segunda-feira, 27 de março de 2023

Resposta a terra redonda

 Resposta à Plekhanov

Marxismo e “kantianismo”

Mamão com açúcar

A luta das idéias continua entre mim e a revistinha.Agora eles puseram um texto de Plekanov, contra o “kantianismo”,que eu já contestei nos meus blogs.Vou contestar de novo.Nem se dão ao trabalho de ler o que eu escrevo.

Eu já vi que vou ter que relembrar aqui as bases filosóficas da crítica que eu tenho feito ao marxismo.

Vamos lá.

O teto apresentado de Plekhanov ,tirado de internet marxists archive,eu já conheço e ele não tem nada de novo no que tange aos argumentos também básicos do marxismo.

Na medida em que eles não entendem que a dialética do mundo nunca existiu ficam repetindo o caminho da subjetividade,no seu processo dialético de compreensão do mundo e fundamentação da prática.

Aqueles antigos argumentos de Lênin ,extraidos de Hegel, dão conta de que pela prática,pela construção do mundo o homem conhece e subjetivamente conhece se entender a dialética nos termos de Hegel e de Marx.

Eu não vou entrar na crítica ao mito de que Marx “ inverteu” a dialética que recebeu de seu mestre,coisa que ele não fez absolutamente.Os remeto aos meus artigos no blog a ponte IV.

O que nos interessa é que para o marxista tradicional e ortodoxo a subjetividade se limita a esta compreensão dialética do mundo.Mas como acabei de dizer não há dialética e com o desenvolvimento de diversas ciências sociais a subjetividade adquiriu autonomia para observar o mundo e ser objeto de investigação.

Mas não foi este desenvolvimento que trouxe outra verdade:já em Kant as possibilidades de uma autonomização da subjetividade estavam dadas.

O problema do ortodoxo em geral é que ele só lê o cânon soviético. O próprio Marx ajuda a esta ortodoxia,afinal criada por Plekhanov,com suas conceituações cientificistas típicas do século XIX.

Marx entendia a filosofia,os outros saberes,como superados pela ciência,consenso muito comum na primeira metade do século XIX.E isto,em relação a Kant,significava tachá-lo de idealista,a distorcer o mundo material com uma concepção aprioristica do conhecimento.

O conhecimento,para Marx é histórico e está no tempo,não havendo porque considerá-lo senão como metafísico tão ultrapassado como os outros.

Como expliquei inumeras vezes não existe um “ kantianismo”.A mentalidade personalista do marxista,pelo menos o tradicional e o ortodoxo e que constrói esta visão de “culto à personalidade” avant la lettre exatamente por uma admiração nem sempre bem fundada na figura do teórico Marx, tende a atribuir em quem se fundamenta em outro pensador um propósito idêntico ao marxismo,qual seja,o de fundar uma adoração em relação ao seu mentor,digamos assim,mas não é isso.

Por causa do monismo estes tacanhos não diferenciam a figura individual do que ele representa e do que ele produziu,só quando se trata de defender o Stálin,aí sim...

Mas observando os fundamentos destes pensadores e de Kant que me fundamenta nós veremos a origem deste erro.

Eu vou usar o resumo da dialética a partir de um autor de logica dialética ATH JOJA.

Pelo esquema básico é assim que funciona o pensamento dialético e o nexo teoria/prática:a consciência do movimento dialético é a postura essencial da subjetividade que não é subjetivista.Ao compreender as leis do movimento dialético se compreende a si mesmo,na sua relação com o mundo.

Esta é a base do texto de Plekhanov que a revistinha expôs.A maioria dos cretinos críticos que dizem que Marx possuia uma visão autonoma das ideias isto é suficiente.Mas não é bem isto.Prosseguindo com o resumo.

Além da dialética há que lembrar e relacionar com ela a noção de totalidade,porque só com esta noção se compreende o mundo,pelo menos em termos particulares.

ATH JOJA usa o exemplo da rosa,de uma flor.Nós podemos dizer com Gertrude Stein que “uma rosa é uma rosa,é uma rosa”,mas isto é filosoficamente e realmente falso.Senão vejamos :

“a)a rosa é vermelha,

b)a rosa é comestivel,

c)a rosa é uma planta,

d)a rosa é bela.

Toda a abstração,para a dialética só tem validade se nos remeter para o mundo real,em que está o movimento(material-dialético).Diante deste fato ATH JOJA analisa cada uma destas afirmações.

a)A rosa é vermelha:esta proposição é meramente frente à dialética,juizo de existência,de presença(Heidegger),porque a rosa pode ter outras cores.Aqui eu estou diante do Das sein,do ser aí.

b)a rosa é comestível é uma proposição especulativa,mas se disseermos:

c)a rosa é uma planta ,

Para ATH tal fato designa,por ser real ,a proposição é necessria ,universal e essencial.

Para ele a lógica formal e a metafísica igualam estas proposições e perdem o seu movimento próprio,a sua essência e substância material.

Como se vê só o discurso que aposta no mundo real pode captar-lhe o movimento(dialético[real]).

Só que não.Se nós olharmos com atenção para o juizo d e necessidade que dá entrada para o materialismo,veremos que não tem sentido chamar a rosa de planta porque primeiro ela não é;segundo o termo planta designa muitas outras coisas,inclusive vegetais.Quando eu digo que um poste está plantado na rua,não está errado,mas nós temos aí que buscar novos conceitos,mais concretos,mais materiais, para distinguir um ser de outro.

Beócios,prestem bem a atenção no que eu vou explicar agora e vejam como a filosofia é profissional e imprescindivel,principalmente a kantiana.

Ainda assim,se não vejo um poste como uma planta posso ver outros vegetais como tal.Previamente eu não posso dizer que uma árvore é uma planta ,muito embora ela tenha características essenciais iguais àquela que mantém a flor,tem outras que por convenção diferenciadora do pesquisador a tornam nominalmente diferente da flor.

Flor é uma florescência,como a bromélia,a tulipa e assim por diante.Os biólogos, vendo este padrão(aristotélico)fizeram uma definição como esta.No entanto,os acessórios não são separáveis da flor.Se cortarmos o cabo com os espinhos,ela não deixará de ser uma flor .

Se nós continuarmos estudando,beócios,(com afinco),nós podiamos,por hipótese ,usar o esqueminha de Engels da dialética:não existe a flor ,no seu movimento de formação sem o cabo e este sem a terra e ao contrário sem a terra..opa,sem a terra?a terra precisa da flor pra existir?A dialética engelsiana já acabou,mas supondo que como a flor morre cai na terra e forma humus,admitamos que ela prossegue,ela continua como terra por causa do movimento da flor em direção à morte.Contudo,vamos nos lembrar que o movimento dialético já não s e dá da terra para a flor através do cabo.É meramente formal que a terra e o cabo entrem numa dialética ,num movimento,pelos contrários.É lógico(dialético)que não há flor,cabo,sem a terra,mas nem sempre a oposição,o contato entre os dois gera o que se pode,porque o movimento dialético da natureza não é universal,nem necessário.

E do outro,como estávamos falando, a queda da flor morta não necessariamente forma humus ou outra flor.O casual permeia tudo isto aí.

Mas mesmo assim, admitindo este movimento não-necessário ,ciclico ,terra-cabo,flor,flor-terra-cabo-flor,o movimento da natureza não se resume nele,porque o movimento em si de formação da fluorescência é um movimento(no tempo),de tipo aristotélico também.

E mais do que isto:quando um ser sofre a influência do tempo fisico e do movimento da natureza ele se modifica ,por minimo que seja.

Quando eu era professor brincava com os alunos dizendo assim: “eu estou diante de vocês e sou o ernesto” aí coçava a minha mão e falava: “agora eu sou diferente do que eu disse que era,porque agora eu tenho menos células e tenho uma marca no meu corpo;o que fica de mim é o resto que ainda guarda algo de minha identidade material,biológica e psicológica”.

Ainda que se extraia deste ato algo de dialético,outras causa deste movimento são presentes:o movimento físico de coçar;a relação biológica e subsumido neste ato está o envelhecimento frequente do Ser(Ernesto)

Todas as formas de movimento,descobertas e racionalizadas por Aristóteles,Descartes,a fisica(Galileu),permanecem sob e com a dialética e não é verdade o que a boçalidade cientificista de Hegel-Marx-Plekhanov(et al)deseja,qual seja,que o movimento dialético engloba e supera todos os outros movimentos.

A filosofia permanece,a ciência não a supera.Prestem atenção cretinos.

O esqueminha escolar de Engels prova que a dialética não é universal e necessária e que portanto a escola subjetiva de Kant joga um papel no processo de construção do conhecimento,porque eu posso analisar o Ser,a flor,de diversas maneiras.

Hoje os cientistas provam ou provaram que cada ser humano olha uma flor de um jeito,as cores são observadas por cada pessoa de um jeito.

Assim só o método criteriológico de Kant e de sua escola,serve,porque como nos parágrafos acima nós pudemos usar diversos crivos para analisar e compreender um ser simples como uma flor.E se quiséssemos podiamos seguir.

Querer adequar o conhecimento a um principio só é cientificismo.Monismo é metafísica,cientificismo é metafísica.Conhecer e intepretar são mutais mutandi,a mesma coisa.

Estabeleço um critério básico,essencial para um ser,mas isto é uma escolha,a partir de um padrão real.Este padrão é real,é material,se impõe numa ciência saudável.Este é o limite da interpretação,mas o ser,a flor,tem diversos outros elementos os quais devem s er considerados para interpretação e compreensão do Ser,da flor:as caracteristicas acessórias o relacionam com outros seres ,modificam o modo como o sujeito os vê.

O que os ortodoxos não entendem é que dizer que o homem tem subjetividade e idéias porque usa a dialética,não é suficiente diante do real,porque a subjetividade que está aí depende desta objetividade para se constituir e compreender ,quando a subjetividade transcende isto aí,guardando autonomia como sujeito cognoscente e objeto cognoscível.

Se a mantivermos como objeto cognoscivel somente ela se torna modelo fora-de-si do sujeito,o que a enlouquece e a distorce,inclusive psicologicamente.Em Hegel-Marx-Plekhanov(et catrefa)estão ab ovo Stalin e os hospitais psiquiátricos.

A questão da totalidade não é a solução.A pura inter-ligação entre as partes do ser,as suas partes constitutivas não definem o Ser,porque como vimos as interligações que o definem,pertencem a outros seres a outras realidades presentes no mundo,o que prova que a totalidade é construida e toda visão de que a totalidade,pelo processo dialético do movimento,abarca o real todo é uma idealização,já que o movimento dialético é só uma forma de movimento não o movimento como um todo.A totalidade dialética é totalitária.

Post scriptum:

Eu quero fazer uma ressalva ao meu leitor comum,de que não me refiro a eles quando uso termos como “ idiotas”,” beócios”, “cretinos”.Refiro-me a este resto de stalinismo que se reune nesta revista eletronica “A Terra é Redonda”,que indireta e covardemente tem me constestado,sem reconhecer o meu valor.