Hitler, Stalin e Napoleão, figuras que marcaram a história pela ambição desmedida, possuem uma similitude frequentemente ignorada: eram estrangeiros no país que governaram. Adolf Hitler, nascido em Braunau am Inn, na Áustria, tornou-se o líder da Alemanha; Joseph Stalin, nascido em Gori, na Geórgia, assumiu o controle absoluto da União Soviética; Napoleão Bonaparte, nascido em Ajaccio, na Córsega, consolidou-se como imperador dos franceses. Este elemento de estrangeirismo não é detalhe biográfico isolado, mas componente importante de seu perfil de conquistadores.
Existem histórias romanescas de poetas ou figuras misteriosas,que chegam em cidades pequenas e açulam a curiosidade e o interesse de pessoas dentro delas.Estas pessoas,fora as mocinhas casadoiras,encontram neste “ estrangeiro”,um meio de saírem da repressão,de encontrarem uma fuga ou novas oportunidades
Foi o que se deu com estas três personagens:como estrangeiros eles não participavam do mainstream de cada país e fizeram alianças com grupos marginalizados ou oprimidos ou então com elites do país para construir um poder,naturalmente ditatorial em relação a outros setores da sociedade.
Ajuda neste périplo o fato de eles não serem notados ou considerados inicialmente como um perigo.Mas as circunstâncias se modificam e ajudam o dominio destes “ de fora”.
O caso de Napoleão é emblemático,porque ele era um aristocrata pobre que se aproveita da Revolução Francesa para subir,mas percebe no transcorrer dos fatos,que pode subir mais ainda e chegar ao topo.
Ele se alia aos setores corruptos da Revolução,oportunistas que diante da acefalia do período pós-jacobinos,tomam o poder,para reproduzir interesses somente.
Após conseguir um lugar ao sol neste contexto faz a mesma coisa que César fez em relação à Gália.
Faz uma promessa de invadir a Áustria e acabar com a contra-revolução,através da Itália ,para voltar como salvador da pátria.O projeto não dá certo ,mas é a base para o golpe de 1799.
Apesar deste fracasso e o do Egito,ele se lança como o fiel da balança militar de uma sociedade em desequilibrio e caminhando para uma outra acefalia.
Stalin ,como georgiano,era alguém à margem do poder.Os intelectuais do Partido Bolchevique o desprezavam por sua incapacidade teórica,o seu empirismo grosseiro.
Deram a ele um cargo meramente formal,de trabalho braçal,a secretaria geral,só para realizar uma triagem dos imensos problemas que se apresentavam diante do Partido.
Com este cargo Stalin tomou conta da administração,descortinando os seus meandros e se apossando dos instrumentos de governo,ajudado pela doença progressiva de Lênin,que o levou ,finalmente,à morte.
Mas o importante de Stalin é que ele reprimiu posteriormente e progressivamente os bolcheviques para se aliar a uma burocracia tradicional da Rússia.
Stalin,responsável pela proteção das nacionalidades,abandonou a sua,reprimiu o seu país em nome de um chauvinismo grã-russo,que perdura.
E finalmente,Hitler,tendo as mesmas facilidades dos outros dois,obteve apoio interno para proteger as classes altas do bolchevismo,como fizera Mussolini,na Itália e na Europa.
Usando argumentos raciais de direita logrou aceitação por parte destas classes.
Mas o elemento fundamental no caso dos três é o fato de eles não estarem no maisntream nacional e por isto puderam manobrar em direção a um poder absoluto.
As sociedades são governadas por um núcleo de poder que conforma a sociedade a seu bel-prazer,de acordo com seus interesses.
Mas existem grupos que querem sair desta “ conformação” e quando aparece alguém de forma,num periodo de crise ou de agitação politica ,a aliança com esta figura estrangeira,fora do nucleo funciona muito bem.
Às vezes,como vimos,a aliança é com o mainstream,mas nas revoluções se dá normalmente assim.
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