quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

A definição real de comunismo A partir dos direitos humanos

 

Na minha luta para que as pessoas compreendam o real papel histórico do socialismo real,venho definir o que é realmente comunismo,a partir da idéia burguesa de direitos humanos.

Esta idéia foi contestada pelos socialistas e por Marx como parte da ideologia “ falseadora” da exploração,mas hoje ela representa um dos campos de luta para a emancipação do mundo do trabalho.

Tal verdade devia entrar na cabeça de certos radicais por aí,inclusive aqueles envolvidos com os direitos humanos diretamente e financiados aí pela Holanda...

O fato de ser uma idéia da burguesia deveria impedir pessoas sensatas de sair por aí culpando esta classe por tudo o que acontece,inclusive no plano individual.

A idéia de um projeto de direitos humanos esbarra no fato de que a liberdade burguesa,identificada com a iniciativa privada(dir-se-ia empresarial)não tem como ser realizada por todo mundo.Todo mundo não tem como ser empresário individual,bem-sucedido,sem trabalhadores.

A experiência de construir uma sociedade socialista só com trabalhadores realmente produtivos(no sentido de Marx,produtor de mais-valia)não deu certo também porque não é suficiente tal idéia no afã da super-produção necessária à distribuição equitativa e até excessiva ,que é a finalidade do comunismo.

Como eu venho explicando,o igualitarismo é a causa da incapacidade de um sistema assim de produzir segundo esta finalidade.

Portanto o meio-termo é o que gera a condição de solucionar estas contradições.Como Marx (e outros utopistas)disseram ,a  solução é libertar o homem da natureza ou,pelo menos,dar-lhe continua autonomia,o que o libertaria também do trabalho excessivo,que lhe tira tempo livre para viver,consigo e com os seus,sem as tramas ,dificuldades e distorções que a sociedade da escassez produz.

O objetivo real do comunismo em Marx é a construção do tempo livre.Assim como o capitalista constrói a partir dos outros ,este tempo livre,todos  devem ter esta condição.

É como aquele personagem de Nelson Rodrigues,em “ Vestido de Noiva”: “Meu pai me deixou empresas lucrativas funcionando às maravilhas.Eu as herdei e não preciso fazer nada,só,pela ordem ,ir atrás de mulheres,chope e sinuca.”

A humanidade tem que ter tempo livre para como Marx diz na “ Ideologia Alemã”,ser trabalhador de manhã,por vontade própria e por dever(porque a necessidade de trabalho não acaba),ser pescador à tarde e amante de noite.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Dou a minha mão à palmatória no caso de Nietszche

 


A leitura recente e atual de “ Also Sprach Zaratustra”me fez diluir todos os preconceitos que tivera sempre em relação a ele,transferidos pelas leituras dos marxistas,especialmente,claro,Luckacs,em “A Destruição da Razão”.

Claro também que a postura crítica não acaba e eu não me tornei um seguidor cego deste autor,uma vez que nunca fui ou serei sicário de ninguém.

Contudo ao me colocar diante da obra-prima de Nietszche ,de alguns de seus capítulos e conselhos de Zaratustra ,identifiquei as suas idéias com algumas que me têm batido na mente obsessivamente há vários anos e relacionadas curiosamente  com a concepção de comunismo.

Uma coisa de cada vez:lendo os livros anteriores a esta obra máxima e com o impacto dela percebo que a obra de Nietszche tem uma unidade,que se cristaliza neste momento aí e que vai se fazendo aos poucos.

Isto guarda um significado pedagógico-expositivo muito importante:para mim,então,ler só Nietszche antes de Zaratustra ,é ruim,falseador,porque estes momentos preparatórios são desconstrutivos e não construtivos.

O principal da minha crítica sempre(não sei dos marxistas[acho que não])é que ele é um crítico sagaz do moralismo e eu mantenho tal apreciação.

Contudo,sempre inquinei o programa de Nietszche como irrealizável e um tanto quanto individualista e egoísta.Ainda acho que este perigo perpassa-o.

Mas compreendendo as “ propostas”,digamos assim,do profeta,mudei de ideia quanto ao programa .

No fundo Nietszche,na sua ambiência de época, seguiu o desejo do homem de libertar o individuo do outro.

No próximo artigo eu explico melhor.

 

domingo, 7 de janeiro de 2024

Um exemplo pedagógico(espero) Para entender Hegel

 

A análise prévia que sempre faço de Hegel é separar o Hegel da Fenomenologia do da Ciência da Lógica.Separar o sentido da explicação,a essência da causa.

Nos artigos anteriores sempre entrei dificuldade para dar um exemplo que pudesse mostrar claramente a quem me lê esta diferença.

O exemplo é semelhante àquele que Sartre oferece quanto à liberdade plena,sentida pelo homem:uma vez ele disse que esta liberdade só é sentida quando a criança recebe  um presente(de natal supostamente)dos pais,da mãe.Carlos Heitor Cony tem uma crônica sobre isto aí,que Ana Maria Braga leu uma vez no seu programa.

Este “presente” nos remete ao conceito de “presença” de Heidegger,ligação de que eu vou tratar  em outro texto.

Aqui eu me atenho ao problema de exemplificação ,que não deixa de ter algo com Heidegger.

Nesta “metáfora” do presente,deste momento crucial,está a distinção entre o sentido e a explicação.É lógico que toda a explicação pode se transformar em sentido e vice-versa,mas há um momento em que as duas não se tocam:o momento presente,em que se vivencia a liberdade,o bem-estar,fica na memória humana para os momentos seguintes,cujas essências e significados se juntam para formar o sentido .Há uma explicação multi-científica sobre estes momentos:os efeitos biológicos,as emoções,o papel social,tudo,pode e deve ser explicado,mas é suficiente para a vida, a existência,este encadeamento de essências.

A explicação,o encontro da causa ajuda ,mas não é obrigatório ,diretamente ,para mudar a existência:não é preciso saber de biologia do cérebro,para viver melhor.

Alguns marxistas deviam entender isto de vez:não é preciso ler o Prefácio de 1857 para ser melhor e mais justo.