segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Massacrados de todos os países uni-vos IV

 

Porque trato deste tema

Na medida em que ,como tantos,pago impostos,trabalho,me sinto no direito de protestar em nome de quem está excluído e sofrendo.Em vista de o pobre hoje ser mais militante fica dificil ter uma proximidade com ele,mas o que me motivou a esta proto-literatura foi outra coisa:recuperar este sentido de compaixão,sem choradeira.

Nós vivemos numa época (pós e a partir de Nietzsche)em que tudo o que acontece deve exigir de nós capacidade de luta,de resposta.Tudo o que atrapalha este modo de agir é coisa de fresco,de chorão,que não sabe o que fazer.

Eu não matei Joanna D´arc é o mote para inquinar esta choradeira do que ela é:choradeira.Porque chorar pelas inúmeras pessoas injustiçadas e sofridas ao longo do tempo e da história?

A minha resposta a esta pergunta é que não só porque o sofrimento continua,mas porque mesmo se vivessemos no pais de cocagne,é preciso lembrar de como chegamos nele depois de tantas injustiças.

Aprendi com Dostoievski que o passado condena.Não há ruptura entre o passado e o presente e daí para o futuro.Não há porque estabelecer uma ruptura no pensamento humano.A lembrança do sofrimento,a sua rememoração evita os verdadeiros demônios da humanidade,os previne:indiferentismo,desconsideração com o outro,falta de compaixão com os limites da humanidade.

O culto do sofrimento é perigoso,deixa traumas,mas a sua lembrança na hora do reconhecimento dos limites é essencial para que estes não sejam ultrapassados.Neste sentido lembrá-los,como São Paulo recomenda aos corintios quanto ao sofrimento de cristo,é uma forma de evitar que eles traumatizem,porque não são reais e simultâneamente para evitar o esquecimento que pode reviver o sofrimento.

A ruptura do experiência humana,o esquecimento do passado é de todo jeito uma possibilidade de repetição de erros e violências ,como disse George Santayanna e até certo ponto Dostoievski.A ruptura é psicopática.

É psicopática e elimina a discussão sobre a reponsabilidade de quem se beneficia daquilo que está errado,daquilo que foi errado.Este conceito vai ser retomado em outros artigos.



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