domingo, 20 de novembro de 2016

Nietzsche I



Qual o valor de Nietzsche se sou tão crítico em relação a ele?Nietzsche é um grande crítico dos ismos,do racionalismo,destas abstrações racionais que não só não  expressam o real,como ,ainda,estabelecem e impõem compromissos de poder.
Neste sentido Nietzsche tem um mérito extraordinário e também pode e deve ser considerado um precursor da sociologia compreensiva,na medida em que ,no âmbito das ciências sociais(se podemos chamá-las assim?)se busca sempre um meio de abordar o sujeito (humano?)o mais próximo possível das suas ações.A visão coletiva da sociedade costuma esconder estas ações e procurar determinados eventos que supostamente explicam não só ela própria como os indivíduos nela contidos parece ser um caminho impossível,pois o geral não esgota ou exprime o particular e muito menos o singular.
Existe neste método dedutivo racional uma distância muito grande entre a variabilidade individual subjetiva e os padrões sociais que as explicariam.
O racionalismo(Apolo)obscurece e não revela as ações humanas ,em sua perspectiva e legitimidade.
Por outro ,na sua crítica,Nietzsche só vê esta perspectiva subjetiva e não as influências que o todo realmente possui e preconiza um isolamento que não condiz com o real.Uma ruptura que não é possível de fazer.Aqui há uma “consciência falsa” em Nietzsche,uma inadequação porque se ele tem razão em demonstrar as fraquezas da abstração e do racionalismo,por outro ele não só esquece o que acabamos de dizer,mas a necessidade,ideal,de conexão ,do individuo,do sujeito, neste todo.
Ele se refere a uma má consciência e boa consciência e não a bem e mal e nisto nós divergimos,uma vez que tal modo de pensar induz,a meu ver, a um individualismo agressivo,uma desconsideração com o “ em volta”,com os outros,que nada  tem a ver com o moralismo que ele tanto ataca.
É certo que cada um tem a responsabilidade consigo mesmo,mas a solidariedade não é moralismo como ele parece identificar.Os ideais subjetivos são necessários e o bem e o mal não são moralismos,mas experiências humanas necessárias que podem ser construídas subjetivamente,perpsectivamente.
Esta postura de Nietzsche me faz lembrar o “ anti-humanismo” teórico de Althusser:o mundo real,das relações sociais reais implica num abandono desta concepção do humanismo,um conceito falso e encobridor da exploração,das desigualdades,mas o humanismo é uma intenção de construir uma humanidade real em bases mais consentâneas com ela própria.
Fazer uma divisão deste tipo,entre o ideal e o real é o que me parece o criadouro de “ monstros”,como na pintura de Goya,porque as grandes violências surgem num indiferentismo cercado de grupos que se acham donos da verdade,sem ver o outro,preocupados apenas com a sua boa ou má consciência,com aquilo que lhe aprouver.

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