Série:filmes que assisti
UM OUTRO
FILME*E UM LIVRO)QUE
ME IMPRESSIONOU MUITO
FOI São Bernardo de Leon Hirshmann,baseado em
Graciliano.E a cena
impactante é a da discussão
dos dois
coronéis dividindo um propriedade.
Esta
seqüencia ,para mim ,é
mítica,como todo o
livro,quedefine na
literatura o que é
um latifundiário,o que é a
cultura do latifúndio,que fundamenta
esta nossa sociedade arcaica ,brasileira.O
modo como o
" herói" do
romance,Paulo Honório, resolve
o problema é conhecido...
A representação cinematográfica de Graciliano
não exige música de
fundo.A secura famosa do
autor é falsa porque a humanidade
pungente que recende
da narrativa substitui esta
necessidade para quem a
aprecia atentamente(e só o
faz quem
tem humanidade).É assim no
romance e no
filme.
Costuma-se estabelecer
um justa conexão(eu
resisto,depois explico) entre
Dostoievski e Graciliano,em
elaborar personagens no limite
e isto vale para os
de São Bernardo.
Eu
digo que eu
resisto porque não quero dizer
que Graciliano é um mero imitador
de Dostoievski.Graciliano é,no
contexto do ciclo nordestino,um
analista do homem
brasileiro,mas sob a
perspectiva social.Ele é diferente
,por exemplo,
de
um Nelson Rodrigues,que analisa
outros aspectos do homem
brasileiro(uma ética da responsabilidade,o sexo e a traição).
Mesmo Angústia tem que
ser visto por
este prisma social,apesar de Ledo Ivo,em
um documentário afirmar que Angústia é
"só" um romance de amor e traição,mas
não é só
isso,porque o amor,nele,acaba e é
mediatizado por razões econômicas,porque
a personagem feminina central,honestamente,não se casa
com
Luis
da Silva por
ele não ter
dinheiro.
É
um romance social
urbano sim.
Pois
bem,em São Bernardo existe um
romance também,mas serve para
discutir as expectativas de cada um dos
brasis,um progressista(a professora)e o arcaico(Paulo Honório,o latifundiário).Do conflito
entre os dois não
nasce nada,senão o vazio,a esterilidade,e...a morte.