quinta-feira, 27 de junho de 2024

Um momento De Spinoza

 



Dentro da filosofia(metafísica)de Spinoza há um momento muito apreciado por Gilles Delleuze(que se suicidou):aquele em que Spinoza notava  a força da natureza vendo duas aranhas brigando.

As crônicas dão conta que Spinoza ria ao vê-la(a natureza)em seu momento afirmativo ,potencial ,o que confirmava a sua visão sobre ela(natura naturans).

Contudo ao assistir ao filme “Kundun” ,uma determinada sequencia põe em xeque esta concepção.

Vejam:

A sequência muito bem elaborada descortina a figura do kundun,do pretendente a Dalai Lama,em meio à agitação.Ele está sentadinho e quando a Câmera se aproxima mostra-o observando a luta de dois escaravelhos.

Num determinado momento ele os separa e coloca um deles numa fresta da parede de uma casa de tijolos.

Isto me fez lembrar o que disse certa feita Delleuze sobre o significado da Filosofia de Spinoza:Spinoza gostava de ver aranhas se digladiando e sorria diante deste fenômeno(diferentemente do Kundun),porque mostrava a força da natureza,a manifestação de sua potencialidade(dir-se-á de Deus[?])imanente.

Imanência é o conceito fundamental da filosofia metafísica de Spinoza.

Por intuição sempre entendi que este fenômeno ,se transposto para a vida social ,como modelo natural,baseava posturas cruéis e de justificação da dor.

Nietzsche ,que é de certa forma um seguidor de Spinoza entende-o da mesma maneira que seu mestre:as mudanças na vida implicam na crueldade de aceitação da dor(digo eu:não como finalidade,mas como eventualidade necessária).

Quando adolescente li no manual do púbere virgem do Dr. Fritz Kahn, “Nossa Vida sexual”, que houve tentativas de criar o chamado “parto sem dor”,a minha indefectível intuição me levou a  pensar a vida toda que o homem poderia e deveria intervir na natureza  para aliviar a dor.

E mais do que isto: a constatação cientifica de que o homem adquiriu a dor do parto  em razão da superação da sua condição animal para uma humana e social(estão inter-ligados),me confirmou ainda mais a minha direção intuitiva face a este problema.

Mas o que mais me chama a atenção é que o sistema metafísico obscurece e distorce as maiores e melhores qualidades do filósofo:se ele de um lado defende uma liberdade a partir da superação da superstição(através  do conhecimento[das “leis da natureza”])está preso  a este modelo natural como base da consideração da sociabilidade.

Aquilo que é natural é legitimo?O homem não pode e não deve intervir?Como Hobbes ele encara a relação de violência da vida como parte(natural)dela?Ou uma inevitabilidade(Hobbes)?

Perguntas que eu vou responder nos próximos artigos sobre este grande  filósofo.



 

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