domingo, 29 de outubro de 2017

Miséria da Metafísica

Série Filosofia



A Metafísica é uma ilusão e sempre o foi.Todo mundo sabe como se constitui esta palavra:” Metà”” além de  e “ Physis” tudo o que existe.Designa a linguagem, o logos, que explica a Physis.Mas é aí que entra o problema.A metafísica se identifica com a razão que se adequa a esta physis e a explica.
esde os gregos esta concepção busca um modelo explicativo racional e universal  para a physis.Isto é possível?Para mim o racionalismo clássico,a metafísica, é em grande parte cristalizada na figura de Euclides e sua Geometria(plana).


 


A geometria Plana é como um modelo formal fechado que supostamente explica as relações entre todos os elementos do espaço.Não tenho como demonstrar isto,mas todos conhecemos a postura pitagórica,depois platônica, de entender o mundo pela geometria ,dentro desta perspectiva fechada.Mas sabemos que quando Pitágoras descobriu os irracionais,os escondeu porque queria salvar este “ fechamento”,essencial para o projeto  que estava(e está)por trás desta concepção,deste nascimento da Metafísica:o de poder absoluto,imóvel, sobre a sociedade.
Desde os gregos(mas mesmo antes,em outros povos)as cidades buscavam sempre um modelo que conformasse o comportamento dos cidadãos.
A predominância do politeísmo gerava  deuses voluntariosos,que não serviam aos propósitos de organização da cidade.Quem não se lembra do episódio  egípcio de Akenaton,o culto do deus sol,que é tido como inicio do monoteísmo?
As sociedades arcaicas,quer dizer,anteriores ao século XVIII,que inaugura a era das sociedades industriais modernas,isto é,móveis,auto-fundamentativas ,sempre buscaram um modelo definitivo e neste aspecto a metafísica  cumpre um papel fundamental,mas inócuo.
Inócuo porque ,desde a descoberta pitagórica dos irracionais,anti-eticamente ocultada,que se sabe que a physis não pode ser apreendida por um modelo fechado,definitivo,ideal,imóvel.E ao longo da História a geometria não-euclidiana,do espaço curvo e (provavelmente)aberto ,provou as suas limitações ,no afã de querer adequar o logos à physis,de maneira total.
Pelo menos a sua infinitude(da physis) é admissível e isto já é suficiente para inquinar a metafísica,a “ razão pura”, de fracassada ,mesmo na sua época áurea.
Os sistemas filosóficos,portanto,são impossíveis.Muitos me acusariam de pretensiosamente invalidar filósofos inteiros,de Descartes até Hegel,mas o que sustenta a metafísica moderna é a ciência moderna,que repropõe a physis,como natureza ,e possibilita novos “ sistemas”.Não á à toa que Descartes surge juntamente com as conquistas de Galileu,Kepler e Copérnico e as suas dúvidas revelam as dificuldades permanentes ,desde o mundo antigo,em relacionar de modo perfeito o logos com a physis,onde está supostamente,Deus, o primeiro princípio,o inicio de tudo.
É por isto que eu nunca confiei na categoria luckacsiana de totalidade(tirada de Hegel),síntese das múltiplas determinações(dialéticas).



Esta concepção passou para Marx,em “O Capital”,criando um sistema lógico(-dialético)discutível.Talvez por isso Benedeto Croce tenha chamado Marx de “ também metafísico”.



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