quarta-feira, 4 de julho de 2018

Aprofundamentos sobre o que eu disse no artigo anterior


Faltou algum aprofundamento,mais concreto,para o que eu disse acima.O que eu disse é que passou o tempo de se reconhecer o papel específico do intelectual.A busca do conhecimento perdeu sentido num tempo em que a competição pela sobrevivência tomou de assalto a consciência humana cotidiana,como nunca.
Isto sem falar nas “ exigências” do mainstream,na senda lucro puro e simples.Nelson Rodrigues ,há muito tempo,já havia  feito observações semelhantes a esta,mas sem considerar propriamente o mercado.
Ele dizia que a nossa época,” revolucionária”,se preocupava em agradar à massa,à “ todo mundo”,sem se preocupar com a qualidade,o fundamento e,sobretudo,com a  liberdade de escolha,que condicionam as realizações.”Se fosse hoje” dizia Nelson ”Michelângelo teria que perguntar ao povo qual seria a melhor maneira de esculpir o Davi...”,de modo(digo eu)a ser reconhecido por todos.
Eu aduzo a estes comentários de 50 anos,as mediações citadas do mercado e da mídia que consagram o que estava no pensamento de Nelson:a era da demagogia chegou.A “ Revolução dos imbecis” chegara e ele acusava a todos,inclusive e primacialmente a esquerda e os comunistas.
Mas eu digo que é um traço trágico de nosso tempo.E que tem a sua manifestação específica no plano intelectual no modo que expliquei no artigo passado.
Neste plano se o intelectual não tiver uma importância para alguém ele não é visto,não é reconhecido.O conteúdo  que ele apresenta não é examinado,de plano.
É como,guardadas as devidas diferenças,aquele maluco que escreve nos muros da cidade:”quem não aparece na televisão não é visto(como ele[maluco{digo eu}])”.Poderia ele pensar que o mérito seria  a alternativa para este desconhecimento proposital daquele que não se “ encaixa”,mas esta alternativa também já foi detonada e destruída,só restando pó.
Ninguém procura conhecer ou ver o que uma pessoa oferece se ela não tem uma repercussão ,como se isto fosse prova da sua importância.
Ainda existem pessoas que conseguem produzir algo que atende aos interesses legítimos da sociedade,mas na maioria esmagadora, o pacto é simples:não importa o que você faz ,eu lhe dou publicidade se você me oferecer alguma coisa em termos políticos,de mainstream ou de mercado,coisas que têm a capacidade de reproduzir os esquemas(corporativos)de poder,seja pela política ou pelo mercado.Se tem importância real corta.Se o conteúdo é valido corta.
Muitos vão me objetar que não há tempo para isto.Que o sistema político representativo implica numa certa seleção e que sobreviver no mercado,legitimamente não pode ser criticado.Tudo isto é certo,mas o referido sistema representativo não está mais expressando os interesses populares.O voto,o tributo ,não estão fazendo mais diferença,exatamente por causa das tendências discorridas acima.E na outra ponta cada vez mais ficamos dependentes do dinheiro e não ele de nós.
No passado já era assim,mas tudo amplificou,tudo proliferou.E o retorno à democracia de mérito é uma das necessárias mudanças para transformar esta mixórdia.
Neste meu trabalho de pesquisador ,nas redes,eu reinvindico,como já falei,atenção aos meus conteúdos,exatamente no caminho desta transformação,antes que o mundo acabe em ruínas.Não havendo justiça nas corporações o cidadão individualizado,como eu e tantos outros,tem que levantar a cabeça e exigir ser ouvido e lido.
Mas as redes,como espelho da sociedade,reproduzem o seu reflexo.Num sentido muito pior de consagrar a futilidade,a perda de tempo,a exposição da intimidade,deixando de lado a contribuição real,pela primeira vez,acessível ao povo,o qual,penso eu,deveria aproveitar esta oportunidade de liberdade,para crescer.Em vez de xingamentos,o aprendizado,em vez da balada,o aprendizado da política,em vez da intimidade,o aprendizado do público,da república.
Dizia também um homem de direita como Gerardo Mello Mourão(ex-integralista):”só o pensamento pelo pensamento,o pensamento puro constrói a História”(entrevista na TV Senado).E eu aduzo,” só o pensamento livre produz sentido”.

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