quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Nietzsche III

Série Filosofia


Começando do começo ,Nietzsche faz uma crítica ,em seu primeiro livro,das verdades abstratas,da visão distanciada dos valores e culpa Sócrates pelo fato delas terem se tornado os verdadeiros critérios dirigentes da vida humana,a partir da época clássica dos gregos.Para ele isto não acontecia em períodos anteriores em que a razão,o apolíneo, estava ligado ao dionisíaco, e não separado.
O que ele critica são estes ideais,que ele chama metafísicos,baseados em razões abstratas que nada têm a ver com a vida real.
O abstrato é uma invenção racional que visa abarcar manifestações específicas dentro de uma sociedade complexa,que já abandonou há muito a comunidade primitiva,onde todos se conheciam.
Quando Sócrates perguntava aos jovens atenienses o que era a verdade para eles,o que era o bom para eles,para além da conveniência política do tempo,ele fazia uma pergunta axiológica para eles próprios,mas,de fato,nesta pergunta já havia uma preocupação quanto ao que estes jovens podiam oferecer à cidade e à humanidade.
Enquanto os sofistas,admirados por Nietzsche,não tinham estas preocupações,Sócrates induzia-os a pensar em valores que os tornassem melhores,no sentido a que eu aludi:aquilo que fosse bom para a humanidade,para todos e que seria um objetivo,dali por diante ,de cidadãos melhores,porque mais cônscios de si mesmos.Ser cônscio de si mesmo era ser cônscio do outro.
Platão aprofundou estas questões,como discípulo de Sócrates que era,mas a intenção de Sócrates não era desviar o cidadão da polis,mas melhorar esta conexão.Por acreditar nesta sua verdade,e não corroborar com a acusação do tribunal ateniense é que ele resolveu cometer suicídio,sendo fiel à sua consciência.
Os gregos parecem ter percebido que a dissolução da comunidade primitiva implicava num novo tipo de racionalidade,de ideal,de concepção,que desse ,ao menos,esperança de sua  restituição.
Os mitos da Idade do Ouro,a estória de Dédalo e Ícaro e tantos outros ,indicam esta preocupação,que se se tornou moralismo depois,é um problema não necessariamente deste povo.
E mais do que isto:uma coisa é a metafísica,outra  razão.A metafísica foi identificada à razão e ao ideal ,mas isto não é obrigatório.
A metafísica se define pelo dogma,pela verdade absoluta e pela especulação de realidades não prováveis,como Deus,alma,conexão alma/corpo.Estes sim são objetivos inúteis,não o bem,o bom,a consciência,a verdade.Nietzsche quer criticar o transcendente,tomando-o pelo transcendental.

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