A discussão sobre a maturidade da humanidade segue
o mesmo caminho da maturidade individual,com algumas diferenças,claro:adequação
ao mundo real.É uma forma de ontogenética,da ontogenética ligada à
filogenética(Haeckel).Ao desenvolvimento geral social corresponde o individual
e vice-versa(dialeticamente falando).
Mas será que é assim mesmo,este esquema funciona?A
adequação do individuo(socialização)é idêntica à da humanidade?
Certamente que as diferenças são claras.Não há como estabelecer
um padrão único de maturidade para a humanidade como um todo.Atribui-se a
Piaget(seguido por Habermas)que ao desenvolvimento material,ao conhecimento
cada vez maior,cultural,da humanidade quanto ao seu entorno,social e natural,corresponderia
um progresso moral,tanto no plano geral
quanto no individual.Esta idéia,supostamente dele,é contestada.
Julio Verne,seguindo uma longa tradição que vem de
Benjamin Franklin,afirmou que a ciência(e o conhecimento) uniriam os
homens,mas,eu aduzo,se estes quiserem,se as barreiras nacionais e interesses
particularísticos deixarem e não deixam,o que põe o problema da moralidade como
escolha não necessariamente associada às relações humanas,como a sociedade e a natureza,mas
com algo transcendente,que carece de modelo prévio ,mas é construído na voragem
do tempo.
Alguns critérios são chamados a formar este
modelo:se os homens vivessem no famoso país de cocagne,em que que o leite e o
mel brotam da terra,ininterruptamente,não haveria razão para dissensão e ódio,e
parte da utopia é chegar a este país.
Eu disse no artigo anterior que a maturidade do
homem começa com Freud e o reconhecimento das necessidades e direitos do
corpo,mas esta verdade acrescenta-se àquela do século XVIII,do “
desencantamento do mundo” de Horkheimer,que prepara a construção de uma
humanidade,posta separada da natureza,expressada numa declaração de
direitos,tosca e ainda por fazer,sofrendo diluição e recondensação continuos.
Assim sendo o problema do começo já é um problema
de como definir o tempo,o seu tempo,o que é este começo e a possibilidade de
seu fim.
Se na esfera individual pode-se identificar etapas
temporais de maturidade e imaturidade,conforme o nível de consciência,no plano
geral é este um tema aberto.
No seio deste “ começo”,que deveria apresentar uma
estabilidade para o gênero humano,cataclismos e violência atribuídos ao passado
se repetem,se reforçam,mesmo no momento em que a constatação dos “ direitos
humanos “ é mais forte.
A dialética pretende justificar isto(ideologia
como consciência falsa)afirmando que a liberdade só se põe quando está
perdida,mas a história da humanidade demonstra que,nas sociedades primitivas,
as utopias do passado,de retorno ao seu
igualitarismo desaprovam as “ vantagens “ da civilização”(idade de ouro).Houve
resistência à passagem da comunidade primitiva à civilização,como s evê na
Biblia,no primeiro crime.
O problema desta maturidade geral se insere na
confusão prévia entre o passado e o presente.A constatação do corpo só foi
possível com o desencantamento e o desencantamento conduz ao corpo.
E o futuro,onde está?
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