Nem bem eu acabo de escrever o artigo sobre Freud como
aconselhador e já próceres aí da midia apareceram na minha linha do facebook
para me criticar(sem falar diretamente,naturalmente).Não vou citar os nomes,mas
eles estão lá.
Notem bem,meus criticos,com pós-doutorado:o que eu
disse nos meus artigos e naquele especificamente é que o problema da clinica
havia aparentemente sepultado Freud.E muita gente por aí,gente de nome,vê esta
questão como resolvida.
A neurose em épocas passadas ,causava inumeros
disturbios.Após as descobertas e o trabalho clinico de Freud isto tudo amenizou
um pouco,quanto mais a psicanálise se disseminava.
Neste sentido muitos intelectuais decretaram o fim de
Freud,porque as verdades que ele descortinara não eram mais importantes:o ser
humano,mais dotado de massa crítica ,no cotidiano,cada vez mais aparentemente
se desligaram de Freud,como terapeuta e/ou médico,restando algumas discussões
intelectuais.
Mas o papel de Freud é fundamental na história do
pensamento humano,porque ele libertou a subjetividade,tornando-a objeto
rigoroso de ciência e de técnica médica ou terapêutica.Além do mais,dentro
deste contexto,ficou claro que,diferentemente do que pensavam os antigos,o discurso
explicativo do homem não era e não é
“encaixado” no objeto,no mundo real.Ele está ao lado de muitos
pensadores,como Kant ,a escola pirrônica,que mostraram que o real é
insuficiente para a subjetividade,que ela segue o seu curso,muitas vezes ,autonomamente.Isto
por si só já o coloca como um dos grandes do pensamento humano.
Mas eu entendo que a clinica não está propriamente
morta,porque conceitos que Freud emitiu ,sobre a vivência por exemplo,são
passiveis de aplicação sobre pacientes neuróticos.
Tenho a impressão de que ao usar a expressão
aconselhamento estes pós-doutores entenderam que eu queria reduzir Freud a um
autor de auto-ajuda ou esoterismo de banca de jornal.Absolutamente.
Eu citei inclusive a figura de Maquiavel,o
aconselhador-mor da História para mostrar a dignidade deste propósito.Porque
Maquiavel,os seus conselhos ,são considerados clássicos e os conceitos,os
discernimentos da clinica freudiana são entendidos como auto-ajuda?
Quando uma pessoa,um professor,por exemplo ,usa a sua
epxeriência trazendo fatos de sua vida ou referenciais intelectuais ele não
está necessariamente exigindo que estes modelos sejam seguidos,como fazem os
livros de auto-ajuda,com exceções.É conhecido o conceito de que se conselho
fosse bom ele seria vendido,mas o problema não é este:ao longo da vida a
experiência humana se acumula e principalmente,com a mudança que ocorre no
mundo constantemente,uma geração mais antiga tem mais condições de apontar
certos valores,referências,conceitos para a geração seguinte.E na faina diária
do homem comum,que não acompanha o trabalho intelectual(sem que seja
obrigado)às vezes,num momento dificil,um referencial,um conceito,um
conselho,pode ajudar e ser decisivo.
Se nós observarmos,no entanto,os comentários de
Napoleão sobre o “Principe”nós vemos que ele reinterpreta certos conselhos e evolui.Quando um professor
,na sala de aula,passa informações aos
alunos,cada um os interpreta e aplica segundo a sua experiência própria,seus
desejos e valores.
Na clinica é assim também.Freud emitia um conceito
sobre a vivência,sobre a mudança que curava,segundo o qual quando não havia
mais para onde ir,ou seja, a subjetividade não tem mais caminhos a escolher, a
pessoa muda.
É aquilo que o verso do “maluco beleza” Raul Seixas
diz “este caminho que é tão fácil seguir,por não ter onde ir”,expressa muito
bem.
Foi isto que eu falei.Na clinica tal discussão tem
validade.Mas os intelectuais acadêmicos,com este nome passageiro,acham que as
discussões abstrusas que eles propõem é o que serve ,enquanto as necessidades
do homem comum,que Freud tanto analisou na ''Psicopatologia da vida
cotidiana”(foi ele quem trouxe o cotidiano para a história,para a ciência) são
vistas como algo abaixo deles.
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