segunda-feira, 30 de maio de 2022

Depois do monismo

 

A bem da verdade ainda não acabou o monismo na cabeça das pessoas,principalmente no senso comum:por influência da religião o ser humano continua pensando em termos de um principio único a reger o mundo.O fim do monismo,que ainda não é total na consciência das pessoas,é o fim da metafísica e o fim da religião,neste sentido que eu coloquei antes aí.

Eu diria que também é de Deus,mas aí o caso é mais complexo,porque se Deus não existe objetivamente,mas para quem acredita nele,ao menos como simbolo,não adianta dizer que morreu.

O fim do monismo e da metafísica poderia ter sido bem antes.Pelo menos há sinais ,entre os céticos,de descrença quanto aos grandes sistemas explicativos da História.

Mas estes esquemas venceram até hoje a parada.Isto ocorre porque eels são mais úteis aos projetos financeiros e de poder que nascem no final do século XVII,nos anos subsequentes à condenação de Galileu,o último cientista que fazia tudo só por prazer.

A condenação do italiano significou um aviso a todos os criadores para se enquadrarem nos esquemas de poder que,daí em diante,financiariam as investigações científicas.

Max Weber mostrou que da Reforma e da Contra-Reforma em diante se deu um processo continuo de racionalização das atividades humanas,entre as quais a ciência,a qual passou a ser controlada,como questão de estado,nacional e de estado.

A visão anti-metafísica e anti-monismo(uma forma (final?) de metafísica) é sempre uma possibilidade de romper com este controle geral do conhecimento e das demais atividades humanas.

Não é necessário esperar a física quântica moderna para consolidar esta posição,porque já os céticos o haviam demonstrado.

Colleti propõe no lugar da classificação da história da filosofia de Lênin,entre matrialistas e idealistas,a que opõe céticos e dogmáticos.

A física quântica atual ajuda a mostrar esta verdade:que o dogma é só ilusão,só ,quiçá,ideologia.Uma forma de linguagem,que pensa restituir o mundo,mas só o toca muito de leve,o suficiente para fazer o dogmático queimar as asas,como Icaro.

Depois do monismo nós temos um pensamento livre de confinamentos e exigências prévias.No máximo premissas,que não o paralisam.




quinta-feira, 26 de maio de 2022

trecho de meu livro sobre kant

 

Kant II


A doutrina transcendental dos elementos


Aqui eu faço algumas considerações gerais explicativas sobre o que significa a doutrina transcendental dos elementos,para evitar qualquer confusão com a interpretação que eu quero realizar aqui neste meu livro.

Na verdade em alguns artigos eu já apresentei uma visão pessoal disto aí,que não é única minha,entenda-se.E suscitou muitas críticas ao meu trabalho.Com este segundo ensaio do meu livro eu procuro esclarecer tudo,com apoio de outras pessoas.Para isto e seguindo este meu escopo eu faço duas citações iniciais:


segunda-feira, 16 de maio de 2022

A proposta em Kant

 

Duas coisas precisam ser esclarecidas:o momento fundante da experiência humana é o momento da transcendência,pondo em cheque o transcendental,o dogma,o apriori e 2) o transcendental não desaparece ou desaparece depois disto?Porque a pura e simples hegemonia da transcendência não é suficiente?

Se admitirmos esta hegemonia definitiva vamos cair na visão metafísica a priori de Kant.Se Kant admite que se pode acrescentar no juizo sintético a priori qualidades infinitas às coisas é porque essa infinitude está na subjetividade.Ainda que para ele a infinitude do mundo não exista supostamente,esta está no Sujeito.

Na verdade não importa se para ele o homem só codifique um mundo limitado.Para nós,no tempo,a minima admissão desta infinitude põe o problema do transcendental,daquilo que não é tocado pela experiência.A subjetividade,o pensamento puro racional,em sua produção,não é limitado,e aquilo que ainda não foi construido subjetivamente,” tocado pela razão” é transcendental.O transcendental mostra que o discurso subjetivo pode ser feito sempre.Se o transcendente predominasse seria como se a subjetividade de plano pudesse abarcar todo o mundo de uma vez.O transcendental é a possibilidade pura de continuidade do pensamento.Mesmo Deus como simbolo é uma abertura para um discurso,para muitos discursos.


terça-feira, 10 de maio de 2022

Preparando uma tese a partir de Kant

 

Muito embora o desejo de Kant seja o de autonomizar o homem,este momento de transcendência básica,da relação com o outro e o mundo(o outro de razão,o outro de sentimento,o outro de mundo)nunca perece.A primeira experiência é de dependência e ela perpassa a existência.Contudo a consciência deste momento libera o processo de autonomização e este revela as diferenças que cada homem tem na relação com o outro,cada cidadão da comunidade universal ,para além da pura forma abstrata do imperativo categórico,que crê num equilibrio entre o indivíduo e o coletivo.

Alguns autores relacionam este abstrato com as visões do Marquês de Sade ou do republicanismo radical de Kant,que igualando a todos acaba por fundar uma repressão do coletivo,numa antecipação real do que viria a ser a era dos totalitarismos,mas há que ver que em Kant a mediação do direito está presente o que ameniza o papel desta abstração,desta totalidade abstrata.

A única “ acusação” é de formalismo,mas mesmo este não é,em Kant ,isolado também do direito,pelo contrário,é eivado dele.

Estas ilusões rousseauistas e porque não dizer marxistas(e liberais)de que liberando o homem do homem tudo está solucionado,não levam em conta o que eles mesmos vêem:a complexidade do ser humano em suas diferenças.Isto sem falar na herança maldita que o ser humano recebe,de violência e brutalidade.

A comunidade universal de Kant é a utopia que vem até agora e que perpassa a utopia ideológica de nosso tempo,mas a sua contribuição é admitir a sua limitação,como nós falamos acima.Ela não acaba,mas como o pensamento de Kant,deve ser rearrumada.


sábado, 7 de maio de 2022

Limitações de Kant

 

Na medida em que estes conteúdos surgem este modelo kantiano original vai sendo rearrumado e o transcendental ,no entender dele se dilui ,se reconecta num modelo mais transcendente(não transcendental)em que a subjetividade representa um mundo mais complexo,tendo que considerar a complexidade destes conteúdos.

Já não é propriamente o cidadão em abstrato ou o cristão,mas diversas manifestações só ser humano inserido na sociedade:o politico ,o trabalho,o pobre, o homem e a mulher e assim sucessivamente.Para estabelecer uma relação complexa come stes modos do ser há que construir discursos,comunicação e tudo isto é transcendência,sair do Ser,sair de si para se comunicar,para uma troca simbólica.Transcendente é aquilo que cria uma relação,que faz o homem se elevar e sair de si e se constituir como tal.

Em outro lugar eu disse que o homem é um animal transcendente e talvez esta transcedência o transforma em algo diferente do animal.

Muito embora o desejo de Kant seja o de autonomizar o homem,este momento de transcendência básica,da relação com o outro e o mundo(o outro de razão,o outro de sentimento,o outro de mundo)nunca perece.A primeira experiência é de dependência e ela perpassa a existência.Contudo a consciência deste momento libera o processo de autonomização e este revela as diferenças que cada homem,cada cidadão da comunidade universal ,para além da pura forma abstrata do imperativo,que crê num equilibrio entre o indivíduo e o coletivo.

Alguns autores relacionam este abstrato com as visões do Marquês de Sade ou do republicanismo radical de Kant,que igualando a todos acaba por fundar uma repressão do coletivo,numa antecipação real do que viria a ser a era dos totalitarismos,mas há que ver que em Kant a mediação do direito está presente o que ameniza o papel desta abstração,desta totalidade abstrata.

A única “ acusação” é de formalismo,mas mesmo este não é,em kant ,isolado também do direito,pelo contrário,é eivado dele.

Estas ilusões rousseauistas e porque não dizer marxistas(e liberais)de que liberando o homem do homem tudo está solucionado,não levam em conta o que eles mesmos vêem:a complexidade do ser humano em suas diferenças.Isto sem falar na herança maldita que o ser humano recebe,de violência e brutalidade.

A comunidade universal de Kant é a utopia que vem até agora e que perpassa a utopia ideológica de nosso tempo,mas a sua contribuição é admitir a sua limitação,como nós falamos acima.Ela não acaba,mas como o pensamento de Kant,deve ser rearrumada.

Nós já explicamos esta rearrumação,mas no âmbito da obra máxima de Kant,não encontramos,em principio,uma visão senão atrelada ao a priori,ao dogma intocável e imutável como ele diz.

Em meu modo de entender este dogma não existe ,mas a capacidade de relacionamento da subjetividade com o mundo não a compromete(pelo menos até agora)nesta aptidão,no tempo.Ela se modifica,mas não deixa de ser subjetividade.Estamos aqui só reiterando mais uma vez .


quinta-feira, 5 de maio de 2022

As possibilidades em Kant

 

Nunca passou pela cabeça de Kant superar a metafísica como a sua filosofia pareceu realizar,pela mão de seus continuadores.No livro “ Prolegômenos para uma metafísica futura” Kant chama o seu pensamento de “prático/dogmático”,quer dizer ,a pratica humana geral se baseia num apriori racional,pré-dado e intocável,transtemporal,meta-temporal(e por isto trans-histórico e meta-histórico).

A sua visão é transcendental e metafísica,sem duvida,mas colocando,como tenho dito ,este a priori no tempo e na história há como “ recuperar” a sua filosofia ou interpretá-la de um modo diferente.

Se Kant não tinha como notar que mesmo a representação se aprende no tempo,isto não significa que a subjetividade não seja suficiente para a apreensão do mundo,que,na verdade,no pensamento dele,é uma construção também.Em apêndice,no final deste livro,eu ponho um artigo explicativo e exemplificativo disto.

Então,dever-se-ia falar mais no neokantismo do que em Kant ,mas em Kant,no Kant original,as condições desta interpretação estão dadas,ou seja,ele pode ser rearrumado.Kant não é como Marx...

Neste sentido,concluido este pródromo,podemos analisar as possibilidades interpreativas de Kant e elaborar discursos efetivos sobre uma realidade que já não é mais metafísica,como ele pensava.

Em alguns momentos de seu pensamento esta identificação do modelo metafísico com a realidade parece comprometer estes caminhos a abrir,mas a rearrumação salva-nos de uma terminação ou esgotamento de Kant.

O exemplo clássico comprobatório desta modelação metafísica de Kant é o seu imperativo categórico,a construção da comunidade universal.

O equilibrio entre o indivíduo,o cidadão e todo o corpo social é uma ilusão abstrata,criticada pelo socialismo inclusive,mas a necessidade da forma e da comunidade universal permanece,acrescida de conteúdos não percebidos por Kant.

Este diálogo entre a forma idealizada e o real,que deriva do amai-vos uns aos outros marca a nossa época,mas em Kant e no iluminismo esta idealização era tida como certa e capaz de se realizar.

Na medida em que estes conteúdos surgem este modelo kantiano original vai sendo rearrumado e o transcendental ,no entender dele se dilui ,se reconecta num modelo mais transcendente(não transcendental)em que a subjetividade representa um mundo mais complexo,tendo que considerar a complexidade destes conteúdos.

Já não é propriamente o cidadão em abstrato ou o cristão,mas diversas manifestações.Só ser humano inserido na sociedade:o politico ,o trabalho,o pobre, o homem e a mulher e assim sucessivamente.Para estabelecer uma relação complexa com estes modos do ser há que construir discursos,comunicação e tudo isto é transcendência,sair do Ser,sair de si para se comunicar,para uma troca simbólica.Transcendente é aquilo que cria uma relação,que faz o homem se elevar e sair de si e se constituir como tal.

Em outro lugar eu disse que o homem é um animal transcendente e talvez esta transcedência o transforma em algo diferente do animal.


quarta-feira, 4 de maio de 2022

Da necessidade de Kant

 


Os estudos que fiz a minha vida toda sobre Kant resultam agora num livro que pretende significar um salto de qualidade nos mesmos e apontar novos estudos.Que este é um tema inesgotável em suas possibilidades interpretativas.

O meu esforço é sempre de trazer algo novo,mesmo que pouco.Certamente que Kant já foi esquadrinhado à farta pelos intelectuais e comentadores.Ele se constitui como bastante conhecido em seus fundamentos mas desencadeia possibilidades de interpretação que oferecem a oportunidade de torná-lo cotidiano.

Porque considero este último conceito importante?Porque vejo claramente que há uma discrepância ,ao longo da história,entre aquilo que os intelectuais e cientistas descobrem e o que pensa o senso-comum.

Às vezes este diálogo entre estas “ elites” e o homem comum não é decisivo,mas não raro tais descobertas podem melhorar em muito o cotidiano.

No cotidiano ainda se vê como a educação cientifica e cientificista do século XIX perdura em certos locais,por oposição às certezas que as diversas religiões oferecem a este homem comum que sai para o trabalho,de manhã,de ônibus.

Os mistérios da coisa-em-si certamente não vão oferecer mais recursos à vida desta pessoa,mas em certos casos especificos e atingindo pessoas individuais ,um insight kantiano tem como,eventualmente, mudar a vida de alguém.

Um exemplo:Ferreira Gullar,um revisionista(talvez sem o saber)gostava de dar um exemplo tipicamente kantiano.Uma formiga que passa se nos revela como tal.Nós sabemos o que ela é,mas não sabemos o que ela comeu,o que ela fez antes de se nos apresentar diante dos olhos e a maioria diria que isto é uma preocupação sem importância e ridícula,mas um cientista ecológico,se fizesse um exame ,só para matar o tempo,poderia descobrir um metal e chegar à conclusão de que estudar o meio em que ela estava ou vivia demonstraria um desequilibrio ecológico causado por uma empresa e tal...

O paradigma kantiano,a visão kantiana do mundo(visão do mundo como ele é?)tem como trazer insights criativos e movimentar a cabeça do homem comum.Isto não é algo que só a filosofia de Kant oferece:a filosofia sempre desconstruiu o real de modo a mostrar as possibilidades de descobertas constantes,na vida humana de todos os dias,bastando ter disponibilidade para este aprendizado.

Contudo,Kant é mais rigoroso e mais amplo,porque aborda não só o Ser em Geral,entendido como natureza,mas também ,in limine,a questão social.Quando ele põe a necessidade da critica,em direção a tudo, une pela primeira vez a sociedade e natureza pelo saber filosófico.

É claro que há uma discussão imensa sobre s e ele queria superar a metafísica.Eu tenho falado sobre isto nos meus artigos avulsos e só vou relembrar os tópicos principais aqui para ,me reportando ao que eu disse acima estabelecer um pródromo para a análise interpretativa próxima que desejo fazer.