domingo, 30 de junho de 2024

Prefácio do meu novo livro de artigos

                                                                         Prefácio

O meu objetivo ao reunir estes livros de artigos é procurar acompanhar a passagem do tempo e garantir uma certa utilidade deles para o futuro.

Sempre foi o meu interesse e  minha inspiração escrever textos duráveis ou que pelo menos representassem uma fonte futura de compreensão do nosso presente.

Nem os melhores cronistas de época  conseguiram facilmente isto aí.

Mas,eu como eles,faço tudo o que posso para superar esta barreira sem saber realmente se conseguirei .

Antes é muito mais provável que não.Ainda assim me esforço fazendo destes escritos uma forma   de exercício de esperança de comunicação ,de contato com o outro,como na figura de Bosch :




 

 O contato possível entre as emoções,os sentimentos,os valores,tudo o que provém de seres viventes “ inteligentes” é algo que se procura sempre na vida e é uma das condições de sua reprodução,quiçá infinita e eterna(coletiva ou individualmente?).

Quantas vezes eu mesmo não peguei livros antigos de crônicas e folheei e não vi  mais necessidade de continuar.

As famosas crônicas muito bem escritas de Carlos Drummond de Andrade ,já,no final da vida do grande poeta ou as politicas de Carlos Castelo Branco sobre a ditadura militar.

Ainda assim o referido exercício é mais que exigível,esperando eventualmente e casualmente que seu trabalho sirva ao escopo ultimo de mostrar um pouco do que foi o tempo em que foram escritas.

Vale a pena dar uma Ajuda ao futuro pesquisador que fará o mesmo que todos,mas vai encontrar algo que acrescente sobre seu estudo.

Os títulos apenas servirão para dar um sentido a este tempo em que os artigos procuraram fixar.

Uma tendência  se tirará deles e a desimportância do escritor ficará esquecida  diante dela.

Então o esforço que acompanha toda a esperança vai ter o seu significado no futuro.

Penso que se o tempo passa mais ainda,tal não implica numa perda definitiva.

Havendo uma hecatombe nuclear ,séculos e séculos adentro sem nada poderão esbarrar em alguma coisa que o articulista escreveu para dar uma noticia do profundo do tempo sobre aqueles que viveram aqui.

Uma vez eu escrevi um artigo sobre O Rei Lear:se algum viajante do futuro chegasse aqui ,num planeta vazio,poderia reconstruir a humanidade a partir de um exemplar do texto que tivesse sobrevivido.

Em termos humanitários estes viajantes estariam aptos a fazer aquilo que  Joyce queria com o Ulysses:reconstruir a cidade de Dublin.

Toda a obra tem como sonhar em ser imortal se se pensar desta forma,em termos longevos de tempo profundo.

Quem diria que uma desconhecida mulher primitiva,que morreu no chifre da África,grávida,tentando com sua tribo chegar ao que é hoje o golfo de Aden,se tornasse uma figura universal e instrutiva sobre o caminhar da humanidade pelo globo?

Assim pode acontecer comigo e com toda  a pessoa que luta contra a mortalidade conscientemente.


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