segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

palinha de meu livro sobre kant

 

Os estudos que fiz a minha vida toda sobre Kant resultam agora num livro que pretende significar um salto de qualidade nos mesmos e apontar novos estudos.Que este é um tema inesgotável,em suas possibilidades interpretativas.

O meu esforço é sempre de trazer algo novo,mesmo que pouco.Certamente que Kant já foi esquadrinhado à farta pelos intelectuais e comentadores.Ele se constitui como bastante conhecido em seus fundamentos mas desencadeia possibilidades de interpretação que oferecem a a oportunidade de torná-lo cotidiano.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

trecho de meu livro sobre kant

 

A comunidade universal de Kant é a utopia que vem até agora e que perpassa a utopia ideológica de nosso tempo,mas a sua contribuição é admitir a sua limitação,como nós falamos acima.Ela não acaba,mas como o pensamento de Kant,devendo ser rearrumada.

Nós já explicamos esta rearrumação,mas no âmbito da obra máxima de Kant,não encontramos,em principio,uma visão senão atrelada ao a priori,ao dogma intocável e imutável como ele diz.

Em meu modo de entender este dogma não existe ,mas a capacidade de relacionamento da subjetividade com o mundo não a compromete(pelo menos até agora)nesta aptidão,no tempo.ela se modifica,mas não deixa de ser subjetividade.Estamos aqui só reiterando mais uma vez .

Duas coisas precisam ser esclarecidas:o momento fundante da experiência humana é o momento da transcendência,pondo em cheque o transcendental,o dogma,o apriori e 2) o transcendental não desaparece ou desaparece depois disto?Porque a pura e simples hegemonia da transcendência não é suficiente?

Se admitirmos esta hegemonia definitiva vamos cair na visão metafísica a priori de Kant.Se Kant admite que se pode acrescentar no juizo sintético a priori qualidades infinitas às coisas é porque essa infinitude está na subjetividade.Ainda que para ele a infinitude do mundo não exista supostamente,esta está no Sujeito.

Na verdade não importa se para ele o homem só codifique um mundo limitado.Para nós,no tempo,a minima admissão desta infinitude põe o problema do transcendental,daquilo que não é tocado pela experiência.A subjetividade,o pensamento puro racional,em sua produção,não é limitado,e aquilo que ainda não foi construido subjetivamente,” tocado pela razão” é transcendental.O transcendental mostra que o discurso subjetivo pode ser feito sempre.Se o transcendente predominasse seria como se a subjetividade de plano pudesse abarcar todo o mundo de uma vez.O transcendental é a possibilidade pura de continuidade do pensamento.Mesmo Deus como simbolo é uma abertura para um discurso,para muitos discursos.


sábado, 5 de fevereiro de 2022

Alienação de novo.Novos vislumbres

 

No processo do ter e o haver do marxismo avulta em importância a questão da alienação(que se imbrica por sua vez com a do comunismo),que acho que permanece.

Já tenho tratado deste tema e não vou me repetir aqui,mas vai parecer a quem lê este artigo que eu já tratei do problema.Mas não é bem assim:novas luzes se me apresentaram.

A minha dúvida é que a consciência da alienação,no plano da cultura,pode ser condição suficiente para desalienar.Conforme eu já disse em outro artigo,seguindo o livro “ Marxismo e Alienação” de Leandro Konder ,Marx nunca substituiu o conceito de alienação pelo de fetichismo da mercadoria,apenas afirmou que só é possível desalienar o homem pela mudança do modo de produção capitalista para o comunista.

Esta é uma das provas de que havia um certo quê de inevitabilidade na concepção de Marx:o comunismo é uma inevitabilidade necessária.Como todos os outros pensadores,utópicos,desde o século XVIII,considerava o comunismo a destinação da humanidade.

Sendo o capitalismo um sistema não só objetivo,mas cultural e subjetivo,onde a consciência também joga um papel para além das relações econômicas,a consciência das distorções contidas nestas relações,é meio sim de desalienação.

Eu sempre escrevo artigos para que todos entendam e para isto exemplos são fundamentais.Nesta questão eu sempre apresento uma questão cultural do Brasil:Anitta e seu corpo.

Se por um lado há uma certa objetalização no uso do corpo,por outro a sua exposição ,a exposição da mulher sem repressão,ajuda na liberdade do gênero feminino.O capitalismo apresenta estes dois lados.Ele é em grande parte hegeliano,no sentido de que a contradição dialética se resolve em parte.Se resolve em parte porque realmente persiste um problema,qual seja :de que o corpo de Anitta cria um modelo de mulher,de beleza a ser seguido,imposto pelo mercado.Mas isto é superável se se construir outros modelos,através da cultura,modelos válidos e principalmente para o mercado.

O principio de todo mercado ,e o do capitalismo está incluido,é que qualquer pessoa pode entrar.Ele é como a religião,que não pergunta por suas qualificações para entrar.

O fato de determinados “produtos” ofertados pelo capitalismo serem menos procurados não significa que sejam objeto de discriminação e exclusão.

No Brasil o modelo da mulher branca,loura, é imposto sem dúvida e as barreiras para mulher negra são muitas,mas não está dito que não é possível mudar isto no âmbito do mercado capitalista.Não é culpa do capitalismo,mas de certos grupos e ideias que o dominam,que constróem um nicho.Qualquer inovação ameaça estes nichos.

É verdade que no interior da exploração a mulher tem um salário menor para consagrar a baixa no custo do valor trabalho e garantir os lucros do capitalista.Mas por outro lado ela tem conseguido entrar no mercado de trabalho,porque tem capacidade de consumir,o que agrada ao sistema.

Parece-me que não é tudo responsabilidade do capitalismo e do mercado,mas do uso que se faz dele por parte de certos interesses culturais e históricos,que se conectam com o mercado.Existem outras mediações que Marx não notou.

A minha dúvida no artigo anterior era que no plano da reificação ainda era necessário esta superação obrigatória do capitalismo.Mas a resposta foi dada acima:o corpo de Anitta,como o rosto de Marilyn Monroe em Andy Wharol,expressa um modelo de beleza e comportamento e a sua imposição mercadológica é reificação,como o trabalho excessivo que domina a existência do trabalhador em geral.

Mas é factivel ,e isto já se comprovou, controlar isto aí.Na maior parte da europa a semana é de 4 dias.

Se é assim não há inevitabilidade do fim do capitalismo,exceto ,por uma caracaterística do termo alienação,que é polissêmico:a alienação está definida entre outros conceitos pelo de potencialidade humana .O capitalismo realmente promete ampla liberdade e oportunidades e esta promessa precisa ser mantida,mas não o faz de fato,não o efetiva,pelo que dissemos:quando um nicho econômico toma o poder cria ideologias de justificação de sua permanência.Isto não vai contra o capitalismo,mas o limita.Outras mediações aparecem,para além do modo de produção, que o limitam:condições geográficas,nivel de consciência,história,enfim muitas coisas,mas que não são dificuldades capitalistas ,mas da vida humana na sua relação com o meio.

A superação do capitalismo,a luta contra ele se dá pela ampliação das oportunidades,ampliação total.O capitalismo luta para garantir isto,mas tem como conseguir?Se outros fatores ,como os citados acima são tão importantes ,o capitalismo é inocente neste meio?

A questão é que o capitalismo não tem como conseguir porque ele não é o mais adaptado para usar estas mediações a favor dele e da humanidade como um todo.

Ele é dividido,dividido em nações e o mercado não tem como expressar todas as necessidades e desejos da sociedade.O capitalismo tem a seu favor o fato de que a liberdade do capitalista de acumular 300 empresas,para seu delirio, é sentida como idêntica por aquele que tem uma pequena empresa suficiente para sua digna sobrevivência.O pensar nos outros é,neste caso,odioso.A equação do futuro,no entanto,é (será)como criar um regime que mantenha esta liberdade individual que não é prejudicada pelo coletivo e que não prejudica este último.Assunto para o próximo artigo


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Os exemplos de Kant(e de Marx a latere)

 

Há muito queria fazer este artigo para demonstrar a justeza das posições deste filósofo,evidentemente lendo-o de maneira crítica.A questão é demonstrar a justeza da coisa em si através de exemplos,mas eu precisva minimalizar isto aí,então fiz uns diagramas básicos para entender o problema:

Se observarmos os exemplos acima veremos parede.Normalmente os críticos de Kant dizem ,como Gertrude Stein,uma parede é uma parede,uma parede.Mas vejam bem:cada um destes exemplos e mais os que o leitor possa imaginar não são iguais.

Numa primeira relação com esta pergunta:o que é uma parede?alguém vai responder que é um quadrado feito de tijolos colados com cimento.Mas se nós fizéssemos uma parede com tijolos de plástico ou de outro material,colados por outro tipo de contato,estariamos errados?Ah,mas haveria necessidade sempre de uma pintura,o que não é verdade.

Se fizéssemos uma parede de tijolos redondos adaptados uns aos outros e não colados,não seria parede?Seria o mesmo objeto a que nos referirmos anteriormente

O que é definido como parede é algo que está na subjetividade.

Quando Marx fala no pedreiro que antecipa na sua mente,diferentemente da aranha,o que fazer,uma parede por exemplo,é esta imaginação subjetiva que permanece para além das infinitas formas de parede,não iguais entre si,construidas concretamente.

Isto significa que os objetos são absolutamente singulares?Não.Porque todos estes objetos têm extensão,forma,matéria,coisas universais,distintas,mas com conteúdos qualificados.

E a isto que Kant chama de a priori.É lógico que este a priori foi aprendido historicamente pela humanidade,mas é desnecessário aprender esta história para caracterizar esta subjetividade e a existência ; não é preciso uma ciência para existir.

A existência começa quando não se é capaz de adquirir experiência(no berço),mas é essencial num determinado momento que esta consciência do periodo de existência ainda não apreendida se forme.A consciência do tempo real,que não começa na puberdade,é essencial para a continuidade da existência humana,como sentido.

Muita gente me critica aqui dizendo que Kant não falava numa experiência humana,porque se fosse assim ele faria não filosofia,mas psicologia.Mas eu já expliquei que em Kant não há esta integração sujeito/objeto,(como nós entendemos hoje,sem o a priori),embora ele admita este último,mas este último só tem sentido quando apreendido pela razao a priori.

A extensão da parede está em Kant como um principio pré-dado que possibilita saber o que ela é.Mas o homem aprendeu o que ela é, fazendo.Uma vez que aprendeu não precisa senão deste aprendizado histórico-temporal para elaborar um pensamento e uma filosofia.

O que eu tenho dito ,citando autores,é que deixando de lado este a priori como abstrato,reconhecendo o que eu disse acima,isto é,que o nascimento da consciência se dá pelo reconhecimento do periodo anterior de inconsciência (uma dialética?),é possível uma filosofia baseada na experiência,distinta de uma psicologia.

Se Kant entendia que a filosofia só pode ser feita a partir de conceitos a priori e meta-temporais e se toda psicologia está no tempo,na passagem da criança ao homem não há nele condição de juntar as duas coisas filosofia e psicologia,mas nós sabemos hoje,pela psicologia de Brentano,a que me vou referir em próximo artigo,que distinguindo as formas de experiência ,é factivel.Juntando e separando,o ego e o eu, é possível conectar uma psicologia e uma filosofia.

Mais do que tudo o reconhecimento pela consciência do periodo de inconsciência se dá na relação com o social,com a familia que diz à criança que houve uma existência.Sendo Kant o filósofo da autonomia subjetiva,o ato de crescer é fundamental,saindo desta dependência inicial o mais rápido possível e aprofundando-a continuamente.

Mas a subjetividade,aquela mesmo da parede,é suficiente para esta tarefa.É lógico que só um indivíduo que come e se sustém socialmente pode fazer isto,mas não é só o comer que define o homem,sua carência,mas a sua subjetividade.