sábado, 12 de agosto de 2023

Duas notas de meu novo livro sobre o problema da desigualdade

 6-Logo no inicio Marx se refere ao problema citando Rousseau: “ Se os homens fossem iguais bastava copiar Rousseau aqui inteiramente”.

7-E Engels ,em um dos prefácios posteriores à morte de Marx diz: “é lógico que há diferenças entre as pessoas nos diversos paises”.

8-Hannah Arendt tratou desta relação de Marx com os liberais estudando a “Ideologia Alemã”,na parte referente ao comunismo,em que Marx propõe uma liberdade que é inteiramente liberal,que é um sonho liberal:ele afirma que o homem,se libertando,da faina diária,poderia ser muitas coisas,se tivesse tempo livre.

Para ter tempo livre produziria exponencialmente e guardando o produto do seu trabalho,teria como descansar mais tempo.Para manter esta situação era só manter a produção neste nivel exponencial de modo que o homem “ livre da canseira(Brecht[Vida de Galileu]),poderia “ser operáriod e manhã,artista de tarde e amante de noite”(Ideologia Alemã).

9-Isto está nas “Memórias de Kruschev” e faz parte do debate entre o lider soviético e Mao sobre o problema da transição do socialismo ao comunismo:para o soviético(acertadamente a meu ver),o igualitarismo é uma forma de idealização e negação do real e que conduziria o “ Grande Salto para a frente” para o desastre,como se deu na “ Coletivização pelo alto” de Stalin(na qual Kruschev participou como aparato repressivo).


segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Bobajadas de Marx quanto ao problema da transição

 


Lendo um dos capitulos de Stephen Cohen sobre Bukharin,autor que está na raiz dos problemas de transição do socialismo para o comunismo,vejo que este último ,no calor dos debates e tentativas de realização do seu projeto usou uma das afirmações de Marx mais toscas e irresponsáveis já vistas.

O problema é o mesmo de sempre e a referência a mesma:a critica ao programa de gotha.Durante muito tempo muita gente sempre usou este livro para mostrar(e não estão errados)que Marx tem uma relação sim com os liberais(Hannah Arendt descortinou-o na “ Condição Humana”),pois reconhecia que os homens não eram iguais,como pontuara Locke.

Em outro passo,ou melhor,num dos prefácios póstumos feitos por Engels ele dizia que as pessoas eram realmente minimamente diferentes,mas a sua observação parecia um pouco duvidosa e inserida em meio a um debate provocado pela obra,o qual reverbera ainda hoje e nestas linhas.

No entanto, em outros momentos Marx voltava a ser o que era:um cientificista do século XIX,um tanto quanto tosco também.Nas acaloradas discussões dos anos 20 na URSS Bukharin recebeu uma crítica exatamente com base neste ponto ,o da desigualdade humana ,como condição de desenvolvimento.

Dois teóricos fundamentais eram o próprio Bukharin e Preobrajhensk,mais ligado a Trotsky.Este ultimo defendia uma acumulação socialista ainda mais predatória do que a do capitalismo e Bukharin discordava por não querer copiar aquilo que era desejava superar:o modo de produção.

Quando ,no entanto,alguns quiseram introduzir no seu pensamento formas liberais que consagravam principios mais liberias e juridicos de distribuição,reconhecendo a s diferenças entre os homens,denegou,porque achava,como Marx,que estes critérios de justiça distributiva ou comutativa eram meras bobagens,formas de ocultar a exploração.

A vida e a história expuseram as consequencias deste descaso tosco de Marx e Bukharin:a falta destes limites inviabilizou a transição e favoreceu o mecanismo d e força e imposição da “ coletivização pelo alto” de Stalin,que nada mais é do que uma variação da formação do estado/nação no e do ocidente,que,como sabemos foi violenta por séculos,até à consolidação.