sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Os sistemas de Nietszche


Série Filosofia



Desde que estudei mais a obra de Nietszche, na UERJ,no curso de especialização ,sempre achei que havia contradições em seu “ sistema”.Na época ainda me atiçava a mente o fato dele defender a “ vontade de poder”,que teria sido a base da relação de sua filosofia com o nazismo.
Os meus professores na ocasião me corrigiram,dizendo que Nietszche se referia sempre à “ vontade de potência”,afirmação da perspectiva(dir-se-ia individual [termo impreciso]{não muito presente nele}) e isto é uma verdade.
Contudo o termo “ vontade de poder” também está presente em “ A genealogia da moral”,numa flagrante contradição com o outro.A coragem para vir aqui e “ denunciar” esta contradição veio da leitura de Eugen Fink,” O pensamento de Niesztche” onde ele mostra outras possibilidades de sistemas no filósofo.
E não é só isso:frases e mais frases de Niezstche guardam pouca concordância umas com as outras.Algumas idéias parecem defender o direito de uma perspectiva ética ,para além do rebanho, e outras ,o sentido oposto de criar uma nova aristocracia!
Eu tenho sido muito crítico com Lukács na abordagem que ele faz de Niesztche,mas este apego à aristocracia casa bem com a aristocracia Juncker na Alemanha que realizou a unificação.O “ ferro,sangue e lágrimas” de Bismarck, associado a uma conduta pessoal, parece mesmo compor bem com o clima nacionalista da época.
O filósofo parecia ter uma descompensação emocional,por falta de reconhecimento(“há homens que nascem póstumos”[numa postura muito parecida com a de seu escritor favorito Stendhal])e por isto buscava nesta atitude individualista uma forma de afirmação,a ser reconhecida pelos outros.
Até ao momento em que a perspectiva subjetiva tem realidade,isto é,verdade,tudo é admissível,mas como tenho dito ser dissociado do resto é impossível e não há porque não preferir a “ moral crítica de Marx” ao amoralismo de Nietszche .

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