O essencial da direita
Quando
eu era pequeno,vigiado por meu pai stalinista,morria de rir com aqueles
programas de Flavio Cavalcanti ,com os famosos juris que julgavam os calouros
daquele tempo.
Eu
adorava sobretudo a figura de Marcia de
Windsor ,uma espécie de bolo de noiva ,que sempre dava nota 10 a quem ia lá.
Por
pior que fosse o candidato ela dava dez: “meu amor ,pelo seu esforço de vir
aqui cantar é nota dez!”.Como Carlos Imperial sempre desancava o calouro ela dizia: “não liga para o Carlos
Imperial não meu bem,ele é recalcado”.
Eu
rolava de rir.
Mas
só na idade adulta recente notei que este tipo de júri do passado era uma das
formas de expressão de um conceito essencial da direita,que Nelson Rodrigues
popularizou,mas que não era dele,mas da corrente de pensamento que ele seguia: “
toda a unanimidade é burra”.Nós poderíamos acrescentar a peça “Bonitinha,mas ordinária”,com a
afirmação,atribuída a Otto Lara Resende: “mineiro só é solidário no câncer”.
Mas
isto veio tudo dos criadores da direita moderna ,aqueles que se opuseram ao
discurso totalizador da Revolução Francesa,que é o mesmo das Revoluções de
esquerda: “nós representamos a humanidade inteira”.
São
os irmãos De Maistre e principalmente,neste caso,De Bonald,cujo fulcro do
pensamento foi mostrar que estas revoluções não conseguiam expressar o âmago da
sociedade e que tal proposta é falsa.
Ao
longo do tempo múltiplas interpretações apareceram no rastro deste conceito essencial
que é a maior contribuição legitima da direita.
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