Em um momento em que a democracia brasileira enfrenta ameaças constantes — seja pela polarização extrema, desinformação ou pelo enfraquecimento das instituições — torna-se essencial relembrar figuras como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães. Ambos simbolizam a luta pela redemocratização do Brasil após o período autoritário iniciado em 1964. Tancredo representou a esperança de uma transição pacífica e civil para a democracia, enquanto Ulysses, com sua voz firme e comprometida, personificou a resistência parlamentar e a construção da nova ordem democrática.
Falar sobre esses líderes hoje é mais do que saudosismo: é recuperar os valores que eles defenderam — diálogo, legalidade, tolerância e o fortalecimento das instituições republicanas. Ulysses foi o artífice da Constituição de 1988, chamada por ele de “Constituição Cidadã”, justamente por resgatar direitos fundamentais do povo brasileiro. Tancredo, ao se eleger indiretamente e recusar o discurso de ódio, sinalizou que a reconciliação nacional era possível.
Resgatar seus legados é um ato de resistência e lucidez. Em tempos de autoritarismos velados e rupturas institucionais, lembrar Tancredo e Ulysses é lembrar que a democracia se faz com coragem, civilidade e compromisso com o futuro.
Participei das Diretas Já com o coração pulsando por mudança. Não era apenas um ato político, era um clamor da alma brasileira. Ver aquela multidão nas ruas, unida pelo desejo de reconquistar o direito de escolher o próprio destino, foi uma das experiências mais marcantes da minha vida. Eu estive lá, com cartaz nas mãos e esperança no peito. Foi ali que aprendi o verdadeiro sentido da democracia.
Mas o que quero ressaltar neste texto é a questão da representação politica e histórica dos dois:eles são o começo de uma nova era para a classe média brasileira.
O deputado Luiz Henrique Lima disse uma vez sobre Ulysses(mas vale também para Tancredo)que ele representava aquele momento definido por Hegel,em que uma classe em si se tornava para si.No caso aí falamos da classe média brasileira,que,como outras classes médias em outros lugares do mundo,começa por uma egocentria e adquire com o tempo consciência de seu papel politico e histórico.
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