quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Esclarecimentos sobre a minha proposta de Freud como aconselhador

 

Nem bem eu acabo de escrever o artigo sobre Freud como aconselhador e já próceres aí da midia apareceram na minha linha do facebook para me criticar(sem falar diretamente,naturalmente).Não vou citar os nomes,mas eles estão lá.

Notem bem,meus criticos,com pós-doutorado:o que eu disse nos meus artigos e naquele especificamente é que o problema da clinica havia aparentemente sepultado Freud.E muita gente por aí,gente de nome,vê esta questão como resolvida.

A neurose em épocas passadas ,causava inumeros disturbios.Após as descobertas e o trabalho clinico de Freud isto tudo amenizou um pouco,quanto mais a psicanálise se disseminava.

Neste sentido muitos intelectuais decretaram o fim de Freud,porque as verdades que ele descortinara não eram mais importantes:o ser humano,mais dotado de massa crítica ,no cotidiano,cada vez mais aparentemente se desligaram de Freud,como terapeuta e/ou médico,restando algumas discussões intelectuais.

Mas o papel de Freud é fundamental na história do pensamento humano,porque ele libertou a subjetividade,tornando-a objeto rigoroso de ciência e de técnica médica ou terapêutica.Além do mais,dentro deste contexto,ficou claro que,diferentemente do que pensavam os antigos,o discurso explicativo do homem não era e não é  “encaixado” no objeto,no mundo real.Ele está ao lado de muitos pensadores,como Kant ,a escola pirrônica,que mostraram que o real é insuficiente para a subjetividade,que ela segue o seu curso,muitas vezes ,autonomamente.Isto por si só já o coloca como um dos grandes do pensamento humano.

Mas eu entendo que a clinica não está propriamente morta,porque conceitos que Freud emitiu ,sobre a vivência por exemplo,são passiveis de aplicação sobre pacientes neuróticos.

Tenho a impressão de que ao usar a expressão aconselhamento estes pós-doutores entenderam que eu queria reduzir Freud a um autor de auto-ajuda ou esoterismo de banca de jornal.Absolutamente.

Eu citei inclusive a figura de Maquiavel,o aconselhador-mor da História para mostrar a dignidade deste propósito.Porque Maquiavel,os seus conselhos ,são considerados clássicos e os conceitos,os discernimentos da clinica freudiana são entendidos como auto-ajuda?

Quando uma pessoa,um professor,por exemplo ,usa a sua epxeriência trazendo fatos de sua vida ou referenciais intelectuais ele não está necessariamente exigindo que estes modelos sejam seguidos,como fazem os livros de auto-ajuda,com exceções.É conhecido o conceito de que se conselho fosse bom ele seria vendido,mas o problema não é este:ao longo da vida a experiência humana se acumula e principalmente,com a mudança que ocorre no mundo constantemente,uma geração mais antiga tem mais condições de apontar certos valores,referências,conceitos para a geração seguinte.E na faina diária do homem comum,que não acompanha o trabalho intelectual(sem que seja obrigado)às vezes,num momento dificil,um referencial,um conceito,um conselho,pode ajudar  e ser decisivo.

Se nós observarmos,no entanto,os comentários de Napoleão sobre o “Principe”nós vemos que ele reinterpreta  certos conselhos e evolui.Quando um professor ,na sala de aula,passa informações  aos alunos,cada um os interpreta e aplica segundo a sua experiência própria,seus desejos e valores.

Na clinica é assim também.Freud emitia um conceito sobre a vivência,sobre a mudança que curava,segundo o qual quando não havia mais para onde ir,ou seja, a subjetividade não tem mais caminhos a escolher, a pessoa muda.

É aquilo que o verso do “maluco beleza” Raul Seixas diz “este caminho que é tão fácil seguir,por não ter onde ir”,expressa muito bem.

Foi isto que eu falei.Na clinica tal discussão tem validade.Mas os intelectuais acadêmicos,com este nome passageiro,acham que as discussões abstrusas que eles propõem é o que serve ,enquanto as necessidades do homem comum,que Freud tanto analisou na ''Psicopatologia da vida cotidiana”(foi ele quem trouxe o cotidiano para a história,para a ciência) são vistas como algo abaixo deles.

 

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