terça-feira, 27 de junho de 2023

Os ganhos da subjetividade kantiana

 

Uma linha fundamental da filosofia ocidental depende de Kant.Mas o que eu trato aqui é da criteriologia,do crivo crítico,que transcende a ele,inclusive.Uma das características que eu mais ressalto em Kant (e gosto)é o fato de ele se colocar na crítica também.

Quando s e fala em crítica pensa-se na arte,mas de certo modo existe na filosofia ocidental,além do aspecto eminentemente filosofico o elemento permanente e universal,que engloba as atividades humanas e o senso comum,de critica,que permite afirmar a autonomia do individuo no tempo,eliminando certos erros crassos.Quer dizer ,para além de uma autonomia do individuo esta visão transcendente e transcendental oferece ao homem comum possibilidades desconhecidas de crescimento e de capacidade critica,evitando estes erros ,como crenças sem fundamento,capacidade de evitar idolatrias,ceticismo ativo são alguns dos possiveis ganhos que esta “nova” subjetividade pode oferecer.


O tratamento psicanalítico e a História

 

Vamos entender isto mais claramente:a relação entre uma figura providencial que unifique os sentimentos gerais do homem comum já se verifica com ,por exemplo,Napoleão.

Ele explora estes sentimentos muito bem,mas isto se faz no plano politico,o papel é reconhecido,mas ainda não muito forte,pela posição que ela ocupa.

Depois de Freud,no século XX,tais recursos são usados,como s e viu em Hitler.Certamente ele não reconhecia a “ ciência judaica” como parte de todo o processo de mistificação(ou reconhecia?),mas ele está lá,principalmente na participação exponencial e prioritária da mulher,que podia ser manipulada.

Um outro exemplo que sempre me chamou a atenção foram os personagens de Os Maias de Eça de Queiroz:a relação de Pedro da Maia com a mãe que o tornou fraco e que o acaba levando ao suicídio,pela frustração amorosa,poderia ter sido “ curada” se a comprensão psicanalítica de Freud estivesse disponivel?


quinta-feira, 22 de junho de 2023

o cotidiano em Freud II

 

Tal é natureza deste que é um dos primeiros livros de Freud,mas o que ficou para além do manancial de informação é o cotidiano como parte da explicação existencial e histórica do homem.

Não que no passado isto não fosse conhecido,mas Freud sistematizou e deu cientificidade e método para sua compreensão e manipulação.O cotidiano entrou na história,segundo os percursos da pessoas comuns, tão importantes quanto os dos “grandes homens”.

Sistematização significa desvelar as razões pelas quais as pessoas agem no cotidiano e porque precisam de um referencial fora delas,para compensar as neuroses,os vazios e insuficiências do dia a dia.Uma impressão de superação da inadequação,quando os processos de formação da consciência são sempre dsitorcidos por uma experiência de frustração.

Este último conceito é o que determina as chances de manipulação.Se no passado isto era feito empiricamente ,a partir de Freud, se tornou algo compreendido e objeto de uma terapia e de uma organização social e politica.


kant e os critérios subjetivos

 

Mas eu não me refiro a isto não.Os proprios critérios subjetivos tem uma origem na relação com o mundo,mas antes e sempre antes desta relação algumas aptidões pré-dadas estão lá:capacidade de pensamento,a propria habilidade de elaborar critérios.Parece uma questão bizantina,mas não se pode imaginar que a consciência ,mesmo que formada na relação,não tenha antes algo que a permita fazer isto,se relacionar.O que já impõe uma hierarquia ,dir-se-ia kantiana,precedente ao processo histórico de formação.

A relação pura e simples de adequação não explica o processo de formação da consciência,porque se não houvesse antes possibilidade real de relação ela não haveria.

De toda ciência até a dialética, a pura adequação é falsa,mas a sua tentativa ou crença submete o homem ao objeto,como modelo dele,o que é escandaloso e fonte de distorções,que vão da politica para as doenças mentais.

Ter como modelo aquilo que está fora de si como objeto causa dissociação psiquica.Kant não trata deste assunto,mas o seu pensamento é um lenitivo quanto a isto,porque pela dialetica hegeliana ,por exemplo, há um momento em que o sujeito se define pelo que está fora dele e na verdade toda a dialética de Hegel conduz a isto.


segunda-feira, 19 de junho de 2023

introdução do meu livro sobre Kant

 É o reconhecimento de uma pessoa de formação marxista como eu de que não existe uma filosofia no marxismo,o que me move aquo,para trás.Por mais que muitos tentem não há nenhuma filosofia aplicável ao marxismo exceto a de Kant e o materialismo dialético foi sempre uma falácia.Então a unica maneira de preencher este vazio é aceitar Kant e a sua criteriologia e isto passa para o marxismo.

Não existe uma totalidade fechada,uma dialética fechada,mas é possivel pela experiência dos povos discutir os temas do marxismo,como fizeram os austro-marxistas e a II internacional,dos quais eu vejo uma continuidade para os tempos atuais.

Dar um sentido profissional à crítica kantiana fazê-la participar das atividades humanas é o que eu acho importante.Toda a crítica,inclusive a literária, parte de critérios de organização/compreensão da sociedade.No caso da sociedade o encaixe desta explicação é importante mas não definitivo,porque a interpretação tem como sugerir mudanças num determinado setor ou situação.

Muita gente,inclusive no marxismo,entende que a interpretação joga a objetividade num pântano intransponivel,mas não é esta a realidade porque ,seguindo Kant,e segundo o seu criterio, a objetividade continua lá,na condição de elementos constituivos do real.É um erro fatal considerar Kant subjetivista ,embora elementos subjetivos autonomos sejam essenciais na sua filosofia.

Devo reconhecer que esta questão da subjetividade põe em dúvida o problema do apriori em Kant e é muito mais complexa do que uma simples diluição ou rejeição.Há coisas na humanidade que são dadas desde sempre,tanto filogenética quanto ontogenéticamente.Os homens sabem que o fogo queima.Não há prova de que precisaram queimar as mãos para saber do perigo,embora isto tenha acontecido.Há certas aptidões,inclusive nos animais que são dadas desde sempre.


Freud e o cotidiano II

 Um dos momentos mais dificeis e mais primaciais da terapia é o reconhecimento da patologia.Talvez seja o único,porque uma terapia começa bem com o primeiro passo(como qualquer coisa na vida).Não raro um bom começo soluciona tudo,mas às vezes a presença(dassein) do outro de relação,alguém de confiança ou o terapeuta,é decisivo porque suficiente.Em outro texto tratarei disto aqui.

Quer dizer, o outro,o elemento referencial,transcendente,no divã ou no dia a dia, tem relevância,ainda que não seja propriamente um médico.

Estas considerações nos põem diante de um cotidiano que pode ser até inconsciente terapêutico como o foi e é patogênico.

As leituras da psicopatologia da vida cotidiana me revelam uma preocupação de Freud um tanto quanto afinada ao que eu disse acima e tanto quanto a dialética hegeliano-marxista a psicanálise se apresenta como uma mágica também ,na medida em que propõe uma cura próxima do imediato.

A enorme pressão da época vitoriana que provocava neuroses terríveis exigia uma resposta eficiente.Mas o que facilitou para a impressão de que a atividade psicanalítica cumpria o que prometia,foi o enorme desafogo que a pura e simples audibilidade propiciou.Quer dizer ter ouvidos dispostos ,no tempo,a ouvir,já diminuiu o impacto terrível das neuroses causadas pela repressão do meio.


sexta-feira, 16 de junho de 2023

Kant e o senso-comum II

 É o aprofundamento da simples razão que eu proponho aqui.À rede complexa de categorias ofereço critérios para a abordagem imediata do real,para quem está no senso-comum.Também aplicações eu quero fazer de Kant sobre a realidade.

Nisto o meu passado de professor me inspira.

Tal distinção,evidentemente,apresenta problemas:em certos setores do conhecimento,como na psicologia,o senso-comum parece prescindir do conhecimento científico.

Questões freudianas são conhecidas no passado:a relação d e Alexandre o grande com seu pai Felipe II são extremamente edipianas;no romance os Maias de Eça Queiroz também e igualmente no primo Basilio.Poderiam estas pessoas,pelo senso comum,pela experiência,resolver o problema que lhes afligia?Se sim,para quê Freud?ainda não respondi a esta questão,mas o caminho não é o de prescindir de senso-comum.Não penso,como tantas vezes digo ,que o mundo seja monista,que só uma causa governa o mundo e só um método exista.Mas aí é outra questão.


quinta-feira, 15 de junho de 2023

Os Pré-socráticos


A pletora de filósofos e cientistas aparentemente me desmente quanto aquilo que disse a respeito de Pascal e Descartes no artigo anterior,porque alguns deste filósofos pré-socráticos também são cientistas.

Contudo o que eles entendiam como ciência natural e social não tem nada a ver conosco hoje e para falar a verdade eles nem sabiam o que é esta divisão.

Nós vemos na metafisica de Aristóteles uma confusão monistica,lógica,entre o fazer das ciências naturais e as sociais,representadas pela filosofia evidentemente.Isto foi assim por quase dois mil anos e depois.

Mas o começo se dá com os pré-socráticos,que analisados por nós podem adquirir este papel completo de filósofos e pensadores,cientistas naturais de que falamos no artigo anterior.

As histórias da filosofia do marxismo soviético sempre ressaltaram que muitas das conceoções filosóficas destes criadores estavam ultrapassadas porque condicionadas por uma ambiência histórica que havia então desaparecido.

A muito custo admitiam alguma coisa que transcendesse desde que estivesse de acordo com o materialismo dialético e histórico.Isto sem falar na questão de classe:sempre há por trás de uma concepçao,não uma humanidade,mas uma visão interessada de classe.

Em alguns autores é verdade,como Platão e Pitágoras(quiçá Parmênides),mas em outros nem sempre se pode achar ,subliminarmente,uma intenção de classe,ainda que não houvesse ,por parte do autor ,questionamento sobre o seu mundo.

Zenão de Eléia defendia principios muito semelhantes aos de Platão e Aristóteles(e Pitágoras e Parmênides),mas tinha uma postura muito rebelde ,que o levou afinal à morte.

O discurso monistico que une as duas tradições de compreensão é como dois rios que se interpenetram ou se tocam às vezes,um se benficiando do outro e vice-versa.

Digo isto porque se esta junção monistica não tem validade o que se pode dizer da validade dos filósofos e do seu pensamento,bem como da história da filosofia?Como os soviéticos e marxistas ortodoxos poderiam entender a filosofia?


 Descartes e Pascal

Uma vez,lendo o O Capital de Marx me perguntei se a matemática do Capital era fruto de consultoria por parte do autor com outras pessoas ,especialistas.

Anos depois eu tive a resposta lendo “Dialética da Natureza” de Engels .Num determinado passo Engels se referindo à Matemática afirmou que Marx era um matemático consumado.E anos depois foi descoberto um livro de Marx sobre integrais,cálculo inventado por Leibniz e Newton.

Este presente artigo é para discutir questões éticas da relação do senso-comum com os grandes criadores ou como se dizia idolatricamente “os grandes homens da humanidade”,o high society histórico das pessoas que “ sozinhas” fizeram tudo.

Em outra ocasião eu tratarei desta supra-dita forma de idolatria.Agora eu quero mostrar como a relação entre este top de linha com o senso-comum geralmente se distorce prejudicando a compreensão do conhecimento em geral e do seu papel na sociedade,quer dizer a contribuição de cada pensador.

Dir-se-ia que diante deste fato notável,o de Marx ser um autor de ciências humanas capaz de enveredar pelas ciências exatas(coisa que ele se considerava,um autor idêntico aos cientistas naturais[por isto dedicou o volume de o Capital à Darwin])Marx poderia ser considerado o maior filósofo da História,o maior pensador da História,como a BBC o caracterizou ano passado.

Contudo Marx não ofereceu nenhuma contribuição real na matemática.É verdade que se ele tivesse nascido naquele meio de judeus que se interessaram pela fisica do final do século XIX poderia ter se tornado um cientista igual à Einstein,mas enquanto ele nasceu e viveu no seu tempo histórico ,sua contribuição se manteve no plano das ciências sociais e de modo muito crítico.

Se formos levar em consideração o extraordinário destas aptidões de Marx estariamos propensos a colocá-lo no pedestal da humanidade,mas se analisarmos a história da filosofia existem dois homens ,dois pensadores, que são importantes no plano social e natural:Descartes e Pascal.Ambos produziram obras de relevo tanto na filosofia quanto nas ciências naturais,fisica,quimica e geometria principalmente.Aprofundarei isto no próximo artigo.

Os conselhos de Freud não o tornam um escritor de auto-ajuda

 Os aconselhamentos no cotidiano ,acompanhados por outras medidas diárias no tempo,ainda mantêem uma certa efetividade terapêutica de Freud .

É verdade que Freud é presa do senso comum,deste cotidiano não raro vulgar e vulgarizador,mas depurando e condicionando a prática a resultados.

Elizabeth Roudinesco e outros freudianos diluem totalmente a prática e o caracterizam como um “descritor da natureza humana” porque o terapeuta aparentemente perdeu lugar neste senso comum cotidiano.

O próprio Freud entreviu esta tendência quando falou sobre a psicanálise leiga.Contudo a figura do terapeuta ,como do outro de relação,continua necessária e exigivel porque no momento da auto-consciência do doente a ajuda é ,não raro,essencial,já que o acometido sob o peso da neurose ,ao reconhecê-la, sofre mais ainda e tem imensas dificuldades para espanar a crosta que o soterra.


O senso-comum e Kant

 Kant libera a linguagem que já não restitui a realidade como um todo.Ele reconhece,ou pelo menos é possivel reconhecer por seu pensamento,a infinidade do mundo e da linguagem propriamente.

Muitos autores,por isto, depois de Kant ,não existiriam sem ele,sem esta liberdade da linguagem.O caráter interpretativo do mundo se tornou algo dominante na filosofia ,principalmente a filosofia da vida.Dilthey,Nietszche e tantos outros,mas penso ser possivel ,no âmbito da distinção entre conhecimento filosófico,profissional e o popular,o senso-comum,levando em conta que não existe mais barreira posta por Platão,encontrar um caminho de abordagem bom para aquele que não é profissional.Uma ligação entre o senso-comum e a profissionalidade.

Esta questão é derivativa da minha preocupação de cidadão e professor e de militante,de elevar a consciência do povo quanto ao seu futuro e quanto ao seu mundo.

Mas se liga às leituras que fiz de Habermas em que esta distinção entre a linguagem comum e a profissional se faz também,sem falar no livro “Discurso Filosófico da Modernidade” em que há um cristianismo douto(teologia) e outra popular.Mas todas estas antinomias são fatos comuns no pensamento profissional e popular.De vez em quando ele aparece e adquire um significado revolucionário, como na independência dos EUA(ou revolução)em que o senso-comum serviu de base para o avanço em direção à liberdade.


quarta-feira, 14 de junho de 2023

Freud o terapeuta no cotidiano

 Os aconselhamentos no cotidiano ,acompanhados por outras medidas diárias no tempo,ainda mantêem uma certa efetividade terapêutica de Freud .

É verdade que Freud é presa do senso comum,deste cotidiano não raro vulgar e vulgarizador,mas depurando e condicionando a prática a resultados.

Elizabeth Roudinesco e outros freudianos diluem totalmente a prática e o caracterizam como um “descritor da natureza humana” porque o terapeuta aparentemente perdeu lugar neste senso comum cotidiano.


Mais premissas sore o capital

 Livros como o Capital são um manancial permanente de ideías e possibilidades,mas certos conceitos,constatações que fiz como pesquisador me induziram a fazer este trabalho e também o estado da esquerda atual,que continua cometendo os mesmos erros do passado,me estimulou a realizar esta pesquisa e este texto.

Trabalhei com a s seções dos livros do capital,geralmente duas a duas,para encurtar o esforço.Eu junto o volume I com o II,mas o essencial para mim é toda a polêmica que percorre o primeiro e o terceiro,na questão da transformação.


A finalidade em Kant

 Sem duvida,o corte epistemológico é uma invenção que confirma aquilo que eu disse anteriormente.Por uma série de razões imagina-se que a ciência ,sendo capaz de obter a causa dos fenômenos,tem meios de provar que só ela é habilitada a tal,como se esta busca da causa fosse suficiente para um mundo tão complexo.Mas como eu disse,com o exemplo de Proudhon,há pessoas que antevêem os problemas.E,neste caso,há que recuar e reconhecer isto.

No plano da filosofia não há uma ruptura,muito menos o seu fim.Mas o marxismo como outras correntes,pensou assim e ficou sem base.Se o movimento é permanente,não há propriamente fim ,senão no plano axiológico,ou seja,finalidade.


terça-feira, 13 de junho de 2023

premissas do estudo de Freud

 Realmente ,verifica-se nas narrativas de casos de Freud uma certa exigência de solução rápida e efetiva das doenças.Ainda há em Freud uma proximidade com a “ ciência” médica(se medicina o é[me parece mais definivel como “ tecné” no conceito de Aristóteles]).

Mas como na medicina, na psicanálise as soluções são extensas e temporais,nunca imediatas.José Guilherme Merquior gostava de comparar este desejo de solução,como pensamento mágico,o que depunha abaixo o sonho de Freud de se tornar um Galileu.

Mas esta deposição não é total.Freud tem ilusões,mas a psicanálise adquiriu outros significados e possibilidades de utilização efetiva,se deixar de lado estes desejos e pretensões iniciais,tipicos de uma época ainda bastante cientificista.


Conclusões antecipadas de meu livro sobre Marx

 A busca do essencial é uma escolha e que adquire formas e substâncias de acordo com esta escolha.Mas o trabalho produtivo essencial não é passivel de escolha.

Aqui eu me reporto à primeira e única premissa da minha análise crítica do Capital:se não existe uma dialética fechada e Marx a aplicou neste livro,então ele não tem mais o significado que Marx achava que ele devia ter.

E o que era?A proposta(ou hipótese) de Marx era que havia a incidência de uma lei do valor,sobre a qual incidia a exploração capitalista.O Capital é um livro teórico,ele subsiste como análise técnica do capitalismo,da economia burguesa(com a s implicações que isto possa ter)mas ele afirma uma realidade,que não foi provada.

Antes que algum radical tenha um ataque,isto não quer que o capitalismo não explora,mas as formas de exploração são diferentes.


Meu propósito neste livro

 Pretendo usar uma pesquisa feita por um autor de direita que mostra como o que definia decisões cientificas na época de que estamos tratando era o que se entendia ser a ciência,que supostamente havia superado todos os saberes,principalmente a filosofia.E ciência significava tratar de coisas materiais e concretas.

Mas na história da ciência existem outros momentos em que a oportunidade de avanços maiores se pôs e grandes mentes não perceberam:se Leonardo da Vinci tivesse prosseguido no seu trabalho talvez pudesse ter chegado à descoberta da circulação do sangue.

Sem dúvida o problema de Kant aí é acreditar que existem coisas pré-dadas.É o apriorismo.Toneladas de materialistas se afastaram de Kant por seu idealismo,mas a definição de Kant é ser criticista criteriologista,criteriológico.

Naturalmente um estudo acurado destas obras de Kant poderia ter revelado muita coisa,mas vai dizer isto de Marx para um seu seguidor...

Isto,no entanto,vale para um monte de gente,que lê os autores só uma vez,para acreditar,não compreender.

O meu trabalho é para aprofundar o papel de Kant,mostrar o seu caráter prioritário para certas coisas,para certas realidades.Não é que ele seja único,mas é o mais universal.


segunda-feira, 12 de junho de 2023

Prefácio de Freud e a Virgem

 Conforme tenho dito anos a fio ,não sou psicanalista de formação nem médico,mas há que reconhecer que a contribuição de Freud extrapola os limites destas atividades e influencia diversas áreas do conhecimento.
Freud é legatário da tradição filosófica do final do século XIX(sem falar na da ciência logicamente),a “ filosofia da vida” que marcou a sua diferença com o passado recente do cientificismo monista,abrindo perspectivas novas para a compreensão do mundo.
Se neste passado recente a perspectiva é fechada ,vai se descobrindo depois ,que a ciência não é única ,que a sua previsibilidade é discutível e que sempre que o mundo é abordado há uma fratura em todo esquema explicativo causal fechado.
Não necessariamente Kant ou a física propiciaram bases para esta descoberta,mas a constatação geral de que os sistemas metafíscos,fechados, não davam conta do real.
De Kierkegaard até ao final do século XIX,com Nietzsche,Simmel,Dilthey e a psicologia em geral,a diluição desta crosta sobre o mundo real,incide.
Freud e a Virgem
O processo de explicação adquire um papel ao lado dos métodos da compreensão e interpretação.Coisas que permitem a Freud elaborar a psicanálise.
Mas como eu tenho dito frequentemente,a psicanálise é um método terapêutico(médico) e uma concepção que modifica a visão que temos da relação do homem com a realidade em torno dele.
A pura adequação do sujeito com o mundo que parecia justificar a presença monistica da ciência como modelo rector da existência humana é posta em xeque definitivamente.
A respeito disto tenho me referido constantemente,coisa que traz consequencias ainda mais importantes para o pensamento em geral.
A despeito de Freud ter pensado ser a psicanálise a ciencia(definitiva)do psicologia(desmentido depois por Jung),não se há de negar que a sua contribuição colocou como problema cientifico a subjetividade.Aparentemente tal não rompe com o principio da adquação cartesiana sujeito/objeto,mas o modo de abordar a subjetividade destrói totalmente a exigência deste “ encaixe” porque não é possível extrair desta análise principios e leis,mas só uma interpretação,a partir de padrões hermenêuticos que se modificam no processo mesmo de análise(Gadamer).
Foi assim que Gadamer elaborou o seu método hermenêutico,pelo qual no processo próprio de interpretação, “o circulo hermenêutico”,as suas bases se modificam também.
Tais constatações prévias impõem a abordagem de um primeiro problema no estudo de Freud.


Prefácio de meu livro Kant como ferramenta

Prefácio
Este texto tem um significado decisivo em minha vida de pesquisador porque fixo as minhas concepções relativas à Kant,dentro da minha revisão do marxismo,a partir da II internacional, a qual relacionou Marx com Kant(contra a vontade dele provavelmente).
 Todo mundo tenta suprir a falta de uma filosofia em Marx,trazendo um seu caderno de juventude sobre Espinoza,tentando usar o estruturalismo,como Althusser, e simplesmente deixando de lado esta questão.
Mas a verdade é que o único pensador que consegue isto é Kant,porque por ele se percebe o erro essencial de Marx e do marxismo: crença cientificista de que basta a ciência para compreender o real,decretando o fim da filosofia,como um saber metafísico ou mesmo sem fundamento.Isto está de acordo com o pensamento de Habermas em “para a reconstrução do materialismo histórico”,quando ele se refere ao cientificismo .
No lugar da filosofia,como disse Althusser,está(-ria) o materialismo dialético que seria a filosofia no seu sentido científico,uma ciência em si.
Neste passo,o marxismo é igual ao positivismo do século XIX,quando põe a filosofia sob leis do pensamento,o que a torna não uma filosofia propriamente, mas uma psicologia,perigo que o próprio Kant notara e evitara no seu tempo.
O materialismo dialético não é uma filosofia científica ou uma psicologia,mas uma tentativa de construir uma lógica sem fundamento,que se torna uma ideologia justificadora.Podemos também ,lembrando Hegel,dizer que ele é um pálido reflexo da dialética hegeliana como ciência da lógica.
Mas não existe dialética senão no pensamento,como Proudhon verificou pela primeira vez.A ideia de um materialismo dialético é totalmente ficcional e subsiste em grande parte por desconhecimento da própria filosofia e da precariedade da ciência natural no tempo de elaboração do marxismo.E por desconhecimento de alguns filósofos quanto às ciências naturais.
Porque quer queiramos ou não ,somos limitados pelas condicionantes de tempo e espaço.A liberdade de pensamento e de pesquisa pode diminuir isto aí,mas de modo geral,de um jeito ou de outro,um preconceito,um temperamento,uma disciplina acaba atrapalhando.
Nós conhecemos a frustração de Einstein ao perceber que podia ter ido da energia para a matéria,o que o teria feito conseguir novas descobertas e adiantado mais o relógio da ciência.
Prefácio
Este texto tem um significado decisivo em minha vida de pesquisador porque fixo as minhas concepções relativas à Kant,dentro da minha revisão do marxismo,a partir da II internacional, a qual relacionou Marx com Kant(contra a vontade dele provavelmente).
 Todo mundo tenta suprir a falta de uma filosofia em Marx,trazendo um seu caderno de juventude sobre Espinoza,tentando usar o estruturalismo,como Althusser, e simplesmente deixando de lado esta questão.
Mas a verdade é que o único pensador que consegue isto é Kant,porque por ele se percebe o erro essencial de Marx e do marxismo: crença cientificista de que basta a ciência para compreender o real,decretando o fim da filosofia,como um saber metafísico ou mesmo sem fundamento.Isto está de acordo com o pensamento de Habermas em “para a reconstrução do materialismo histórico”,quando ele se refere ao cientificismo .
No lugar da filosofia,como disse Althusser,está(-ria) o materialismo dialético que seria a filosofia no seu sentido científico,uma ciência em si.
Neste passo,o marxismo é igual ao positivismo do século XIX,quando põe a filosofia sob leis do pensamento,o que a torna não uma filosofia propriamente, mas uma psicologia,perigo que o próprio Kant notara e evitara no seu tempo.
O materialismo dialético não é uma filosofia científica ou uma psicologia,mas uma tentativa de construir uma lógica sem fundamento,que se torna uma ideologia justificadora.Podemos também ,lembrando Hegel,dizer que ele é um pálido reflexo da dialética hegeliana como ciência da lógica.
Mas não existe dialética senão no pensamento,como Proudhon verificou pela primeira vez.A ideia de um materialismo dialético é totalmente ficcional e subsiste em grande parte por desconhecimento da própria filosofia e da precariedade da ciência natural no tempo de elaboração do marxismo.E por desconhecimento de alguns filósofos quanto às ciências naturais.
Porque quer queiramos ou não ,somos limitados pelas condicionantes de tempo e espaço.A liberdade de pensamento e de pesquisa pode diminuir isto aí,mas de modo geral,de um jeito ou de outro,um preconceito,um temperamento,uma disciplina acaba atrapalhando.
Nós conhecemos a frustração de Einstein ao perceber que podia ter ido da energia para a matéria,o que o teria feito conseguir novas descobertas e adiantado mais o relógio da ciência.

Prefácio do meu livro marx

 Prefácio

Agora é o momento de fazer o trabalho essencial com o Capital.Este trabalho se refere aos meus comentários pessoais ,mas eu farei o mesmo usando ,já,os comentários de outros autores que eu separei em outros arquivos.

Aqui neste momento sou eu e a anotação que eu fiz nos remete a um problema muito sério que é o das definições em Marx e também o problema da relação da sua explicação sobre o valor.

Se o leitor observar as anotações feitas por mim vai analisar o seguinte: “força produtiva do trabalho”,o que é?Força produtiva do trabalho é a capacidade qualitativa de se produzir algo com menos esforço,por razões de tecnologia ou organização do trabalho(ou outra coisa nova).Pois,quanto maior a força produtiva de trabalho,menor o tempo de trabalho necessário,menor a massa de trabalho cristalizada no bem e menor o seu valor.

Quanto menor a capacidade produtiva(força),maior a quantidade de trabalho para produzi-lo e aí o valor do bem,a grandeza do s eu valor seria maior.

Dentro das premisas postas por mim neste trabalho,há que entender os termos usados por Marx para entender a mercadoria,especialmente a questão da grandeza:a grandeza do valor da mercadoria ,maior ou menor é medida por duas coisas,a capacidade produtiva do trabalho e o tempo necessário para a sua realização.É através destes dois elementos complexos que se pode medir a grandeza do valor da mercadoria.

Num segundo momento,eu aduzo algumas questões importantes ,pelo menos,para mim,desde que fiz as leituras prepatórias ao Capital,da Miséria da filosofia até à contribuição,passando por salário preço e lucro:o que sempre me colocou uma pulga atrás da orelha é a superficialidade da análise da dicotomia oferta e procura.

Nunca me enganei e não me engano hoje de que Marx aplica a dialética hegeliana fechada sobre a economia burguesa e que neste contexto sempre tendeu a ver a classe operária como fonte única da mais-valia,conforme está na contribuição.

Contudo,e isto aparece às vezes na polêmica com Proudhon,é lógico que o fator de procura subjetiva de uma mercadoria joga um peso na questão do valor.

Está certo Marx em dizer que se não se tem capacidade produtiva para fazer uma mercadoria não é possível sustentar a economia,mas num momento seguinte nós temos que admitir,que a procura de um bem depende muito da escolha subjetiva do mercado e da sociedade.

Existem certos bens que são essenciais à sociedade:roupas,casa e comida,mas fora estes há uma pletora de bens que em si mesmo contêem as necessidades desejadas pelas pessoas.Mesmo os bens essenciais à vida sofrem mutações na sua forma e substância para atender a estes desejos psicológicos.

Por hora devo dizer ainda a respeito disto que:quando Marx prioriza o trabalho do operário industrial(o termo sociológico é este e não proletário),ele não está fazendo uma escolha(kantiana),porque na prática o encaixe entre a objetividade das necessidades essenciais e o desejo social,que priorizaria objetivamente o setor produtivo da sociedade(como está na contribuição)é obrigatório e não passivel de escolha.Não ,ele não faz uma escolha kantiana.Aliás aqui é o limite entre a axiologia e o materialismo em Marx.A classe operária é capaz de produzir os bens essencias à subsitência da sociedade.Isto fundamenta muitos cretinismos dos radicais de esquerda por aí que acham que o resto não é essencial.Eu vou tratar desta questão em outro texto.Bernstein se refere a isto no “ socialismo evolucionário”.