Platão
Continuando as reflexões começadas no artigo sobre Hegel,há que se dizer que aquilo que se considera como dialética começou nos antigos gregos e entre eles Platão.
Certa
feita quando eu estudava filosofia na uerj perguntei a um professor
se as oposições construidas no seu esquema ascético eram uma
dialética e ele demonstrou uma certa irritação para me dizer que
não.
Mas no meu entender ele só entendia como dialética(hoje eu
sei que era assim)o que Hegel e Marx diziam ser.
Com os artigos que tenho posto à disposição de todos fica claro que sempre houve uma discussão em torno desta concepção hegeliano/marxista da dialética.
Remontando a Proudhon,a Kant ,nós vemos que a dialética pode ser vista por uma relação entre termos opostos e que ela é produzida pela subjetividade humana.Não é que uma coisa é outra.Não é que ela seja ela e a outra.dois termos diferentes se opõem.A integração entre estes dois termos se dá pela experiência,pela prática,pela linguagem e muitas outras formas(sensibilidade),mas não por esta suposta “ mistura”.
Platão fez uma afirmação famosa depois que concebeu o seu esquema ascético:segundo ele ,teve que cometer um “ parricidio” em relação à Parmênides,o pai da identidade,para colocar dois termos opostos assim.
Mas nós diriamos:uma oposição no discurso,confirmando avant la lettre as assertivas acima sobre a dialética como é modernamente considerada.
O que sobrevive da identidade parmenidica em Platão é a barreira entre o pensamento racional e a sensibilidade.Platão rejeita o conhecimento sensível como falso e adota o racional como único verdadeiro,capaz de descobrir a harmonia real do universo.
O cristianismo é que rompeu com esta barreira ,tornando o conhecimento sensível como parte do conhecimento e isto confirma aquilo que eu disse no artigo sobre Hegel:quanto mais se retroage no pensamento cristão mais e mais se percebe que muitas noções e muitos conceitos estavam nele, ab ovo. Este é um deles e antecipa ,in limine, o pensamento de Kant.
Então em termos potenciais esta oposição no discurso ,não propriamente reconhecida por Platão e contra ele ,é o inicio da dialética como nós entendemos hoje.
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