segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Heidegger e a morte II



Quando se fala na ideologia do progresso,que o progresso quantitativo da humanidade a levaria para o caminho do bem,pensa-se logo em Hitler e o nazismo,que provaram que o fato de uma sociedade ser altamente evoluída em termos materiais,não significa o bem.
O mesmo se pode dizer da  questão da morte.O que define a pessoa,o homem não é o seu conhecimento acumulado,mas a sua racionalidade endereçada na luta pelo bem.Contudo nós vemos ,citando Freud e com os conhecimentos que temos adquirido nos últimos anos e séculos,que a condição do mal e do bem na vida deriva do tempo,das circunstâncias vividas no tempo,e o tempo tem um limite,que é a morte.
A consciência da morte é o fundamento da responsabilidade e o fundamento do tempo e do seu uso responsável,da sua vivência responsável.Se não tivéssemos esta consciência não teria importância o fazer algo,principalmente para nós.O nosso existir poderia ser levado na flauta e só agiríamos por pressão do meio,por pressão do tempo.
Esta irresponsabilidade já ocorre de um certo modo,em atitudes conscientes ou não que tomamos ou deixamos de tomar:a contemplação do mundo,o diletantismo ,a violência,entre outros,são comportamentos que podem até se tornar patológicos ,tal a possibilidade de irresponsabilismo que eles encerram.
Se a questão do bem,do bem para o homem,que quer se fortalecer diante de uma sociedade tecnológica que já impõe a ele comportamentos inautênticos,é fundamental em Heidegger,é porque a concepção do tempo,por causa dele, mudou.
Muitas filosofias trabalharam a noção do tempo,e nenhuma delas há de ser previamente descartada,pois o modo de ver o tempo depende da subjetividade psicológica,mas em Heidegger o tempo passa a ser real,uma vez que está inserido numa experiência humana.
Como dissemos antes, ainda que cada individuo não tenha esta experiência(da morte) ela o é,no âmbito da coletividade humana.
A não experiência da morte nos remete para aquele que está só,nasceu só e não viu ninguém morrer,ou não lhe foi ensinado este fato.Mas isto é pior do que uma robinsonada.
Imaginemos um último neandertal que sozinho morresse?Ele é um animal ou já é um homem?Uma das formas de identificar o nascimento do ser humano é esta experiência,que não faz parte da animalidade.O saber que vai morrer.
O animal não procura o bem e o mal,não se opõe às circunstâncias objetivas,mas o problema proposto por Heidegger é este e o tempo é a condição real ,o meio de empreender esta “ luta”,no sentido de que ele não está pré-dado e nele,dentro de uma premissa subjetiva razoável,tudo cabe,o amor a Deus,a lembrança do sofrimento e a busca da felicidade(e dentro dela, do prazer).
A pergunta do que é ser bom ,em Heidegger ,no entanto,se imbrica com ser forte,com ser capaz de enfrentar o mundo e não sucumbir a ele,como acontecera (quase)na primeira guerra.
Se de um lado o tempo ajuda,de outro,falta algo na relação do Ser e do tempo:o valor.Como se pode estabelecer uma relação entre o valor(o ser bom)e o tempo?

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