Série Filosofia
A Metafísica é uma ilusão e sempre o foi.Todo
mundo sabe como se constitui esta palavra:” Metà”” além de e “ Physis” tudo o que existe.Designa a
linguagem, o logos, que explica a Physis.Mas é aí que entra o problema.A
metafísica se identifica com a razão que se adequa a esta physis e a explica.
esde os gregos esta concepção busca um modelo explicativo racional e
universal para a physis.Isto é
possível?Para mim o racionalismo clássico,a metafísica, é em grande parte
cristalizada na figura de Euclides e sua Geometria(plana).
A geometria Plana é como um modelo formal
fechado que supostamente explica as relações entre todos os elementos do
espaço.Não tenho como demonstrar isto,mas todos conhecemos a postura pitagórica,depois
platônica, de entender o mundo pela geometria ,dentro desta perspectiva fechada.Mas
sabemos que quando Pitágoras descobriu os irracionais,os escondeu porque queria
salvar este “ fechamento”,essencial para o projeto que estava(e está)por trás desta
concepção,deste nascimento da Metafísica:o de poder absoluto,imóvel, sobre a
sociedade.
Desde os gregos(mas mesmo antes,em outros
povos)as cidades buscavam sempre um modelo que conformasse o comportamento dos
cidadãos.
A predominância do politeísmo gerava deuses voluntariosos,que não serviam aos
propósitos de organização da cidade.Quem não se lembra do episódio egípcio de Akenaton,o culto do deus sol,que é
tido como inicio do monoteísmo?
As sociedades arcaicas,quer dizer,anteriores ao
século XVIII,que inaugura a era das sociedades industriais modernas,isto
é,móveis,auto-fundamentativas ,sempre buscaram um modelo definitivo e neste
aspecto a metafísica cumpre um papel
fundamental,mas inócuo.
Inócuo porque ,desde a descoberta pitagórica
dos irracionais,anti-eticamente ocultada,que se sabe que a physis não pode ser
apreendida por um modelo fechado,definitivo,ideal,imóvel.E ao longo da História
a geometria não-euclidiana,do espaço curvo e (provavelmente)aberto ,provou as
suas limitações ,no afã de querer adequar o logos à physis,de maneira total.
Pelo menos a sua infinitude(da physis) é
admissível e isto já é suficiente para inquinar a metafísica,a “ razão pura”,
de fracassada ,mesmo na sua época áurea.
Os sistemas filosóficos,portanto,são
impossíveis.Muitos me acusariam de pretensiosamente invalidar filósofos
inteiros,de Descartes até Hegel,mas o que sustenta a metafísica moderna é a
ciência moderna,que repropõe a physis,como natureza ,e possibilita novos “
sistemas”.Não á à toa que Descartes surge juntamente com as conquistas de
Galileu,Kepler e Copérnico e as suas dúvidas revelam as dificuldades
permanentes ,desde o mundo antigo,em relacionar de modo perfeito o logos com a
physis,onde está supostamente,Deus, o primeiro princípio,o inicio de tudo.
É por isto que eu nunca confiei na categoria
luckacsiana de totalidade(tirada de Hegel),síntese das múltiplas determinações(dialéticas).
Esta concepção passou para Marx,em “O Capital”,criando
um sistema lógico(-dialético)discutível.Talvez por isso Benedeto Croce tenha
chamado Marx de “ também metafísico”.
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