A possível dialética
Quando eu tratei certa vez dos limites do humanismo
renascentista,principalmente na figura de Leonardo da Vinci,eu procurei ver uma
dialética entre ele e a natureza,pois ele não tirou de sua cabeça os princípios
para criar a chamada “ máquina voadora”.A primeira coisa que foi
comprar vários pombos ,para soltá-los e analisá-los um a um.
Então,para mim,não havia demiurgia,a construção do
homem e a partir do homem, o mundo.A demiurgia é construir o homem,mas o homem
é a natureza,para esta época, e a modificação da natureza o é,também,do
homem.Logo a demiurgia e a transformação da natureza estão interligados como o
estão o imediato e o mediato,mais uma prova inequivoca da dialética.
Contudo analisando mais friamente a dialética e as
relações da dialética ,como produto da consciência,com o sujeito
humano,verifiquei quea ntes desta dialética Da Vinci/pombos havia a escolha de
realizar o relacionamento.A dialética dependia do sujeito para existir.Pois Da
Vinci escolheu.
Isto faria renascer a demiurgia?Em termos,porque a
escolha da relação não é ela própria sózinha(porque existe a possibilidade do
outro que há a escolha[dialética]);muito
embora o resultado da escolha com a análise do vôo do
pássaro(dialética[vôo{síntese dialética}]) pudesse ser inevitável(impulsivo[inconsciente]) o homem continua acompanhado e preso ao
mediato/imediato ou vice-versa.
A escolha é kantiana,criticista ,enquanto que a
relação é hegeliana.Mas esta última é que destaca o valor da escolha,que não
teria sentido nenhum se não chegasse à finalidade,mas não existir,sem a prévia
escolha,logo há uma dialética e para existir há que pensar numa não-dialética
,na escolha do sujeito,para existir.Então aqui,nas palavras,na razão
discursiva,como diz Habermas em “ O discurso Filosófico da Modernidade” estaria
resolvido o problema do movimento e do seu,suposto,modelo:o modelo é o discurso
que se relaciona com a realidade,e o constitui kantianamente.
Todos conhecem os estudos sobre a sexualidade de
Da Vinci feitos por Freud.E se a escolha é incosnciente?Como manter o
criticismo e a dialética,mesmo subjetiva?
Nós conhecemos também os estudos feitos pelo jovem hegeliano David
Strauss sobre a trindade cristã Deus-Pai-Filho e espirito santo.Na dialética
moderna era possível começar de qualquer lugar,até do filho,porque este era
meio-deus,como seu pai,que,através do espirito santo “ fez” seu filho.E o
espirito santo pode ter convencido deus-pai a fazê-lo.
Mas numa dialética freudiana?O id ou o superego
podem começar a tríade?Ou é a consciência do inconsciente que começa?Isto tem
relevância?
Tem sim porque a dialética é um movimento que não
está pré-dado,como o movimento em si.Este é um dos problemas de Hegel e das “
leis da dialética”.Como o movimento,que move tudo,tem leis prévias?Como adequar
o movimento com um modelo que por definição não é movimento?É a mesma coisa que
querer um Deus espiritual que cria um mundo material sem sê-lo.É a mesma coisa
que o marxsmo ,que se coloca como um modelo explicativo,mas não explica a si
mesmo e quando o faz ,como modelo que é,se dilui no movimento(depois de
destruir tudo).O marxismo é um modelo kantiano mas quer se diluir na dialética.
E no caso de Freud?É possível legitimar este movimento não dando
pré-existência ao inconsciente?