domingo, 10 de setembro de 2017

O problema da morte.



Nas hostes heideggerianas da filosofia diz-se que ninguém tem a experiência da morte.Ela é uma representação “ pura”,um fato de consciência(“ esta região de onde ninguém nunca voltou”[Shakespeare]{Hamlet}).No entanto,acaso,como o homem adquiriu a consciência de sua finitude temporal?No inicio da história da humanidade a morte nem era propriamente admitida,mas uma passagem de um lugar para outro.
O conceito de morte não prescinde da temporalidade e da temporalidade histórica,porque a consciência humana vai descobrindo o que é isso(se é que descobre)e muda o seu conceito.Nós podemos dizer que a frase supra-citada de Shakespeare expressa melhor o que é ela:” o lugar de onde ninguém voltou”;ou talvez o conceito de Lacan,” vou desaparecer”.Aquele que não é visto pode estar morto,mas esta deve ser confirmada pela comunicação e pela verdade da sua ocorrência.
Estes momentos,estas também presentificações,acaso não são experiência?A morte deriva então de um outro-de-tempo,de um outro-de-razão,de um outro-de-presença.
Ex nihilo nihil como falava Parmênides.Não se pode construir uma vivência,um sentido de algo que não se experimentou,de algo que quando é presentificado não é verdade para quem “ desaparece”.
A não presentificação é o fundamento do sentido?O sentido de cada um é baseado,fundado, numa não vivência,num fato de consciência?Nós vimos que não,porque a consciência é uma experiência temporal,uma experiência modal e complexa,que se põe  de muitas maneiras,de muitos “ algos”.
O ser é “ aquilo que se põe à maneira de algo”,pois as essências não são senão presentificações.Como disse anteriormente é discutível se não há uma presença,mas a morte parece justificar,como ponto de partida do sentido,estas múltiplas presentificações.Contudo,se há uma conexão com o tempo e com uma experiência,que está no tempo,se existe uma passagem de um plano para outro( e vice-versa),algo deste algo permanece.
O “algo” da condição,exempli gratia,de professor não são as presentificações próprias do Ser professor?A repetição concreta e real destes atos não é presença?A memória,como experiência,não funda novos e futuros atos caracterizadores do ser professor?Ele não subsiste?
A consciência da morte,que se adquire na experiência n(d-)o mundo,inscrita na memória é que funda o sentido,não “ algo” que não é.
Assim sendo negar que aquele que não tem sentido não deve e não pode  ser reconhecido é uma negativa de “ algo” que está naquele que produz sentido e o alemão e o judeu são iguais.

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