Prefácio
O
meu objetivo ao reunir estes livros de artigos é procurar acompanhar a passagem
do tempo e garantir uma certa utilidade deles para o futuro.
Sempre
foi o meu interesse e minha inspiração
escrever textos duráveis ou que pelo menos representassem uma fonte futura de
compreensão do nosso presente.
Nem
os melhores cronistas de época
conseguiram facilmente isto aí.
Mas,eu
como eles,faço tudo o que posso para superar esta barreira sem saber realmente
se conseguirei .
Antes
é muito mais provável que não.Ainda assim me esforço fazendo destes escritos
uma forma de exercício de esperança de
comunicação ,de contato com o outro,como na figura de Bosch :
O contato possível entre as emoções,os sentimentos,os valores,tudo o que provém de seres viventes “ inteligentes” é algo que se procura sempre na vida e é uma das condições de sua reprodução,quiçá infinita e eterna(coletiva ou individualmente?).
Quantas
vezes eu mesmo não peguei livros antigos de crônicas e folheei e não vi mais necessidade de continuar.
As
famosas crônicas muito bem escritas de Carlos Drummond de Andrade ,já,no final
da vida do grande poeta ou as politicas de Carlos Castelo Branco sobre a
ditadura militar.
Ainda
assim o referido exercício é mais que exigível,esperando eventualmente e
casualmente que seu trabalho sirva ao escopo ultimo de mostrar um pouco do que
foi o tempo em que foram escritas.
Vale
a pena dar uma Ajuda ao futuro pesquisador que fará o mesmo que todos,mas vai
encontrar algo que acrescente sobre seu estudo.
Os
títulos apenas servirão para dar um sentido a este tempo em que os artigos
procuraram fixar.
Uma
tendência se tirará deles e a
desimportância do escritor ficará esquecida diante dela.
Então
o esforço que acompanha toda a esperança vai ter o seu significado no futuro.
Penso
que se o tempo passa mais ainda,tal não implica numa perda definitiva.
Havendo
uma hecatombe nuclear ,séculos e séculos adentro sem nada poderão esbarrar em
alguma coisa que o articulista escreveu para dar uma noticia do profundo do
tempo sobre aqueles que viveram aqui.
Uma
vez eu escrevi um artigo sobre O Rei Lear:se algum viajante do futuro chegasse
aqui ,num planeta vazio,poderia reconstruir a humanidade a partir de um
exemplar do texto que tivesse sobrevivido.
Em
termos humanitários estes viajantes estariam aptos a fazer aquilo que Joyce queria com o Ulysses:reconstruir a
cidade de Dublin.
Toda
a obra tem como sonhar em ser imortal se se pensar desta forma,em termos
longevos de tempo profundo.
Quem
diria que uma desconhecida mulher primitiva,que morreu no chifre da
África,grávida,tentando com sua tribo chegar ao que é hoje o golfo de Aden,se
tornasse uma figura universal e instrutiva sobre o caminhar da humanidade pelo
globo?
Assim
pode acontecer comigo e com toda a
pessoa que luta contra a mortalidade conscientemente.
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