ele está sentadinho e quando a Câmera se aproxima
mostra-o observando a luta de dois escaravelhos.
Num
determinado momento ele os separa e coloca um deles numa fresta da parede de uma
casa de tijolos.
Isto
me fez lembrar o que disse certa feita Delleuze sobre o significado da Filosofia
de Spinoza:Spinoza gostava de ver aranhas se digladiando e sorria diante deste
fenômeno(diferentemente do Kundun),porque mostrava a força da natureza,a
manifestação de sua potencialidade(dir-se-á de Deus[?])imanente.
Imanência
é o conceito fundamental da filosofia metafísica de Spinoza.
Por
intuição sempre entendi que este fenômeno ,se transposto para a vida social
,como modelo natural,baseava posturas cruéis e de justificação da dor.
Nietzsche
,que é de certa forma um seguidor de Spinoza entende-o da mesma maneira que seu
mestre:as mudanças na vida implicam na crueldade de aceitação da dor(digo
eu:não como finalidade,mas como eventualidade necessária).
Quando
adolescente li no manual do púbere virgem do Dr. Fritz Kahn, “Nossa Vida sexual”,
que houve tentativas de criar o chamado “parto sem dor”,a minha indefectível intuição
me levou a pensar a vida toda que o
homem poderia e deveria intervir na natureza para aliviar a dor.
E
mais do que isto: a constatação cientifica de que o homem adquiriu a dor do
parto em razão da superação da sua
condição animal para uma humana e social(estão inter-ligados),me confirmou
ainda mais a minha direção intuitiva face a este problema.
Mas
o que mais me chama a atenção é que o sistema metafísico obscurece e distorce as
maiores e melhores qualidades do filósofo:se ele de um lado defende uma
liberdade a partir da superação da superstição(através do conhecimento[das “leis da natureza”])está
preso a este modelo natural como base da
consideração da sociabilidade.
Aquilo
que é natural é legitimo?O homem não pode e não deve intervir?Como Hobbes ele
encara a relação de violência da vida como parte(natural)dela?Ou uma
inevitabilidade(Hobbes)?
Perguntas
que eu vou responder nos próximos artigos sobre este grande filósofo.
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