O drama da
igualdade e da desigualdade
Kruschev ao fazer a desestalinização
em 1956 incorreu na ira de Mao Tsé-Tung,que não a aceitou.
Na primeira visita de Kruschev à
China,Mao fez questão de mostrar esta discordância, humilhando o premiê
soviético,fazendo-o nadar na piscina,com uma bóia,como se fosse uma criança....
Nas suas “ Memórias” Kruschev observou
certos erros de Mao na hora da condução do “ Grande Salto para a
Frente”,os quais ele vira também na “Coletivização Forçada” de Stalin:Mao
afirmou(e também Stalin),contrariando o fundamento do comunismo ,que a idéia de
“cada uma segundo a sua capacidade e cada um segundo sua necessidade” era
essencialmente “ burguesa” e que por isto todo o processo de construção do
socialismo deveria seguir um rígido
igualitarismo.
Até aos dias de hoje esta distorção
do pensamento comunista,que Marx não aceitava e não preconizava(Critica ao Programa
de Gotha)segue sendo a “ base” do “ pensamento” destes radicais de esquerda
,alguns que vêm aqui para me jogar pedras,sem nunca ter passado da orelha de seus
livros(como é o caso de Mao-Tsé-Tung(e porque não Kruschev,que aprendeu na
prática o erro destas premissas.)
Kruschev “aconselhou” Mao a não
entrar por este caminho e a reconhecer as diferenças entre as pessoas,os trabalhadores.
Na
perestroika,Gorbachev desejava reconhecê-lo ainda de modo mais profundo
e a sua implementação ,num sistema já quase paralisado,o pôs abaixo,por razões
que eu não vou discutir aqui,mas em outro texto.
Da leitura da “Ideologia Alemã”,na
parte referente ao comunismo,se depreende que Hannah Arendt tinha razão ao
associar o comunismo em geral e a proposta de Marx em particular ao
liberalismo(em seu livro “A Condição Humana”):no fundo o que Marx quer é que
cada homem tenha condição de ser livre individualmente.A luta é coletiva,não coletivista
;é o objetivo para todos,mas não igualitariamente,porque as pessoas são
diferentes.Este Ideal é para todos e tem que mudar o modo-de-produção.
É como dizia o dramaturgo brasileiro
Jorge Andrade: “libertar o homem do homem”.Este projeto é liberal e todas as
correntes contestatórias,socialistas,anarquistas e comunistas o querem
igualmente.
No inicio da atividade revolucionária
e de construção da utopia admitir a desigualdade é ruim,mas a médio prazo se
não o aceitar o sistema cai por terra.
E é fácil falar nas diferenças quando
se está por cima,à frente dos outros,mas aquele que está atrás,se ressente .É
sabido que os países menos invejosos são os que distribuem melhor a renda e em
que a distância entre as pessoas é menor,bem como o usufruto das benesses da
produção são divididos por cima e por quase toda a sociedade(quase).
A consequencia de tudo isto é que há
uma discrepância evidente entre o pensamento comunista e socialista original e
a de comunismo identificada com o socialismo real,que é mais afeito a uma
religião cientificista,objetivista e atéia(outra contradição terrível).
Nesta predomina o principio de “dividir a escassez”,os poucos
bens de que todos dispõem.Como ordenou
Ananias ,confessor e batista de São Paulo,às comunidades cristãs do primeiro século.
Mas isto não tem nada a ver com o comunismo,no sentido de Marx
e ,portanto,a liberdade individual,de progredir,não é uma contradição com a idéia e nem ,muito menos,uma traição aos
outros,à comunidade:progredir individualmente é pressuposto,sine qua non ,da
utopia.