Na
medida em que não fica claro que a lei do valor de Marx incida,algumas visões
sobre o capitalismo e a realidade em que vivemos,de exploração e desigualdade ,devem
ser explicadas,para que não hajam dúvidas quanto às minhas posições hoje.
Em
primeiro lugar não quer dizer que a exploração deixou de existir:ela se
pulverizou em muitas formas.
Quando
há condições de elevar os salários e tal não é feito,há exploração;quando
certos setores da sociedade ganham
salários diferentes ,há exploração;quando barreiras são criadas ao
desenvolvimento dos coletivos e das pessoas individualmente,há exploração.
Mas
a discussão sobre o modo de ver de Marx me impôs uma revisão de porque o capitalismo
entra em crise,o que tem a ver com um
problema da própria humanidade em toda a sua história:a humanidade,como todo
homem individualmente ,nasce sem conhecimento do mundo ao seu redor e neste
processo de “aprendizagem” e compreensão do seu entorno as exigências de sobrevivência impõem modos de organização
que só prejudicam a ela própria e
distorcem este seu caminho no tempo.
O
ponto de partida é sempre ruim e quando ela adquire experiência e compreensão
real de como as coisas funcionam e devem ser entendidas,todo este entulho do
passado a oprime,a dificulta,no seu propósito de utopia,de achar uma sociedade
ideal.
É
aquilo que Comte diz e que foi a frase de final de vida do Marechal Rondon(segundo
o testemunho de Darcy Ribeiro): “ cada vez mais os vivos são governados pelos
mortos”;ou como diz Marx em o 18 brumário: “As tradições do passado oprimem
como um pesadelo o cérebro dos vivos”.
A
época contemporânea é aquela que admite o tempo e o movimento como realidades
decisivas do mundo.Ela se coloca permanentemente no dever de auto-atualização,por
exigência subjetiva e objetiva.
Era
possível à humanidade,se este entulho
não existisse ,construir a utopia(?).Porque não se dá desta forma?
A
minha resposta é a seguinte:pelas
condições a que nos referimos,mas não só,o homem tem mais dificuldade em
construir mediações liberadoras do que se desviar nas relações imediatas.
Explico:é
como Malthus pontuou.Não é que eu desconsidere aquilo que Marx destacou no seu(dele)pensamento:claro
que ele tem uma ideologia justificadora da guerra e da limpeza da
sociedade,coisa que reverberou até nos nazistas.O que eu digo,no entanto,é que
ele tem razão ao afirmar que é fácil reproduzir-se e bastante difícil construir
as condições de alimentar este crescimento populacional.
A
discrepância destes dois movimentos não é causado por ela própria ,sem a
intervenção dos interesses de classe ,mas estes não são a causa única e
reproduzem aquilo que já é um problema da sociedade na sua relação com o mundo.
Contudo
existem discrepâncias também na
democracia:a similitude é a mesma que esta aí.A democracia tem uma obrigação de
solução dos problemas da sociedade para além das suas imensas vantagens
existenciais,pois ela não existe sem o principio da liberdade,que reconhece.
Contudo
se existencialmente,isto é,no plano individual, ela é ótima ,na imediação,na
hora de construir a utopia,na mediação,esta infinidade de pessoas dificulta e
qualquer ruido a põe em perigo.
Na
verdade são três problemas que se imbricam:Malthus,a exploração no capitalismo
e a democracia.