quinta-feira, 14 de abril de 2022

A questão das causas em Aristóteles

 

Hoje sabemos que as causas são uma categoria própria da ciência,mas para Aristóteles o principio de todo o discurso e a causa são a mesma coisa.Este trabalho que eu faço aqui é para mostrar como o conhecimento se modifica,não é absoluto e a autoridade intelectual nem sempre acerta,sendo em grande parte condicionada pro sua época.

Não se trata de repetir os erros grosseiros do cientificismo do século XIX,em suas várias versões.Para elas os erros dos filósofos antigos e da metafísica são irrecuperáveis,diante da “ vitória” definitiva da ciência,que apura as causas.

Mas sobrevive o pensamento da metafísica de muitas maneiras,não como sistema,mas repositório de ideias recuperáveis.

O principio do discurso ,do logos,que Aristóteles considerava como causa sobrevive da mesma forma que o principio de Tales de que “ tudo é água” sobrevive como principio.

Os outros principios ,de Anaximandro,Anaximes,acrescentam alguma coisa,alguma qualidade,alguma essência do Ser.

Para Aristóteles o principio é o do discurso explicativo e lógico.Mas ele estrutura este discurso como adequação com o real.

Mais abaixo nós já adiantamos uma problemática conhecida de Aristóteles,que dá conta de que só o conhecimento racional é legitimo e fundamenta a liberdade.O problema não é a distinção entre conhecimento empirico e racional,mas que esta distinção fundamenta a escravidão.

Como estas leituras não são especificamente aquilo que se conhece e se sabe das limitações do stagirita,o que pretendo aqui é fazer duas coisas (talvez outras apareçam depois...):comparar Aristóteles com Kant e verificar os limites da metafísica.Um deles já foi colocado,que é a fundamentação da escravidão,mas de certa maneira a diferença entre racionalidade e empiria é uma outra limitação.

A metafísica se impõe até ao século XVIII como sistema fechado,processo lógico,discurso fechado e sistemático ,mas esta verdade” é condicionada pelas limitações de época,o pouco conhecimento que se tem do mundo,por causa do pequeno desenvolvimento da ciência e também pelo descaso que o ser humano dava a outras formas de saber.

A tendência dos gregos,do IV século,era o de valorizar os sentimentos,as emoções e o trabalho,pelo crescimento cada vez maior dos deuses Dionisos e Hefaistos,mas a presença de Alexandre ,que misturou os gregos com os persas acabou com esta “evolução”.

Já que falei em Dionisos,lembrei-me de Nietzsche inquinando de erro toda a metafísica passada ,” só” dois mil anos!!!Como é isso?Então o que significou este passado?Todo passado,por mais cheio de conteúdos é uma mera ilusão?No meio de tanta ilusão,o que fica?O que fica do passado e da metafísica?


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