quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Reprofissionalização da Filosofia:Heidegger

Uma inovação




Neste artigo eu pretendo mais uma vez mostrar porque considero o pensamento de Heidegger como uma reprofissionalização da filosofia.
Heidegger intentou fazer inovações na filosofia exatamente influenciado pelo que a primeira guerra tinha feito à humanidade,especialmente a técnica.Era um ser humano mais forte o que pretendia construir com fundamentos novos.
Contudo a sua visão também cria separações,barreiras nesta humanidade,porque absolutamente racional e sem levar em consideração outras esferas da vida humana,igualmente importantes e decisivas.
O problema do irracionalismo:quando Heidegger se refere ao sentido,de que o homem não é isto ou aquilo,esta ou aquela essência,afirmando que é sentido,aquele que não é capaz deste sentido,onde fica?Eu percebo uma certa razão para as ligações de Heidegger com o nazismo,neste conceito.Os loucos,os incapazes,os que não são fortes têm um destino terrível?
E é aqui que eu proponho uma interpretação inovadora com relação a Heidegger:embora o homem não seja isto ou aquilo,as suas diversas essências são reais e precisam ser reconhecidas.
São reais como formas.Formas de relacionamento,modos(temporais) de conduta,de atitude.O homem não é isto ou aquilo,mas é também (reconhecido)como professor,trabalhador,cidadão,louco(louco?).
Em que medida a essência de algo irracional o é realmente?A reunião,no tempo,do sentido e das múltiplas essências,soluciona o problema?
A verdade é que todo o sentido do ser ,fortalecido diante daquilo que o massacra ou intenta,não fornece uma resposta modelar definitiva(utópica?[pois definitiva?])do homem?
Esta resposta está na passagem (temporal[modal])do transcendente,na direção do outro,mas o quê no outro nos interessa?
Por mais que uma nova ontologia(se é que Heidegger é ontológico)busque um ser mais forte,este não é sozinho.A abertura para o mundo,pela temporalidade tem que reconhecer a legitimidade das múltiplas essências,apesar do sentido,mesmo aquelas que não passam pelo pensamento,pela razão.
De novo eu verifico que na tradição filosófica racional,a tentativa de ruptura da experiência é infrutífera,como demonstrei no caso de Nietzsche/Kant e agora em Heidegger/Aristóteles.
Embora este último tenha  formulado um conceito de razão ,supostamente não compartilhado por todos(Aristóteles em A Política” Há pessoas que não podem ser abandonadas a si mesmas”),o reconhecimento do mundo real (numa dialética surpreendente)as inclui,como problema.
Então porque excluir aquele que compartilha o tempo e o sentido,como Husserl,que Heidegger atacou pessoalmente(como judeu que era Husserl)?
O reconhecimento destas essências é uma necessidade do pensamento de Heidegger,desta sua nova ontologia(muito embora muitos neguem que ele proponha uma “ nova ontologia”).
O acréscimo do tempo,do tempo real,do tempo físico marca,a meu ver,o nascimento desta ontologia,que não dilui o Ser no sentido,porque a forma do Ser,os seus limites reais,permanecem.
Ainda que se diga que por causa do tempo o sujeito e o objeto não existem no pensamento heideggeriano,há que acrescentá-los,porque não há esta contradição entre o nexo cognitivo e o tempo.
Jean Wahl,afirma que o Ser é extático,mas eu adiciono o fato de que  a formalidade,os limites na physis são essenciais,são reais e que a perspectiva heideggeriana não pode se suster sem este reconhecimento.O sentido de uma pessoa deriva de sua subjetividade,não de sua diluição no tempo,nos acontecimentos de sua vida.Por isso não é de todo errado traduzir o “ dasein”,como presença,como faz Emanuel Carneiro Leão,porque o acontecimento,o tornar presente,o presentificar tem uma certa substância,ainda que seja uma acontecência,um fato inserido no tempo.A única questão é se Heidegger concordaria.
Mas existe a memória que fundamenta  a identidade,a vivência ,fatores subjetivos,construídos na relação (presentificada)com o mundo).

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