Eu ia manter o artigo anterior como suficiente para responder ao professor que veio no meu youtube,mas revirando a minha biblioteca digital descobri um texto muito bom de Luiz Antonio Moniz Bandeira “O sentido social e o contexto politico da guerra de Canudos”,onde,no segundo parágrafo,ele se refere ao “ comunismo cristão”.
A região de canudos fora ocupada ,em priscas eras,por indigenas,que tinham a terra como propriedade coletiva.Quando Conselheiro ,em 1893,fundou o Belo Monte,manteve esta característica.
Moniz Bandeira cita Euclides da Cunha:
“... a propriedade tornou-se-lhe uma forma exagerada de coletivismo tribal dos beduínos: a apropriação pessoal apenas dos objetos móveis e das casas, comunidade absoluta da terra, das pastagens, dos rebanhos e dos escassos produtos das culturas, cujos donos recebiam exígua quota parte, revertendo o resto para a companhia. Os recém-chegados entregavam ao Conselheiro noventa e nove por cento do que traziam, incluindo os santos destinados ao santuário comum. Reputavam-se felizes com a migalha restante.”
Este relato não é exato,não é bem assim,mas está próximo do igualitarismo cristão.Não s e contentavam com migalhas.Possuíam a propriedade das casas e dos instrumentos de trabalho,mas a terra era uma proporpiedade comunal e o principal da produção era entregue ao grupo ,para repetir os preceitos de São Paulo(São Paulo era comunista[aliás seu fundador]):
“Entre eles nenhum
necessitado havia, pois todos os que possuíam terrenos ou casas
vendiam-nas, traziam o produto da venda e depositavam-no ao pé do
Apóstolo. E a cada um era distribuído conforme a sua necessidade"
32.
Por este texto
Moniz Bandeira nós ficamos sabendo que Euclides comparava Canudos às
propostas utópicas de Fourier e Owen,em que não havia propriedade
sobre a terra.
E no século XVIII,ainda seguindo a narrativa de Moniz Bandeira,a experiência da República Guarani 33 repetia o modelo do comunismo cristão e das formas de organização indigenas,que não estavam presentes no Sul,mas em todo o Brasil,por motivos óbvios.
Vou fazer uma
análise disto no próximo artigo.