terça-feira, 8 de julho de 2025

Democracia contra o Capitalismo

 

A democracia nasceu para conter poderes absolutos. No entanto, ao longo dos séculos, outro poder emergiu: o capitalismo, com sua lógica de acumulação, concorrência e domínio do mercado sobre as demais esferas da vida. Se o capitalismo organiza a produção e a circulação de bens, ele também gera desigualdade, concentração de poder econômico e crises periódicas que ameaçam a estabilidade das sociedades. Aqui, a democracia se apresenta como a força capaz de limitar, controlar e, em muitos casos, opor-se ao capitalismo em nome do bem comum.

O controle democrático do capitalismo se dá por meio de leis que regulam o mercado, impostos progressivos que redistribuem renda e políticas públicas que garantem direitos universais, como saúde, educação e previdência. A democracia confere aos cidadãos o poder de eleger representantes que possam estabelecer limites ao capital, proibindo monopólios, regulamentando salários mínimos, garantindo condições dignas de trabalho e impedindo a exploração sem freios que o capitalismo, em seu movimento natural, tende a realizar. Assim, quando a sociedade se organiza politicamente, ela pode estabelecer que o lucro não está acima da dignidade humana.

Além do controle, a democracia também se opõe ao capitalismo quando este coloca em risco o meio ambiente ou desestabiliza sociedades ao gerar miséria em busca de lucros crescentes. O voto e a mobilização popular podem barrar projetos predatórios e exigir modelos de desenvolvimento que não destruam ecossistemas nem agravem o aquecimento global. A democracia pode também enfrentar o poder dos grandes conglomerados financeiros, impondo regulações que impeçam especulações que colocam em risco economias inteiras, como ocorreu em crises recentes.

Contudo, a democracia deve estar viva e atuante para exercer esse controle e oposição. Quando se fragiliza, seja por apatia dos cidadãos, seja pela captura do Estado por elites econômicas, o capitalismo retoma seu caráter predatório e passa a dominar a política, transformando-a em instrumento de seus interesses. A aliança entre cidadãos conscientes e instituições democráticas fortes é o caminho para que os valores de solidariedade, justiça e igualdade prevaleçam sobre a lógica do lucro a qualquer custo.

Por fim, o confronto entre democracia e capitalismo não é necessariamente a destruição de um pelo outro, mas a constante tensão que obriga o capitalismo a se submeter às exigências de uma sociedade que não aceita ser reduzida a cifras. Quando a democracia cumpre seu papel, ela civiliza o capitalismo, subordina o mercado ao interesse coletivo e afirma que a riqueza deve servir ao povo e não o contrário. Nesse equilíbrio tenso, reside a esperança de uma sociedade mais justa.

Este último parágrafo denota o que é a sociedade nos dias atuais,mas para aqueles que pensam numa utopia,como eu,este processo de controle é uma fase preparatória,que incide fundamentalmente o capitalismo faz de pior,que é submeter tudo e todos ao dinheiro.

A carcaterística mais degradante do capitalismo é legitimar tudo pelo dinheiro.Se deu dinheiro,vale,vai em frente.

Em outro artigo eu procurarei mostrar quais os valores que informam a minha relação com o dinheiro.

Mas agora incido sobre este lado podre do capitalismo.O sentido real da alienação é este,além da falta de tempo livre para os demais.

No filme Babilônia,sobre os primórdios de Hollywood,há uma cena em que um brutamontes,escondido num furdunço debaixo do chão,por um punhado de dólares,engole um rato vivo.

É assim a sociedade do dinheiro:qualquer coisa vale.Mas há momentos em que isto ultrapassa limites humanos essenciais.Nos tempos atuais até crianças se suicidam para fazer valer a dominação irracional das redes.

O principal controle é sobre esta “realidade”.

Preocupado,como sou,com a utopia,comungo com as ideias de Ellen Wood,em seu livro “Democracy against Capitalism”,que,na verdade é a continuação e cristalização da “revolução ocidental”,que,a meu ver,vale para o mundo todo,hoje.

Construir sociedades mistas ,capitalistas e socialistas,já é um fato e elas são,para mim,transicionais,isto é,apresentam condições para o salto para uma sociedade afluente,base possível do comunismo,no seu sentido próprio e exato,não o do assim proclamado “ socialismo real”.



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