Ainda se propaga nas Universidades que o
iluminismo é o momento da maturidade da humanidade,mas este conceito está
errado e superado há muito tempo.O problema está na questão mesma do
modelo:todo mundo quer que o seu modelo seja o vencedor dentro da luta social
que se trava na humanidade desde a Revolução Francesa.
Como a Ilustração foi a última grande proposta de
unidade do ser humano,o último grande projeto para a humanidade ,todos se
voltam para este transcendente,cujas carcterísticas de puro racionalismo não
servem mais para a nossa complexa realidade social.
Foucault notou isto em seus livros,ao ponto de
chegar a dizer “ O Homem morreu”.O que
ele quis dizer com isto é que o projeto
abstrato acabou,havendo necessidade de reconhecer a realidade individual,os
problemas relativos à sexualidade,à intimidade,que no século XVIII não ocupavam
lugar de destaque(mas in limine).O individuo concreto vivo,como diz Marx estava
ainda ainda nascendo.
A resposta positiva de Kant ,sobre a possibilidade
deste individuo comum fazer filosofia ( e tudo o mais)só teve reconhecimento no
final do século XIX,através da escola da Marburg e Hessen e Ernst Cassirer,mas
Foucault percebeu esta nova realidade com Freud,a partir da “ Interpretação dos
Sonhos” e o nascimento da discussão sobre a relação do homem com o corpo,que já não é uma abstração
explicativa,mas uma verdade que não pode ser definida por uma categoria
científica única.” A verdade é concreta” Diz Marx antecipadoramente.
Esta verdade,de si para para consigo mesmo( transexualidade,homoafetividade)são
problemas que a razão não não só não resolve,mas só um conjunto complexo que a
reúne,as emoções,os sentimentos,os desejos,o sofrimento e assim por diante.
No meu modo de entender existe um momento em que o iluminismo adquire
o seu ápice final em Kant,com as consequencias devidas do seu pensamento,que
reconhece,muito liminarmente,a presença da sensibilidade humana junto à razão e
o crescimento desta consciência que se une(à revelia dos autores)com Freud(há
outros,mas eu fixo neste eixo o caminho de transformação da sociedade humana
contemporânea).
Contudo é preciso entender que a “ maturidade
humana” é um conceito metafórico,porque não há termo de relação entre a
maturidade individual e a da humanidade como um todo.Em primeiro lugar,porque
seguindo uam visão de Horkheimer,o “ desencantamento do mundo”,não é,como eu já
disse,a maturidade do ser humano,mas uma sua pré-condição.
Humanidade é uma abstração,mas os individuos não.
Cassirer demonstra que a repulsão à Revolução
Francesa ,bem como a sua sacralização(Hegel)jogou água demais no moinho da
razão,do modelo:tudo segue um curso normal,lógico,dentro de uma suposta
filosofia da história.Quem repeliu buscou outros modelos,quem sacralizou afirmou
que os seus momentos são um caminho necessário e racional(a de aprendizado?)da
sociedade.
Ambas as posturas estão erradas.O caminho de
Kierkegaard é mais acertado(falaremos dele depois).
Assim sendo a maturidade individual(não abstrata)
tem um fim,precede a morte,cuja experiência ninguém tem(Heidegger),mas a
maturidade da humanidade não tem um fim,pelo menos definido,por qualquer
instância.
Nem a ecologia,que vaticina o risco de fim da
humanidade,nem a religião,com a escatologia,possuem condições de afirmar este
fim.Então onde está o momento,a linha que caracteriza e estabelece tal
maturidade?E o que vem depois é decadência?É manutenção?
Em princípio,e como minha hipótese, eu entendo que
esta linha é o reconhecimento total das necessidades e direitos deste “
individuo concreto vivo” e num acréscimo ecológico,de tudo o que é vivo(a
vida).
O reconhecimento da diversidade sexual,o amor
livre(no sentido próprio do termo),a liberdade espiritual e material(superação
da miséria)são os elementos desta maturidade humana geral,entendida como um
epifenômeno(Kant)do fenômeno real da sociedade concreta,onde está o corpo.
Então esta maturidade começa em Freud,mas não sei
onde nem com quem ela termina.O que sei é que ela não se funda numa contribuição
intelectual ou científica única e em nenhum destes individuos,mas na concreticidade
toda.
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