Ciência e existência
O tomar ciência de alguma coisa é sempre um modo de fazê-lo e
modo é tempo,tempo de elaboração deste tomar ciência.A ciência pode não ser
para o sujeito,conscientemente falando,mas o tomar ciência das coisas é uma das
condenações da humanidade,em sua racionalidade.Mesmo que ele não saiba como
funciona uma cafeteira elétrica,de algum modo toma ciência dela.
Um índio que vê um microfone pela primeira vez ,toma de algum
modo ,ciência de algo,novo.
Então a relação ciência e existência é um movimento constante
que vai do sujeito(consciente ou não)ao objeto(no plano das ciências sociais o
movimento oposto pode ocorrer) .É o homem no seu movimento de consciência(de
consciência[e escolha]{porque ele escolhe o que tomar ciências às vezes}).
Se tomarmos outra frase de Wittgenstein,já citada acima:” do que não se pode falar não se deve falar,deve se calar”,podemos
dizer que esta “ divisa” é muito ambígua e complexa principalmente nas relações
entre ciência e existência,porque mesmo para um índio que vê um microfone e o
examina,já existe esta relação e a sua escolha já foi realizada(ainda que sem “
muita “ consciência)
O projeto de Wittgenstein é evitar as desconexões entre o modo de
elaboração da ciência pelo sujeito,afim
de evitar os desperdícios ou falatório,no dizer de Heidegger.
Esta proposta é muito válida,mas peca pela convicção,dir-se-á
cientificista, de que é possível uma lógica(formal?)que evite isto.O capitulo
da certeza será sempre uma areia movediça eterna,porque o ser humano só
consegue certeza (quase-)absoluta no nível do óbvio ou do evidente,do muito
evidente.Fora disso,a errância,a
ilusão,a irracionalidade,as más escolhas jogam inevitavelmente um papel .
Não sei se Wittgenstein concordaria com o que eu digo agora ,mas ele parec comungar de um
defeito de sua época ,que é o de querer uma perfeita ciência ética,uma conexão
que impedisse as irresponsabilidades tanto da ciência quanto da ética,mas o
processo histórico da ciência e a
relação da humanidade com ela não permitem dizer que,no tempo,é
possível,previamente, coibir os erros,os riscos,o falatório.
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