sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Pluralidade da dialética

 

Quando eu lecionava nas universidades particulares do Rio de Janeiro sempre que mencionava a dialética havia uma grande curiosidade.

E é assim até aos dias de hoje,para quem não conhece todos os descaminhos da dialética ,de Hegel ,do inicio do século XIX,até o fim do comunismo,que,para muitos a sepultou.

Nada destas últimas afirmações é verdade absoluta:a dialética mudou,mas não acabou.O que acabou foi aquela concepção monista dando conta de que o princípio do movimento se funda nas suas leis universais.Predomina hoje a visão de Sartre para quem ela é produto da consciência.

Mas mesmo esta contribuição de Sartre não é só dele,mas possui antecipações de um século ou mais.

A dialética existe desde Platão e ela apresenta múltiplas formas ao longo da história.A visão de Sartre tem como antecipador Proudhon,que retirou o seu modo de ver,das antinomias da razão de Kant e sua “ Crítica da Razão Pura”,tido como o fundamento de Sartre em sua “ Crítica da Razão Dialética”.

Este mesmo Kant que tantas vezes foi trazido aos debates para fundamentar o fim da dialética ou a sua inexistência desde o inicio,possui uma dialética oposicional,antinômica.

Georges Gurvitch falando sobre esta figura chave de Proudhon,cita as seguintes formas de dialética,propostas por diversos autores:

A dialética em Platão;a dialética em Plotino,um neo-platônico;a dialética mistica negativa;a dialética da negação radical de Kant;a dialética de Fichte;a dialética de Hegel;a de Proudhon;de Marx e de Sartre.

Eu,no entanto,acrecento Schelling,baseado em Garaudy,que mostra ser ele o antecessor imediato de Hegel.

Então a visão de que a dialética da natureza,provinda de Marx e Engels,é a “ dialética científica”,não procede.

Analisaremos estas dialéticas me artigos próximos.



Nenhum comentário:

Postar um comentário