É
conhecida a afirmação de Freud sobre a religião caracterizando-a
como a “ neurose obsessiva da humanidade”.Para enfrentar a
inadequação com a realidade,que é insuficiente para a
subjetividade e mais do que isto,impõe limites intoleráveis(como a
morte)o homem inventou a religião.
Assim
sendo o sofrimento de Cristo seria inteligivel dentro desta
visão,como um modo de tornar suportável o insuportável.Os deuses
em geral seriam assim.E a religião em torno deles cumpriria uma
função de manutenção deste escopo.
Ao
longo da História do pensamento esta caracterização foi sempre
feita de diversos modos,bastando lembrar Feuerbach e Marx,mas ambos
os fenômenos são mais complexos do que a pura constatação de sua
inobjetividade,de sua inadequação com o rela.Quero dizer, a pura
oposição do real ao mito falseia o mundo e mantém o homem iludido
e desviado de suas tarefas principais,inclusive e principalmente
consigo mesmo.
Algo
se dizia e se diz ,semelhante,sobre os romances e as artes.Onde
haveria uma figura como a de Dom Quixote?Ou de qualquer personagem da
literatura?Não é importante,para mim,pelo menos,saber se Cristo é
real ou não.Ele é como Dom Quixote ou o Capitão Rodrigo de Érico
Veríssimo:um resumo da humanidade em seu significado mais
importante,a dor do mundo,que é a única coisa que unifica o ser
humano em todas as épocas,como um transcendente trans-histórico
permanente.
Cristo
é uma metáfora,mas ele é mais do que isto.Não é um elemento da
arte.Ele é isto na medida em que a arte expressa tendências da vida
que devem ser expostas diante do ser humano.
Na
medida em que estas mediações se imbricam com a religião não se
pode concordar com a visão de Freud,a não ser quanto à expectativa
sempiterna de compensação,mas como fenômeno humano ela atende,como
Cristo ,a necessidades construtivas de sentido,de elaboração de
sentido,de comunicação de valores e idéias.
Como
Feuerbach e Marx,Freud padece um pouco de cientificismo e não vê
totalmente claro que as suas próprias contribuições municiam a
subjetividade de uma autonomia ,em cujo âmbito a religião e os
personagens dentro dela, adquirem um significado positivo de
portadores de valores,significados e idéias.
Toda
a discussão sobre a inadequação do mito com o real,a perversão
eventual das superstições,é válida,mas este núcleo básico não
se altera.
Cristo,como
Dom Quixote,expressa milhões de pessoas que sofrem e que não foram
ajudados(ainda)pela ciência e pela politica e que vêem na sua
figura um modo de expressão.
E
no caso de Freud,que preconizava a aproximação do terapeuta com o
sofrimento do paciente,para ajudá-lo a “curar-se”,a figura
sofredora de Cristo oferece um ensinamento(pedagogia) técnico ao
terapeuta:que o sofrimento é real(adequado)e não sempiterno.
É
conhecida a afirmação de Freud sobre a religião caracterizando-a
como a “ neurose obsessiva da humanidade”.Para enfrentar a
inadequação com a realidade,que é insuficiente para a
subjetividade e mais do que isto,impõe limites intoleráveis(como a
morte)o homem inventou a religião.
Assim
sendo o sofrimento de Cristo seria inteligivel dentro desta
visão,como um modo de tornar suportável o insuportável.Os deuses
em geral seriam assim.E a religião em torno deles cumpriria uma
função de manutenção deste escopo.
Ao
longo da História do pensamento esta caracterização foi sempre
feita de diversos modos,bastando lembrar Feuerbach e Marx,mas ambos
os fenômenos são mais complexos do que a pura constatação de sua
inobjetividade,de sua inadequação com o rela.Quero dizer, a pura
oposição do real ao mito falseia o mundo e mantém o homem iludido
e desviado de suas tarefas principais,inclusive e principalmente
consigo mesmo.
Algo
se dizia e se diz ,semelhante,sobre os romances e as artes.Onde
haveria uma figura como a de Dom Quixote?Ou de qualquer personagem da
literatura?Não é importante,para mim,pelo menos,saber se Cristo é
real ou não.Ele é como Dom Quixote ou o Capitão Rodrigo de Érico
Veríssimo:um resumo da humanidade em seu significado mais
importante,a dor do mundo,que é a única coisa que unifica o ser
humano em todas as épocas,como um transcendente trans-histórico
permanente.
Cristo
é uma metáfora,mas ele é mais do que isto.Não é um elemento da
arte.Ele é isto na medida em que a arte expressa tendências da vida
que devem ser expostas diante do ser humano.
Na
medida em que estas mediações se imbricam com a religião não se
pode concordar com a visão de Freud,a não ser quanto à expectativa
sempiterna de compensação,mas como fenômeno humano ela atende,como
Cristo ,a necessidades construtivas de sentido,de elaboração de
sentido,de comunicação de valores e idéias.
Como
Feuerbach e Marx,Freud padece um pouco de cientificismo e não vê
totalmente claro que as suas próprias contribuições municiam a
subjetividade de uma autonomia ,em cujo âmbito a religião e os
personagens dentro dela, adquirem um significado positivo de
portadores de valores,significados e idéias.
Toda
a discussão sobre a inadequação do mito com o real,a perversão
eventual das superstições,é válida,mas este núcleo básico não
se altera.
Cristo,como
Dom Quixote,expressa milhões de pessoas que sofrem e que não foram
ajudados(ainda)pela ciência e pela politica e que vêem na sua
figura um modo de expressão.
E
no caso de Freud,que preconizava a aproximação do terapeuta com o
sofrimento do paciente,para ajudá-lo a “curar-se”,a figura
sofredora de Cristo oferece um ensinamento(pedagogia) técnico ao
terapeuta:que o sofrimento é real(adequado)e não sempiterno.