segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Lukacs e o problema nacional

 

Quando da Copa do mundo de 74,a Polônia reapareceu para o mundo com um time muito bom,em que despontavam Lato e Deina.Eu era comunista aos 12 anos e defendia a ética destes jogadores,pensando que o que acontecia lá no país deles era uma evolução a favor do socialismo.Não eram jogadores profissionais,mas operários predominantemente ,que viviam deste trabalho produtivo e não do futebol,mera diversão.

Quatro anos depois,eu tinha 16 anos e entrei no segundo grau e fiquei chocado que aqueles mesmos poloneses evoluídos fizessem uma greve contra o governo comunista.

Não havia de forma alguma evolução no sentido do socialismo,mas um falsa impressão,vendida pelos comunistas e não consentânea com a realidade.

Se o leitor acompanhou o meu artigo anterior vai ver que não houve a prevista desalienação do trabalhador sob o regime de orientação comunista.O operário polonês continuou católico,reproduzindo a “forma alienada de consciência social” e a usando para vencer seus governantes ilegitimos.

Mas diferentemente do que falei no artigo anterior aqui se trata do problema da nação,do comprometimento deste trabalhador e de outros no leste europeu (húngaros)com a nação.

Ainda me lembro de muito comunista se lamentando diante da classe operária abrindo mão do seu direito ao socialismo em favor do conceito burguês de nação,onde exploradores e explorados vivem numa falsa igualdade.

A afirmação de Marx ,seguida por Lukacs,de que “ a classe operária não tem pátria” caiu por terra(alguns radicais do Brasil aí tinham que entender).

O puro reconhecimento das necessidades da classe principal e decisiva não elimina os outros setores de classe,as outras necessidades,culturais,identificadas erradamente com a classe média, mas que faziam parte também dos desejos dos operários,o que não se coadunava com o regime totalitário.

Logicamente muitas explicações para relativizar estas conclusões foram feitas:sabotagem externa;má condução das lideranças;traição da classe operária.mas quando o regime estava de pé a vitória da desalienação era tida como eterna ,num assomo de verdade religiosa no socialismo,que não se sustentou.



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