sexta-feira, 31 de julho de 2015

A experiência humana ,o bem e o mal Ou Hitler e São Francisco



temas: Série Filosofia



Se a experiência  humana  é  comum,se   não há ruptura e em algum momento  todos  temos algo igual em cada  individuo,em cada sujeito,existe algo que  une  Hitler e São Francisco de Assis e  pior:o que define a  humanidade,são   os  termos de  igualdade e  não  o que  diferencia um ser do outro.Em última  instância o que  difere não acaba com os  elementos  de igualação em toda a experiência.
Quando Nietszche  fala  no “ trans valorador”,aquele  que tem valores  próprios  esquece que esta  experiência (dos  valores)é comum.
Mesmo as figuras que  estão além da “manada” têm um pezinho lá.Nem adianta chamar em socorro o tempo,alegando que muitos  vivem o seu tempo de forma  separada  dos demais,porque  o tempo é  também uma experiência,ainda  que Heidegger diga  que  não  há(lógico) a  experiência   da morte;esta  não-experiência  não  funda a  diferença ,já  que  ex-nihilo nihil.É uma pretensão de certos  filósofos  isto  tudo...Uma  idealização.
Mesmo aquele  homem providencial só o é  considerado dentro de  certo sistema (experiência)de valores e  é a  ele que  deve o seu reconhecimento,porque embora este homem alegue não dar  importância,o faz falsamente,pois  é  presa  da  vaidade de  sê-lo,sempre(sempre=experiência=tempo),até  porque  afirma  esta(sua)condição.
Tudo se  complica quando se aborda o problema  do bem e  do mal,reduzido então a boa  e má  consciência (para  si,sem o outro).Se a referência  a si mesmo  é experiência,como não  falar numa medida transcendente de bem  e mal?É fácil  criticar os modelos  moralistas rígidos,impostos  à  “manada”  pelos  poderes  religiosos e laicos  da História,mas  a existência/experiência humana não pode  ser senão uma construção,mais ou menos consciente, de convivência.
Então a maioria que elegeu  Hitler  guarda em si uma legitimidade em relação  a  ele  e às suas ações porque  a convivência/experiência  coletivos é esta medida e  os  valores  transcendentes  de bondade do santinho de  Assis  estão perdidos  para sempre.
Ocorre que  mesmo na  construção da  convivência(maioria),na  reunião das vontades(Rousseau)critérios  prévios(transcendentes)existem e  querem ser reconhecidos  como algo que  os  governe  dali por  diante.
Não tem sentido construir  uma coletividade(manada?)para  oprimir a  si mesma,ou para  que se forme dentro dela  outra,para  oprimir  parte dela.
Na  construção permanente da  experiência  coletiva humana(manada?)os  critérios  transcendentes,que a confirmam,estão presentes,expostos  ou não.Confirmam  porque  são  a origem e o sentido desta  construção,mas como referenciais  específicos  eles  padecem de uma  suposta e  aparente fragilidade,diante do bem e  do mal,enquanto valores,pois o que é  bom para um sistema pode  não ser para  outro.
O critério possível,fundante para os  valores  transcendentes,está  fora deles e se expressa  na atitude diferente de  Hitler e São Francisco:um joga uma  criança no forno crematório e o outro se  compadece,dá  água e  ajuda.
No limite entre o imanente(a  dor) e o transcendente encontramos este  fundamento  dos  valores,não axiológico.

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