Com a leitura da crônica de Clarice Lispector devo esclarecer que
faço muitas coisas porque tenho pressa de ser feliz.A única coisa
que me interessou na vida foi a Utopia,a questão social,o Amor.E o
que motiva o libertário é o sentimento de amor aos outros,que
equivale ao ódio às injustiças.
Um amor discricionário,escrupuloso,porque os dias que correm não
são como os de antigamente:hoje temos tempos
competitivos,individualistas,não solidários,mas eu,como libertário
continuo a luta pelo ideal amoroso de ajudar as pessoas,sem olhar,sem
esperar retribuição.
É o momento,derivado de Kant,em que o dever e o amor se adequam no
ideal.
Eu sou assim mesmo,um cabana do Pai Tomás,que muita gente entende
ser uma demonstração de covardia:sou um tipo de São Francisco
misturado com Tostoi.Choro ao ver um passarinho;fico com lágrimas
diante de um mendigo,de uma senhora desamparada ou
enganada.Infelizmente os movimentos sociais perderam esta referência
que muitos diriam cristã,mas que faz parte da bondade humana
geral,que ganha uma expressão hiperbólica no sofrimento de Cristo.
No entanto,sigo o cristianismo no sentido de associar a minha
atividade à luta para superar estas injustiças,para ajudar as
pessoas sofridas,aliás como tenho feito ao longo da vida.
Por isto estudo tanta coisa,escrevo tanto,trabalho,luto tanto.
A vida,no entanto,é limitada,no tempo e no espaço e tenho pressa em
ser feliz.Luto também,porque estou incluído na humanidade para ser
feliz,para não sofrer injustiças,agressões.
Aprendi com Luiza Erundina e com outros revolucionários que somos
como pequenos Moisés:nenhum de nós vai ver a terra prometida,mas
de todos os modos possíveis deve se procurar ficar no cangote dos
homens e instá-los à busca permanente.
Mas esperando a tristeza do fim,individualmente falando,a busca deste
lutador em geral,é pelo amor na sua vida,porque só assim ele
exercita o amor pelos outros.
Tenho,pois,pressa,pois estando mais perto do final do que do começo,
quero de novo o amor(que já encontrei).O amor definitivo.