Quando se fala na ideologia do progresso,que o
progresso quantitativo da humanidade a levaria para o caminho do bem,pensa-se
logo em Hitler e o nazismo,que provaram que o fato de uma sociedade ser
altamente evoluída em termos materiais,não significa o bem.
O mesmo se pode dizer da questão da morte.O que define a pessoa,o
homem não é o seu conhecimento acumulado,mas a sua racionalidade endereçada na
luta pelo bem.Contudo nós vemos ,citando Freud e com os conhecimentos que temos
adquirido nos últimos anos e séculos,que a condição do mal e do bem na vida
deriva do tempo,das circunstâncias vividas no tempo,e o tempo tem um limite,que
é a morte.
A consciência da morte é o fundamento da
responsabilidade e o fundamento do tempo e do seu uso responsável,da sua
vivência responsável.Se não tivéssemos esta consciência não teria importância o
fazer algo,principalmente para nós.O nosso existir poderia ser levado na flauta
e só agiríamos por pressão do meio,por pressão do tempo.
Esta irresponsabilidade já ocorre de um certo modo,em
atitudes conscientes ou não que tomamos ou deixamos de tomar:a contemplação do
mundo,o diletantismo ,a violência,entre outros,são comportamentos que podem até
se tornar patológicos ,tal a possibilidade de irresponsabilismo que eles
encerram.
Se a questão do bem,do bem para o homem,que quer se
fortalecer diante de uma sociedade tecnológica que já impõe a ele comportamentos
inautênticos,é fundamental em Heidegger,é porque a concepção do tempo,por causa
dele, mudou.
Muitas filosofias trabalharam a noção do tempo,e
nenhuma delas há de ser previamente descartada,pois o modo de ver o tempo
depende da subjetividade psicológica,mas em Heidegger o tempo passa a ser
real,uma vez que está inserido numa experiência humana.
Como dissemos antes, ainda que cada individuo não
tenha esta experiência(da morte) ela o é,no âmbito da coletividade humana.
A não experiência da morte nos remete para aquele que
está só,nasceu só e não viu ninguém morrer,ou não lhe foi ensinado este
fato.Mas isto é pior do que uma robinsonada.
Imaginemos um último neandertal que sozinho
morresse?Ele é um animal ou já é um homem?Uma das formas de identificar o nascimento
do ser humano é esta experiência,que não faz parte da animalidade.O saber que
vai morrer.
O animal não procura o bem e o mal,não se opõe às
circunstâncias objetivas,mas o problema proposto por Heidegger é este e o tempo
é a condição real ,o meio de empreender esta “ luta”,no sentido de que ele não
está pré-dado e nele,dentro de uma premissa subjetiva razoável,tudo cabe,o amor
a Deus,a lembrança do sofrimento e a busca da felicidade(e dentro dela, do
prazer).
A pergunta do que é ser bom ,em Heidegger ,no
entanto,se imbrica com ser forte,com ser capaz de enfrentar o mundo e não
sucumbir a ele,como acontecera (quase)na primeira guerra.
Se de um lado o tempo ajuda,de outro,falta algo na
relação do Ser e do tempo:o valor.Como se pode estabelecer uma relação entre o
valor(o ser bom)e o tempo?
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