domingo, 19 de março de 2017

Meu encontro com Freud só

A possível dialética




Quando eu tratei certa vez dos limites do humanismo renascentista,principalmente na figura de Leonardo da Vinci,eu procurei ver uma dialética entre ele e a natureza,pois ele não tirou de sua cabeça os princípios para criar a chamada “ máquina voadora”.A primeira coisa que   foi comprar vários pombos ,para soltá-los e analisá-los um a um.
Então,para mim,não havia demiurgia,a construção do homem e a partir do homem, o mundo.A demiurgia é construir o homem,mas o homem é a natureza,para esta época, e a modificação da natureza o é,também,do homem.Logo a demiurgia e a transformação da natureza estão interligados como o estão o imediato e o mediato,mais uma prova inequivoca da dialética.
Contudo analisando mais friamente a dialética e as relações da dialética ,como produto da consciência,com o sujeito humano,verifiquei quea ntes desta dialética Da Vinci/pombos havia a escolha de realizar o relacionamento.A dialética dependia do sujeito para existir.Pois Da Vinci escolheu.
Isto faria renascer a demiurgia?Em termos,porque a escolha da relação não é ela própria sózinha(porque existe a possibilidade do outro que há  a escolha[dialética]);muito embora o resultado da escolha com a análise do vôo do pássaro(dialética[vôo{síntese dialética}]) pudesse ser  inevitável(impulsivo[inconsciente])  o homem continua acompanhado e preso ao mediato/imediato ou vice-versa.
A escolha é kantiana,criticista ,enquanto que a relação é hegeliana.Mas esta última é que destaca o valor da escolha,que não teria sentido nenhum se não chegasse à finalidade,mas não existir,sem a prévia escolha,logo há uma dialética e para existir há que pensar numa não-dialética ,na escolha do sujeito,para existir.Então aqui,nas palavras,na razão discursiva,como diz Habermas em “ O discurso Filosófico da Modernidade” estaria resolvido o problema do movimento e do seu,suposto,modelo:o modelo é o discurso que se relaciona com a realidade,e o constitui kantianamente.
Todos conhecem os estudos sobre a sexualidade de Da Vinci feitos por Freud.E se a escolha é incosnciente?Como manter o criticismo e a dialética,mesmo subjetiva?
Nós conhecemos também  os estudos feitos pelo jovem hegeliano David Strauss sobre a trindade cristã Deus-Pai-Filho e espirito santo.Na dialética moderna era possível começar de qualquer lugar,até do filho,porque este era meio-deus,como seu pai,que,através do espirito santo “ fez” seu filho.E o espirito santo pode ter convencido deus-pai a fazê-lo.
Mas numa dialética freudiana?O id ou o superego podem começar a tríade?Ou é a consciência do inconsciente que começa?Isto tem relevância?
Tem sim porque a dialética é um movimento que não está pré-dado,como o movimento em si.Este é um dos problemas de Hegel e das “ leis da dialética”.Como o movimento,que move tudo,tem leis prévias?Como adequar o movimento com um modelo que por definição não é movimento?É a mesma coisa que querer um Deus espiritual que cria um mundo material sem sê-lo.É a mesma coisa que o marxsmo ,que se coloca como um modelo explicativo,mas não explica a si mesmo e quando o faz ,como modelo que é,se dilui no movimento(depois de destruir tudo).O marxismo é um modelo kantiano mas quer se diluir na dialética.
E no caso de Freud?É possível  legitimar este movimento não dando pré-existência ao inconsciente?


domingo, 5 de março de 2017

Meu encontro com Marx só



O papel da religião afinal


Para concluir a discussão sobre o papel da religião no âmbito  do marxismo não acho possível condicionar comunismo ou socialismo ou qualquer coisa com o fim da religião.É surreal e irreal isto aí.Como é que um punhado de revolucionários russos,em 10 anos ,poderia acabar com uma religião de 1500 anos?
O que os bolcheviques fizeram foi um acordo ,nem sempre cumprido(por parte deles)com a religião ortodoxa,para que as partes se entendessem em nome de uma situação que já não tinha mais volta.
Fizeram politica no sentido mais tradicional e primitivo ,para manter o seu poder e   isto se aprofundou ainda mais com Stalin e o stalinismo.
Não tenho  certeza se a finitude humana vai ser uma base constante para a  necessidade da religião.Particularmente acho pouco.
O que disse no artigo anterior foi exatamente para  demonstrar que contrariamente ao que pensava o velho Marx  ,a religião não é apenas uma forma da manipulação de consciência social,mas é também uma forma desta última expor as suas contrariedades.” O respiro da criatura oprimida”.Marx deixou de desenvolver isto aí.
Quando Engels ,em seu livro sobre o cristianismo primitivo, compara este movimento com  o movimento operário ele põe como óbice a religião e preconiza para o movimento operário o abandono desta consciência falsa,mas a verdade é que a realidade do socialismo real no século XX indica uma convivência inevitável,voltando aos pródromos de Voltaire:o além-túmulo,a existência de Deus são uma teoria,que não deve atrapalhar o movimento social,como Engels ensinou na  comuna de Paris aconselhando a deixar a religião para o foro íntimo.
Entendo ser dificil conciliar a igreja católica,o movimento cristão-católico, com o socialismo e o comunismo,mas a idéia de Deus,os valores(alguns pelo menos)podem andar juntos sem problemas.