terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Conosce te Ipsum II

Não é tanta coisa assim

Eu ,se observarem as minhas atividades nos blogs ,não me disperso tanto assim:eu trato de marxismo,das disciplinas humanas,principalmente filosofia,no blog temas e no blog conhecimento eu trato dos assuntos diários e corriqueiros de cultura e politica.
Tudo o mais é aprofundamento destes três “ escaninhos” digamos assim,das minhas atividades principais.Certo,acrescento análises esportivas,futebolisticas,que parece que causam espécie em certas rádios aqui do Rio de Janeiro.Eu acompanho futebol desde 1971 e diuturnamente,pelo quê me considero capaz de falar muito bem sobre o assunto.
Recordo-me uma vez alguém próximo a mim que acusou Albino Pinheiro de não ter qualificações para falar de Carnaval,porque não tinha feito faculdade.O Brasil,país influenciado pela tradição estatizante ibérica,valoriza só o canudo,mas há muita gente que conhece o livro da vida do mundo mais do que muitos possuidores de canudos.Além do mais o livro mais importante é o da vida.O livro do mundo,como dizia Descartes.
Uma das razões que identifico como causadora do desinteresse do brasileiro em ler,o que torna as campanhas em contrário,destinadas ao fracasso,é este moralismo de fazer leituras por dever,quando as necessidades cotidianas são tão importantes quanto o ato de ler,havendo,pois,obrigação relacionar as duas mediações de maneira criadora.
É o que dizia Carl Sagan:”Não há como fazer as pessoas se interessarem por ciência se não a tornarmos interessante”.
A minha atividade de pesquisador é profissional sim,mas procurando incluir também as pessoas que não o são.Por isto uso um estilo de linguagem palatável,sem prejuízo do rigor.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Conosce te ipsum

Petição de princípio.
Continuam os questionamentos indiretos sobre a validade do meu trabalho.Uns dizem que sou comentarista,outros que não tenho uma profissão,uma unidade a ser compreendida pelos outros.
Mas eu repito o que tantas vezes tenho dito aqui:não sou comentarista,sou um publicista,que é alguém que publica alguma coisa que pesquisou.Sou um pesquisador.Lógico que nesta atividade existe muito de comentário e o comentário também propicia o mesmo resultado que uma pesquisa:uma prospecção constante de possibilidades no estudo da vida ,do mundo ,da experiência e do conhecimento em geral.
Se isto vai ter um significado transcendente,transtemporal eu não sei,mas coisas novas aparecem neste meu trabalho.
Mas o trabalho expressa a vida do pesquisador e a minha vida tem um elemento unificador desde a minha tenra infância:a utopia.A única coisa que me preocupou desde pequeno foi como ajudar o Brasil e a humanidade a se emancipar,a sair da miséria e do sofrimento.
A minha interdisciplinaridade é toda voltada para este escopo:a epistemologia e o conhecimento em geral como direitos de todos e como primeiro e necessário passo para “ transferir o poder para o povo”.Povo livre não é aquele que tem um fuzil na mão ou que esteja armado,como queria Guevara ,mas o que detém o conhecimento e pode buscá-lo e produzi-lo por si mesmo,como qualquer douto.
O conhecimento não se manifesta só pela ciência e nem se reduz a ela:tudo o que o homem faz,na arte,no trabalho,na filosofia,na vida cotidiana,nas relações sociais ,é conhecimento.Por isto trato de todos estes assuntos.
A politica é o meio de se chegar à utopia e também trato dela com os mesmos objetivos.
Assim todos os ramos de que falo nos meus textos entram neste projeto de vida.Não se trata de diletantismo,mas de mostrar que a erudição e a interdisciplinaridade intelectual são as únicas capazes de produzir sentido e história.A compreensão do ser humano é interdisciplinar,porque o ser humano não é uma coisa só,mas tudo.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Johan Strauss Pai e Filho

Continuando o artigo anterior,devo dizer que,neste contexto competitivo familiar todo,a posse não é tão ruim ou ilegítima assim.
Manda o aprendizado do solidarismo dividir as coisas e não ser exclusivista,mas toda pessoa conservadora,que luta muito para construir alguma coisa,não querer perdê-la e dividi-la com aqueles que não participaram da sua realização ou que não tem condições de usufruir dela.
Não existe na vida nenhum princípio absoluto.O absoluto não existe.E dizer que o solidarismo é o responsável pelo melhor da condição humana não é ,de modo nenhum,uma verdade absoluta.
O modo como se conduz isto é que determinará a eclosão ou não de ressentimentos entre as pessoas que vivem neste contexto complexo.
As relações entre Johan Strauss I e II são deste tipo,mas não houve ressentimentos,mostrando que incidindo uma condução honesta e sincera,segundo fundamentos legítimos, a competição e a defesa de si próprio e de suas posses não gera a morbidez e os ressentimentos tão perigosos na vida familiar e social.
Cada um seguiu o seu caminho ,como Freud e as irmãs,sem remoer estas dificuldades entre pai e filho.
É possível,pois,construir desde a tenra infância uma visão solidária sem suprimir as diferenças entre as pessoas,ensinando o reconhecimento destas diferenças e distribuindo a cada um segundo a sua capacidade o seu quinhão devido.
Esta última afirmação nos remete aos princípios fundamentais do comunismo.O comunismo prospera ,no entanto,não na pobreza,mas em sociedades organizadas e já com um determinado nível de classe média geral.
A pobreza,a escassez ,exigem um solidarismo salvador.É aí que está a origem da visão comunitária,em muitos movimentos,como o cristianismo e o comunismo e é aí que surgem os ressentimentos:se nesta conjuntura de igualdade por baixo alguém se destaca é massacrado ou desencadeia os referidos ressentimentos.
Aquele que tem uma propriedade é odiado por aquele que não tem.Aquele que não tem bens consumíveis odeia o que tem e os regimes comunistas ,totalmente sem fundamento,buscando só socializar a miséria ,constróem elos puramente ideológicos para manter a sociedade unida,usando,como o cristianismo católico,o despojamento material,uma moralidade despojada.

Continuando o artigo anterior,devo dizer que,neste contexto competitivo familiar todo,a posse não é tão ruim ou ilegítima assim.
Manda o aprendizado do solidarismo dividir as coisas e não ser exclusivista,mas toda pessoa conservadora,que luta muito para construir alguma coisa,não querer perdê-la e dividi-la com aqueles que não participaram da sua realização ou que não tem condições de usufruir dela.
Não existe na vida nenhum princípio absoluto.O absoluto não existe.E dizer que o solidarismo é o responsável pelo melhor da condição humana não é ,de modo nenhum,uma verdade absoluta.
O modo como se conduz isto é que determinará a eclosão ou não de ressentimentos entre as pessoas que vivem neste contexto complexo.
As relações entre Johan Strauss I e II são deste tipo,mas não houve ressentimentos,mostrando que incidindo uma condução honesta e sincera,segundo fundamentos legítimos, a competição e a defesa de si próprio e de suas posses não gera a morbidez e os ressentimentos tão perigosos na vida familiar e social.
Cada um seguiu o seu caminho ,como Freud e as irmãs,sem remoer estas dificuldades entre pai e filho.
É possível,pois,construir desde a tenra infância uma visão solidária sem suprimir as diferenças entre as pessoas,ensinando o reconhecimento destas diferenças e distribuindo a cada um segundo a sua capacidade o seu quinhão devido.
Esta última afirmação nos remete aos princípios fundamentais do comunismo.O comunismo prospera ,no entanto,não na pobreza,mas em sociedades organizadas e já com um determinado nível de classe média geral.
A pobreza,a escassez ,exigem um solidarismo salvador.É aí que está a origem da visão comunitária,em muitos movimentos,como o cristianismo e o comunismo e é aí que surgem os ressentimentos:se nesta conjuntura de igualdade por baixo alguém se destaca é massacrado ou desencadeia os referidos ressentimentos.
Aquele que tem uma propriedade é odiado por aquele que não tem.Aquele que não tem bens consumíveis odeia o que tem e os regimes comunistas ,totalmente sem fundamento,buscando só socializar a miséria ,constróem elos puramente ideológicos para manter a sociedade unida,usando,como o cristianismo católico,o despojamento material,uma moralidade despojada.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Freud e o pai IV

Dentro deste meu caminho de análise da relação de Freud com o pai trato dos pais opressivos e uso como objeto de estudo dois casos que me impressionaram,curiosamente de dois músicos,dois pares de músicos:Villa-lobos e seu pai e Johan Strauss Júnior e Strauss pai.Na verdade o último par é mais importante porque elucidativo do que quero dizer aqui.
Do que se trata aqui é da inveja dos pais quanto aos filhos em seu crescimento cultural e social,sem falar no sexual.
É um fato escondido por muitos que a obrigação social e religiosa do casamento força muitas vezes pessoas constrangidas ao enlace.Outros fatores incrementam o problema:imaturidade,medo de certas acusações ,perda de poder e condição financeira.Mas o essencial é que tudo se resume na obrigação.O enlace se torna uma prisão e mais do que isto numa desabalada carreira para a decadência,na medida em que ,depois do nascimento dos filhos,estes asecndem para a juventude,enquanto os primeiros,descendem para a velhice(e já estão reprimidos).
Este contraste não é bem recebido pelos pais e nos casos em tela isto me parece muito claro.
Enciumado o pai de Villa -Lobos o repreendia e o massacrava de todo jeito,mas no intuito de fazê-lo tornar-se supostamente um grande músico.Em princípio esta assertiva indicaria o amor do pai em ver o sucesso do filho,mas duas tendências se vêem neste conflito:controlar o filho que ascende e atribuir esta ascensão ao pai.
O complexo de Frankenstein está presente nesta situação:o criador não libera a criatura,ele a mantém sob controle enquanto só admite a sua validade como expressão de sua capacidade(capacidade do criador).O sucesso da criatura não é dela ,mas do criador.O sentimento de inveja perpassa isto aí.
O pai de Johan Strauss Jr,representado mais acima tinha uma real ineveja dos filhos,entre eles,o Jr.,representado depois do pai ,numa gravura de sua juventude.Ele realmente não queria que Jr e seus outros filhos seguissem a carreira,supostamente para evitar que sofressem com os rigores da vida de músico.Mas era medo de competição.
Não importa ,no entanto,para mim,discutir esta questão biográfica,mas analisar como nada há de absoluto na vida das pessoas.
Uma das leituras possíveis desta atitude do pai é forçar o filho a fazer a sua escolha apesar da oposição e também mostrar ao filho que ele deve fazer o seu caminho.
As famílias desenvolvem ,como eu disse,um sentimento de solidariedade,de comunalismo(ou comunismo),em que as coisas são desfrutadas em comum,mas isto não embota a iniciativa individual de cada um?Não invade,de forma totalitária, a intimidade da criança?Também o exercício do direito a esta intimidade não é essencial para o crescimento.
Uma das razões de uma crítica mais do que razoável ao comunismo,nas suas manifestações mais radicais é entender que o excesso de solidarismo não prejudica,mas a vida não é só a convivência,mas a experiência da individualidade,que não é obrigatóriamente solidão.Deste assunto eu tratarei no próximo artigo.
A atitude de Johan Strauss pai é condenável,como a de muitos pais,por ser repressiva,mas a ruptura de caminhos entre pai e filho se,de um lado arrisca a queda na solidão,de outro mostra a realidade da vida ,em que esta última pode ser uma condição inevitável.E no fundo a individualidade é real,a solidariedade é abstrata,enquanto processo que se constrói,no tempo,não sendo fixa.Um vinculo de solidariedade entre duas pessoas é mais que real ,mas quanto mais complexa não há garantias deste vinculo,havendo necessidade de outros elementos nem sempre presentes.E a relação dual entre pai e filho,como Freud demonstra,é eivada de outras pessoas,presentes ou não.
O equilibrio ou passagem entre o coletivo e o individual é uma experiência díspare mas complementar e é desejável na relação entre os entre pais e filhos.Vou continuar no próximo artigo.