quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Os exemplos de Kant(e de Marx a latere)

 

Há muito queria fazer este artigo para demonstrar a justeza das posições deste filósofo,evidentemente lendo-o de maneira crítica.A questão é demonstrar a justeza da coisa em si através de exemplos,mas eu precisva minimalizar isto aí,então fiz uns diagramas básicos para entender o problema:

Se observarmos os exemplos acima veremos parede.Normalmente os críticos de Kant dizem ,como Gertrude Stein,uma parede é uma parede,uma parede.Mas vejam bem:cada um destes exemplos e mais os que o leitor possa imaginar não são iguais.

Numa primeira relação com esta pergunta:o que é uma parede?alguém vai responder que é um quadrado feito de tijolos colados com cimento.Mas se nós fizéssemos uma parede com tijolos de plástico ou de outro material,colados por outro tipo de contato,estariamos errados?Ah,mas haveria necessidade sempre de uma pintura,o que não é verdade.

Se fizéssemos uma parede de tijolos redondos adaptados uns aos outros e não colados,não seria parede?Seria o mesmo objeto a que nos referirmos anteriormente

O que é definido como parede é algo que está na subjetividade.

Quando Marx fala no pedreiro que antecipa na sua mente,diferentemente da aranha,o que fazer,uma parede por exemplo,é esta imaginação subjetiva que permanece para além das infinitas formas de parede,não iguais entre si,construidas concretamente.

Isto significa que os objetos são absolutamente singulares?Não.Porque todos estes objetos têm extensão,forma,matéria,coisas universais,distintas,mas com conteúdos qualificados.

E a isto que Kant chama de a priori.É lógico que este a priori foi aprendido historicamente pela humanidade,mas é desnecessário aprender esta história para caracterizar esta subjetividade e a existência ; não é preciso uma ciência para existir.

A existência começa quando não se é capaz de adquirir experiência(no berço),mas é essencial num determinado momento que esta consciência do periodo de existência ainda não apreendida se forme.A consciência do tempo real,que não começa na puberdade,é essencial para a continuidade da existência humana,como sentido.

Muita gente me critica aqui dizendo que Kant não falava numa experiência humana,porque se fosse assim ele faria não filosofia,mas psicologia.Mas eu já expliquei que em Kant não há esta integração sujeito/objeto,(como nós entendemos hoje,sem o a priori),embora ele admita este último,mas este último só tem sentido quando apreendido pela razao a priori.

A extensão da parede está em Kant como um principio pré-dado que possibilita saber o que ela é.Mas o homem aprendeu o que ela é, fazendo.Uma vez que aprendeu não precisa senão deste aprendizado histórico-temporal para elaborar um pensamento e uma filosofia.

O que eu tenho dito ,citando autores,é que deixando de lado este a priori como abstrato,reconhecendo o que eu disse acima,isto é,que o nascimento da consciência se dá pelo reconhecimento do periodo anterior de inconsciência (uma dialética?),é possível uma filosofia baseada na experiência,distinta de uma psicologia.

Se Kant entendia que a filosofia só pode ser feita a partir de conceitos a priori e meta-temporais e se toda psicologia está no tempo,na passagem da criança ao homem não há nele condição de juntar as duas coisas filosofia e psicologia,mas nós sabemos hoje,pela psicologia de Brentano,a que me vou referir em próximo artigo,que distinguindo as formas de experiência ,é factivel.Juntando e separando,o ego e o eu, é possível conectar uma psicologia e uma filosofia.

Mais do que tudo o reconhecimento pela consciência do periodo de inconsciência se dá na relação com o social,com a familia que diz à criança que houve uma existência.Sendo Kant o filósofo da autonomia subjetiva,o ato de crescer é fundamental,saindo desta dependência inicial o mais rápido possível e aprofundando-a continuamente.

Mas a subjetividade,aquela mesmo da parede,é suficiente para esta tarefa.É lógico que só um indivíduo que come e se sustém socialmente pode fazer isto,mas não é só o comer que define o homem,sua carência,mas a sua subjetividade.



Nenhum comentário:

Postar um comentário